Dólar acumula queda de mais de 11% em 2025 e tem o pior ano desde 2016

A moeda sofreu uma forte desvalorização em todo o mundo em 2025, em meio às oscilações da política tarifária dos EUA.

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Publicado em 30/12/2025 às 18:05h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 30/12/2025 às 18:05h Atualizado 1 minuto atrás por Matheus Silva
O dólar fechou o último pregão do ano com queda de -1,47%, cotado a R$ 5,48 (Imagem: Shutterstock)
O dólar fechou o último pregão do ano com queda de -1,47%, cotado a R$ 5,48 (Imagem: Shutterstock)
💰 O dólar encerrou 2025 com uma marca histórica, mas desta vez pelo seu fraco desempenho. A divisa norte-americana acumulou uma desvalorização de 11,18% frente ao real desde o início de janeiro, fechando o último pregão do ano cotada a R$ 5,48.
Trata-se do pior resultado anual para a moeda desde 2016, um movimento que não foi exclusivo do Brasil. O DXY, índice que compara o dólar com uma cesta de seis moedas fortes, como Euro e Iene, também amargou perdas superiores a 9% no período.
Para entender como saímos de um patamar de R$ 6,16 em janeiro para os valores atuais, é preciso olhar para a Casa Branca. O primeiro trimestre foi marcado pela forte expectativa em torno da política tarifária do presidente Donald Trump. 
Quando as tarifas de 10% sobre parceiros globais, e taxas extras de até 40% para casos específicos como o Brasil, foram de fato anunciadas em abril, o mercado reagiu com medo da "estagflação".

O efeito ‘boomerang’ das tarifas de Trump

O anúncio do "tarifaço" inicialmente valorizou o dólar, mas o efeito durou pouco. Investidores logo perceberam que taxas agressivas tendem a travar a atividade econômica ao mesmo tempo em que pressionam os preços ao consumidor.
Esse cenário estagflacionário fez com que grandes fundos globais reduzissem suas posições nos Estados Unidos, buscando diversificação em outros mercados.
No caso brasileiro, o alívio veio também pela diplomacia. Após negociações, a Casa Branca removeu taxas sobre produtos agrícolas e carnes brasileiras.
Segundo estrategistas do Itaú BBA, o Brasil foi um dos grandes beneficiados por esse fluxo de retorno, já que o mercado acionário local estava pequeno e o real já havia sofrido uma desvalorização excessiva nos anos anteriores, tornando-se uma "pechincha" para o investidor estrangeiro.

A vitória da Selic sobre os Treasuries

Outro fator determinante foi a postura do Federal Reserve (Fed). O banco central norte-americano iniciou um ciclo de afrouxamento monetário, realizando três cortes consecutivos nas taxas de juros a partir de setembro. 
Os juros nos EUA, que estavam na faixa de 4,25% a 4,50%, caíram para o patamar de 3,50% a 3,75% ao ano.
Quando os juros americanos caem, os rendimentos dos Treasuries tornam-se menos atrativos. Isso gera um "apetite por risco", fazendo o capital migrar para países com juros mais altos. 
Com a nossa taxa Selic mantida em 15% ao ano, o Brasil tornou-se um destino irresistível para o chamado carry trade, fortalecendo o real.

Volatilidade e Geopolítica

Apesar da trajetória de queda, o caminho não foi linear. As tensões persistentes no Oriente Médio e a falta de avanços concretos nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia trouxeram picos de volatilidade ao longo do ano. 
📈 Contudo, nem mesmo o cenário geopolítico conturbado foi capaz de frear a tendência de desvalorização da moeda americana diante do novo cenário macroeconômico global.