Crise na Argentina: Áudios revelam propina em compras de remédios pelo governo Milei
Karina Milei, irmã do presidente, é citada como uma das beneficiárias; risco-país dispara.

Uma série de áudios que não teve sua origem revelada coloca o governo de Javier Milei em uma de suas maiores crises. Um canal de streaming publicou mensagens em que o diretor da Andis (Agência Nacional para Pessoas com Deficiência) da Argentina, Diego Spagnuolo, detalha um esquema de propina ligado à compra de medicamentos.
Segundo o conteúdo, membros do governo cobravam entre 5% e 8% sobre os pedidos encomendados a empresas privadas. A irmã do presidente, Karina Milei, que também atua como secretária-geral da Presidência, aparece como suposta recebedora de 3% do dinheiro público desviado, o que representaria cerca de US$ 500 mil por mês.
Inicialmente, Spagnuolo negou ser o autor das gravações, mas depois admitiu ter enviado os áudios, nos quais cita integrantes da Casa Rosada.
O governo tentou fazer com que Diego renunciasse ao cargo que ocupava, mas, diante de sua resistência, foi decidida pela sua demissão. Além dele, Daniel Garbellini, diretor nacional de Acesso aos Serviços de Saúde da Andis, também foi exonerado, já que figura como um dos recebedores dos áudios.
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As investigações agora estão sob responsabilidade do Ministério Público, que já apreendeu celulares, computadores e outros documentos relacionados aos citados no caso. Entre os vários crimes que são investigados, o MP apura suborno, administração fraudulenta e violação à Lei de Ética Pública.
O governo federal ainda não emitiu uma nota oficial sobre o caso, nem o porta-voz saiu em defesa do governo. No entanto, em evento partidário nesta terça, Milei comentou o caso, dizendo que foi criado pela oposição que “ficou com raiva por estarmos roubando o roubo deles”, declarou, ao lado da irmã.
Uma das empresas mencionadas no caso é a drogaria Suizo Argentina, que declarou estar à disposição das autoridades para esclarecer os fatos. "Há mais de cem anos, a Suizo Argentina realiza suas atividades de forma integral, transparente, com responsabilidade social corporativa e de acordo com um rigoroso Código de Ética", diz nota da companhia.

Dólar sobe
Com os desdobramentos da crise que foi apelidada de “Karina Gate”, o mercado financeiro reagiu mal. A cotação do dólar oficial chegou a 1.370 pesos argentinos nesta terça-feira (26), bem perto da faixa superior máxima permitida pela estratégia monetária do país.
Somado a isso, as taxas de juros no país vizinho atingem os maiores percentuais dos últimos meses. Os bancos chegam a negociar títulos de dívida a 55% ao ano, bem distantes do teto de 30% que era visto até o começo deste mês de agosto.
Já o índice de risco-país subiu quase 15% desde a última sexta, para 829 pontos, alcançando a segunda maior pontuação, atrás apenas da Venezuela. Esse é o mesmo patamar visto no final do ano passado, quando os mercados globais registraram forte pressão depois da eleição de Donald Trump nos EUA.
O índice S&P Merval, que reúne as principais ações do país, até teve um dia de respiro, subindo 0,5%. No entanto, acumula mais de 12% de queda no acumulado de agosto, conforme dados da gestora.
Em ano eleitoral
O escândalo de propinas se desenrola dias antes das eleições de meio de mandato marcadas para acontecer entre setembro e outubro, dependendo da província. Parte dos deputados e senadores serão trocados, e o partido de Milei trabalha para ampliar sua presença no Parlamento, hoje bastante reduzida.
Ainda não há um consenso sobre qual será o impacto deste caso nas eleições, mas é certo de que isso deve contribuir para a decisão de muitos eleitores. É importante destacar que a Argentina vem apresentando números recordes de abstenções nos últimos pleitos, o que eleva a atenção dos candidatos a cargos públicos.
"Embora historicamente as denúncias de corrupção não tenham tido um efeito decisivo no resultado eleitoral, o contexto atual – marcado por altos níveis de eleitores indecisos – torna necessário não subestimá-lo", disse Juan Manuel Franco, economista-chefe do Grupo SBS.
Um estudo feito pela consultoria local Enter Comunicação mostrou que o caso gerou 1,7 milhão de menções nos últimos dias. Deste montante, 60% era negativo para o governo, sendo que postagens que citavam Karina Milei cresceram mais de 700% de uma semana para a outra.

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