Criptos de dólar desbancam o Bitcoin na carteira dos brasileiros; veja ranking
USDT e USDC receberam 71% de todos os valores aportados em cripto no Brasil no 1º semestre.
Os brasileiros movimentaram um volume recorde de criptomoedas no primeiro semestre de 2025, mas não foi o Bitcoin (Bitcoin) que garantiu esse feito.
🪙 Segundo dados da Receita Federal, as "criptos de dólar" responderam por 71% de todo o valor movimentado em reais nesse mercado.
Ao todo, os brasileiros transacionaram R$ 227,4 bilhões em criptomoedas no primeiro semestre de 2025.
E R$ 161,4 bilhões desse valor se referem apenas a operações envolvendo a Tether (USDT) e a USD Coin (USDC) -as maiores stablecoins atreladas ao dólar do mercado.
Já o Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, recebeu R$ 24,2 bilhões no período, segundo os dados da Receita Federal.
Alternativa ao dólar?
Não é de agora que os brasileiros têm apostado em stablecoins -moedas digitais que são vinculadas a um ativo estável, como o dólar, e, por isso, prometem menos volatilidade que criptomoedas como o Bitcoin.
📈 Contudo, os dados da Receita Federal mostram que os aportes nas "criptos de dólar" avançaram de forma significativa nos últimos meses. As transações com a Tether, por exemplo, já superam os R$ 20 bilhões por mês, no total.
Só em junho, a Tether movimentou US$ 26,1 bilhões, enquanto o Bitcoin recebeu R$ 3,7 bilhões e o Ethereum (ETH), R$ 1,2 bilhão.
Especialistas explicam que as stablecoins oferecem uma forma simples e barata de ter acesso ao dólar, seja para investir, fazer pagamentos ou remessas internacionais.
"Mais do que comprar dólar, as stablecoins são utilizadas como meio de pagamento -para fazer transferência entre partes ou do Brasil para o exterior, para a mesma pessoa", comentou o CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti.
O gerente de desenvolvimento de negócios da Bitfinex na América Latina, Will Hernandez, acrescentou que "esse volume recorde mostra que o investidor brasileiro está buscando proteção cambial e mais eficiência para movimentar recursos".
"As stablecoins ganharam protagonismo porque permitem acesso ao dólar sem passar pelo câmbio tradicional, com liquidação instantânea e taxas mais baixas do que bancos cobram. Além disso, podem ser negociadas 24 horas por dia", explicou Hernandez.
IOF impulsionou
💲 Além disso, o interesse dos brasileiros nas criptos de dólar só cresceu depois que o governo federal elevou para 3,5% a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações de câmbio, em maio.
"Na compra de stablecoins, o investidor paga apenas as taxas da plataforma, geralmente entre 0,25% e 1%, mas não é cobrado o IOF de 3,5% aplicado na compra de moeda estrangeira ou cartões internacionais", contou Hernandez.
"As pessoas estão buscando essa alternativa porque acabam economizando os 3,5%", confirmou Marcatti.
⚠️ Contudo, é preciso estar atento às demais exigências do mercado de criptomoedas ao fazer essa escolha.
"Quando você compra USDT e USDC em reais numa exchange brasileira, não é uma operação de câmbio formal, mas não elimina outras obrigações, como a tributação de ganhos de capital e o reporte mensal", observou o especialista da Valor investimentos, Virgílio Lage, lembrando que os investimentos em criptomoedas só estão isentos do IR (Imposto de Renda) quando somam até R$ 35 mil por mês.
Além disso, o crescente uso das stablecoins como uma forma de driblar o aumento do IOF gerou um debate jurídico sobre a eventual incidência do imposto nessas operações, segundo o especialista da Valor Investimentos. Por isso, ele diz que "não dá para presumir a isenção".
"Evite atalhos fiscais. Estruturar rotas só para pular o IOF pode gerar passivos tributários. Se o objetivo é comprar dólar, compare o custo total para ver se o stablecoin é melhor e faça tudo isso de forma declarada", recomendou Lage.
Stablecoin brasileira também está entre as mais negociadas
As stablecoins atreladas ao dólar não são as únicas a chamar a atenção dos brasileiros.
Segundo os dados da Receita Federal, a criptomoeda que tem como lastro o real -o Brazilian Digital Token (BRZ)- também está entre as criptos que mais movimentam recursos no Brasil.
Veja as 10 criptomoedas mais movimentadas no Brasil em junho:
- Tether (USDT): R$ 26.117 mi;
- Bitcoin (BTC): R$ 3.693 mi;
- USDC (USDC): R$ 1.655 mi;
- Ethereum (ETH): R$ 1.249 mi;
- Solana (SOL): R$ 364 mi;
- XRP (XRP): 240 mi;
- Aave (AAVE): R$ 141 mi;
- BRZ (BRZ): R$ 117 mi;
- Uniswap (UNI): R$ 111 mi;
- Chainlink (LINK): R$ 68 mi.
Em número de operações, o ranking é liderado pela USDC, seguida pelo Bitcoin e pela Tether.
USDT
Tether USDt$ 1,00
R$ 5,38
$ 183,36 Bilhões
0,01%
-0,02%
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