Copom deve elevar Selic para 14,25% nesta Super Quarta

Se confirmada, decisão vai levar a taxa básica de juros para o maior patamar em quase 9 anos.

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Publicado em 19/03/2025 às 06:15h - Atualizado 7 minutos atrás Publicado em 19/03/2025 às 06:15h Atualizado 7 minutos atrás por Marina Barbosa
Copom anuncia alta da Selic por volta das 18h30 (Imagem: Shutterstock)
Copom anuncia alta da Selic por volta das 18h30 (Imagem: Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) deve elevar a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano nesta quarta-feira (19).

📈 A nova alta de 1 ponto percentual da Selic deve levar os juros ao maior patamar desde agosto de 2016, o período de maior crise do governo de Dilma Rousseff (PT).

Ainda assim, o ajuste é consenso entre o mercado. Afinal, já foi encomendado pelo BC (Banco Central), por causa da "continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação".

A atenção dos analistas, portanto, está mais no comunicado, do que na decisão do Copom. A expectativa é de que, ao anunciar a nova alta dos juros, o comitê também dê pistas sobre os próximos movimentos da taxa Selic.

"A sinalização para a próxima reunião é o grande foco de atenção da reunião", ressaltou a Monte Bravo, em relatório.

Para onde vai a Selic?

🏦 A expectativa por um novo "forward guidance" se explica pelo fato de que, na reunião de janeiro, o Copom anteviu essa nova alta de 1 ponto percentual da Selic, mas deixou em aberto o que viria a partir de maio.

Segundo o último comunicado do comitê, os próximos ajustes dos juros vão depender "da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".

Além disso, analistas chamam atenção para o fato de que algumas dessas variáveis parecem estar em um "ponto de inflexão".

O dólar, por exemplo, vem recuando neste início de 2025, depois dos recordes registrados no final de 2024. Já a atividade econômica brasileira mostrou desaceleração no último trimestre de 2024.

Além disso, a expectativa de inflação recuou nesta semana, depois de 20 semanas consecutivas de alta. Segundo o Boletim Focus, os analistas reduziram de 5,68% para 5,66% a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025.

💲A expectativa de inflação, contudo, continua acima da meta, que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Por isso, a expectativa do mercado é de que os juros sigam em alta, mas que o Copom possa calibrar o ritmo do ajuste a partir de maio.

O que espera o mercado?

"Esperamos que o Copom continue a descrever um balanço de riscos assimétrico para cima para a inflação (com alguma probabilidade, no entanto, de que ajustem a descrição dos riscos externos). Com esse panorama de fundo, esperamos que as autoridades sinalizem, pelo menos, um novo ajuste, ainda que de menor magnitude, na reunião de maio", afirmou o Itaú BBA.

A Monte Bravo também espera um ajuste no ritmo do aperto monetário, devido ao "forte movimento de aperto dos juros reais já implementado". A expectativa da casa é de uma alta de 0,50 ponto percentual da Selic em maio, o que levaria os juros para 14,75% ao ano.

Já a XP Investimentos projeta altas de 0,75 ponto percentual e 0,50 ponto percentual da Selic, em maio e junho, respectivamente. Dessa forma, a Selic chegaria a 15,50%. 

A XP, contudo, admite que a Selic pode ficar em 15%, caso o dólar fique relativamente estável nos próximos meses e a desaceleração econômica se intensifique.

Segundo a mediana coletada pelo Boletim Focus, o mercado espera que a Selic esteja em 15% no final de 2025, mas recue para 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028.

Fed 

O dia ainda é de decisão de juros nos Estados Unidos. Por lá, no entanto, a expectativa é de que o Fed (Federal Reserve) mantenha os juros no intervalo entre 4,25% e 4,50%.

O Fed já pausou os cortes dos juros americanos em janeiro, devido, entre outras coisas, às incertezas trazidas pela política tarifária de Donald Trump. 

Além disso, o Banco Central dos Estados Unidos monitora a trajetória ainda instável da inflação americana, a situação do mercado de trabalho e o ritmo da atividade econômica local.