Com risco fiscal e Olimpíadas, Euro encosta nos R$ 6

A moeda já subiu 11,88% em 2024 e chegou a ser mais negociada do que o dólar em maio.

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Publicado em 01/07/2024 às 08:38h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 01/07/2024 às 08:38h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Euro é negociado no maior patamar em quase dois anos e meio (Shutterstock)
Euro é negociado no maior patamar em quase dois anos e meio (Shutterstock)

Não é só o dólar que está nas alturas. O Euro já subiu 11,88% em 2024 e, com isso, encostou nos R$ 6. É o maior patamar em quase dois anos e meio.

💶 O Euro começou o ano negociado a R$ 5,35, mas fechou a sexta-feira (28) cotado a R$ 5,98, depois de bater em R$ 5,99 na máxima do dia. Foi a primeira vez desde 11 de fevereiro de 2022 que a moeda fecha acima dos R$ 5,90.

A marca foi alcançada depois de o Euro disparar 5,38% em junho, a maior alta mensal desde novembro de 2022, quando a moeda saltou 5,40%.

Veja como a cotação do Euro evoluiu no primeiro semestre de 2024:

  • Janeiro: 0,04%;
  • Fevereiro: 0,26%;
  • Março: 0,77%;
  • Abril: 2,33%;
  • Maio: 2,68%;
  • Junho: 5,38%.

Férias e Olimpíadas elevam demanda

A alta do Euro reflete a desvalorização do real, que também tem perdido para o dólar neste ano, mas também uma maior procura pela moeda.

📈 De acordo com o Grupo Travelex Confidence, as compras de Euro aceleraram nos últimos quatro meses, ao ponto de que a moeda europeia foi mais negociada do que o dólar no Brasil em maio.

Para se ter uma ideia, o volume negociado em Euro no país avançou 24% em março, na comparação com fevereiro. Depois, saltou mais de 31% em abril e manteve-se em um patamar elevado em maio, com uma alta mensal de 3%.

Segundo a empresa de câmbio, esse é um período de alta na procura pelo Euro, já que muitos brasileiros aproveitam as férias de julho para viajar pela Europa. Contudo, a demanda foi impulsionada neste ano devido às Olimpíadas de Paris, que começam no próximo dia 26 de julho.

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Risco fiscal pressiona cotação

Apesar disso, o que tem pressionado a cotação da moeda é mesmo o aumento da percepção de risco fiscal no Brasil, segundo o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.

"O Brasil se descolou do resto do mundo na parte de risco por causa das incertezas domésticas. Então, o real se desvalorizou contra o dólar e contra o Euro e se desvalorizou mais do que outras moedas emergentes", afirmou.

Segundo ele, a principal preocupação dos investidores diz respeito à situação fiscal, porque há uma tendência de alta da relação dívida/PIB e dúvidas sobre a disposição do governo de cortar gastos para atingir as metas fiscais.

Além disso, há incertezas sobre o processo de sucessão do Banco Central, que terá um novo presidente em 2025. E o Brasil ainda é pressionado pelas dúvidas sobre o corte de juros nos Estados Unidos.

"Mas a base disso é o fiscal. Se o governo apresentar um plano crível de corte de gastos para ficar dentro das metas, o dólar cai para R$ 4,80 e o Euro vem junto, para R$ 5,13. Tudo depende disso", avaliou Marcos Weigt, sem arriscar até onde o câmbio pode chegar se esse plano não se concretizar e a percepção de risco aumentar ainda mais.

Nos últimos cinco anos, a menor cotação do Euro foi de R$ 4,55, em julho de 2019. Já a maior foi de R$ 6,75, em janeiro de 2021.