Dólar subiu, e eu com isso?
O dólar acumula uma valorização de mais de 16% desde o início do ano em relação ao real.
💵 O dólar subiu? Prepare-se para sentir os efeitos no seu bolso. A alta da moeda americana, que recentemente atingiu R$ 5,70, a maior cotação em mais de um ano, não impacta apenas grandes empresas e o cenário econômico geral. Na prática, essa oscilação tem consequências diretas, afetando desde o custo de produtos importados até a inflação.
Preço dos produtos importados pode aumentar
Em primeiro lugar, o preço do dólar frente ao real brasileiro influencia diretamente o custo de produtos importados. Desde eletrônicos até itens de luxo, passando por insumos industriais e até mesmo alimentos importados, todos sofrem variações de preço conforme a cotação da moeda estrangeira. Isso ocorre porque as empresas que trazem esses produtos precisam ajustar seus preços para compensar as variações cambiais e manter sua margem de lucro.
"Os produtos que forem importados vão ficar um pouco mais caros em real, porque evidentemente na transformação de dólar para real vai ser cobrada a taxa de $1 dólar mais elevado. Ao mesmo tempo podem faltar alguns produtos importantes na mesa das pessoas, porque, principalmente, o agronegócio, por exemplo, trabalha com o aumento da lucratividade das empresas e dos setores", explicou Pedro Afonso, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo.
💸 Segundo ele, as empresas concorrentes dos produtos importados "acham ótimo" que o dólar suba, algo que pode ser considerado um interesse a longo prazo. Já para Sidney Lima, analista da Ouro preto Investimentos, o aumento do preço dos importados pode pressionar a inflação.
"Os produtos importados ou que dependem de insumos importados ficam mais caros já que são comprados em dólar, isso acaba pressionando a inflação. No dia a dia, o dólar alto reduz o poder de compra das famílias, aumentando o custo de vida e tornando a economia mais desafiadora para as pessoas', disse.
Alto custo em viagens internacionais e dificuldade nos investimentos
Além disso, o dólar também impacta o custo de viagens internacionais. Aqueles que planejam uma escapada para o exterior precisam estar atentos à taxa de câmbio, pois uma valorização do dólar pode tornar a viagem mais cara, afetando desde passagens aéreas e hospedagem até as despesas diárias durante o período no exterior.
Por outro lado, essas flutuações do dólar também têm reflexos nos investimentos e podem, consequentemente, diminuir o crescimento econômico e as oportunidades de emprego e renda no Brasil.
🗣️ "A alta do dólar pressiona a inflação, que pode forçar o Banco Central a elevar a taxa de juros. Por consequência, juros mais altos encarecem o crédito, dificultando investimentos tanto para consumidores quanto para empresas. Isso pode resultar em menor crescimento econômico e, consequentemente, menores oportunidades de emprego e renda", analisou Lima.
Para ele, a volatilidade cambial pode gerar incertezas no mercado financeiro, desestimulando também os investimentos de longo prazo dado a incerteza de rentabilidade / retorno sobre o investimento. Vale citar que em recente relatório do Boletim Focus, os agentes do mercado financeiro elevaram mais uma vez a projeção de inflação para 2024, de 4,00% para 4,02%.
Por qual motivo o dólar não parava de subir?
Durante a última semana o dólar seguiu em trajetória ascendente, chamando atenção do mercado financeiro. Apesar de ter voltado para o patamar abaixo do R$ 5,70 nesta semana, diversos fatores, tanto internos quanto externos, contribuíram para alta da moeda americana na primeira semana de julho.
Na dinâmica atual, o dólar acaba subindo por conta de dois principais fatores: instabilidade política e econômica e déficit fiscal. "Incertezas internas, como crises políticas, críticas ao banco central e sua independência, podem aumentar a desconfiança dos investidores, levando à saída de capital do Brasil. Por outro lado, um elevado déficit fiscal e dívida pública acabam minando a confiança no real, pressionando o câmbio", explicou o especialista da Ouro preto Investimentos.
Na contramão, o presidente do Corecon-SP avaliou que as falas no presidente Lula não é bem o que impacta a flutuação do dólar, como é dito por alguns analistas do mercado. "Vão dizer que é o problema é o presidente Lula que fala e mexe com o mercado. Não é isso. O presidente Lula expressa sua opinião dentro da da análise política e social que ele faz. Não podemos conviver com dólar alto, não podemos conviver com juros altos", comentou.
Leia também: Dólar bate R$ 5,70: Três fatores que explicam a alta da moeda
No dia 2 de julho, o presidente afirmou que o real estaria sendo alvo de um ataque "especulativo" - acontece quando os investidores ganham dinheiro apostando na desvalorização de uma moeda - e, disse, que estava analisando o que o governo iria fazer a respeito. Dias depois, o dólar voltou a cair após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelar que o governo implementará um corte de R$ 35,9 bilhões em despesas obrigatórias e prometer o cumprimento do arcabouço fiscal.
Até o momento, o dólar acumulou uma valorização de mais de 16% desde o início do ano em relação ao real. No entanto, em junho, o mercado de ações brasileiro chegou a registrar uma queda de mais de 8% no ano, embora tenha apresentado uma leve recuperação desde então. Mas, vale lembrar que, em 2020, no governo Bolsonaro, o dólar chegou a bater R$ 5,9725.
O que esperar do governo e do Banco Central?
Essa recente escalada do dólar para R$ 5,70 trouxe novos desafios para o governo e o Banco Central brasileiro, exigindo uma resposta coordenada e estratégica para mitigar seus impactos na economia nacional. O ideal é uma atuação mais decisiva do governo e do Banco Central, como intervenções no mercado cambial para suavizar a volatilidade do dólar e possíveis ajustes nas taxas de juros, conforme explicaram os analistas.
"No lado do Banco Central, acredito que pode fazer Intervenções Cambiais, já que o Banco Central pode vender reservas internacionais ou usar swaps cambiais para fornecer liquidez ao mercado de câmbio e reduzir a pressão sobre o dólar", analisou Lima.
De acordo com o especialista da Ouro Preto, o governo também pode conter a fuga de capital estrangeiro e manter uma comunicação transparente. "O governo deve demonstrar uma clareza quanto ao compromisso do estado quanto a estabilidade fiscal principalmente relacionada ao déficit. Um outro grande ponto que tem sido sinalizado pelos investidores está relacionado à comunicação, já que manter uma comunicação clara com o mercado pode reduzir incertezas e especulações", afirmou.
Já para o Pedro Afonso, em agosto o brasileiro pode esperar novidades em resposta a alta da moeda americana. "A expectativa é que para o início de agosto tenhamos novidades. O governo e o banco central devem fazer primeiro uma análise da origem dessas motivações para a alta do dólar, conversar com os interlocutores e fazer com que eles percebam que não adianta elevar demais a taxa do dólar porque fica inviável para as pessoas que eventualmente dependem do dólar para as suas transações", explicou Gomes.
21 ações que pagarão mais dividendos em 2025, segundo BTG Pactual
Veja a lista de companhias brasileiras que podem garantir uma boa renda passiva
Renda fixa isenta de IR: FS Bio recompra CRAs pagando IPCA+ 11% ao ano
Crise no crédito de empresas do agronegócio faz taxas dispararem e preços dos títulos caírem na marcação a mercado
Renda fixa isenta de IR está entre as captações favoritas das empresas em 2024
Emissão de debêntures e mercado secundário de renda fixa batem recordes entre janeiro e setembro, diz Anbima
Agora é a renda fixa que fará B3 (B3SA3) pagar mais dividendos
Genial Investimentos aponta avenidas de crescimento e preço-alvo da dona da bolsa de valores brasileira
Selic a 10,75%: Quanto rende o seu dinheiro em LCA e LCI
Saiba como está a rentabilidade da renda fixa bancária isenta de imposto de renda
Petroleira paga taxa equivalente a IPCA+ 9,50% ao ano em debêntures isentas
BTG Pactual vê oportunidade em renda fixa isenta de imposto emitida por empresa que acaba de se fundir na bolsa brasileira
Quais tipos de renda fixa ganham e perdem com a eleição de Trump?
Renda fixa em dólar pode ganhar mais fôlego com juros futuros em alta. Aqui no Brasil, a preferência é por títulos pós-fixados
Tesouro Direto sobe mais de 1% em apenas 1 dia com agito das eleições nos EUA
Juros compostos caem e preços dos títulos saltam na marcação a mercado aqui no Brasil, com ligeira vantagem de Kamala Harris contra Donald Trump