CMN aperta cerco aos CRIs e CRAs e mercado prevê retração bilionária nas emissões
A expectativa do mercado é de queda significativa nas ofertas, aumento do custo de captação e efeitos em cadeia sobre o setor imobiliário.

💲 As recentes mudanças nas regras para emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) prometem transformar o cenário desses instrumentos no Brasil.
A expectativa do mercado é de queda significativa nas ofertas, aumento do custo de captação e efeitos em cadeia sobre o setor imobiliário e os fundos de investimento imobiliário (FIIs).
A alteração foi anunciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na última quinta-feira (22) e amplia as restrições criadas em 2024, que antes se limitavam às companhias abertas.
Agora, também atingem empresas fechadas e pessoas jurídicas que não operam de forma relevante nos setores imobiliário ou do agronegócio.
O que muda?
As novas regras visam restringir o uso de CRIs e CRAs por empresas que apenas simulavam atuação nos setores como forma de obter isenção fiscal — benefício exclusivo desses papéis, especialmente atrativo para investidores pessoa física.
Agora, somente empresas com atividade comprovada e relevante no setor imobiliário ou do agronegócio poderão emitir esses títulos, independentemente de seu porte ou natureza jurídica.
Queda nas ofertas pode ultrapassar R$ 5 bilhões
Segundo Felipe Ribeiro, sócio-diretor de investimentos alternativos do Clube FII, as novas regras devem provocar uma retração de 7,33% nas emissões de CRIs e de 1,04% nas de CRAs, considerando os padrões de emissão dos últimos 15 meses. Em números absolutos, isso representa:
- R$ 5 bilhões a menos em emissões de CRIs
- R$ 500 milhões a menos em emissões de CRAs
No entanto, Ribeiro ressalta que esse é um impacto conservador e que o efeito real pode ser bem mais profundo, uma vez que muitos dados não são públicos.
“Com menos opções de financiamento, projetos imobiliários vão diminuir, o que reduz a disponibilidade de papéis no mercado. Isso afeta diretamente o investidor pessoa física, que perderá alternativas de diversificação”, explica.
➡️ Leia mais: Taxação de dividendos afetaria menos de 3% dos investidores, indica Receita
Fundos imobiliários de papel sob pressão
Além das incorporadoras e securitizadoras, os FIIs de recebíveis (conhecidos como FIIs de papel) devem ser duramente afetados.
Com uma oferta menor de ativos qualificados, esses fundos poderão:
- Ter mais dificuldade para manter a diversificação;
- Sofrer queda na qualidade da carteira ao longo dos anos;
- Enfrentar diminuição de oportunidades de reciclagem de ativos.
Ribeiro destaca que os FIIs costumam trocar sua carteira a cada três ou quatro anos. Assim, o efeito das novas regras deve aparecer gradualmente, à medida que os ativos atuais forem vencendo e precisarem ser substituídos.
“Mesmo FIIs com carteiras sólidas hoje podem encontrar dificuldades nos próximos ciclos. E o investidor pessoa física, que depende dessa diversificação e não tem estrutura para análise profunda, vai sentir isso”, alerta.
📈 A medida reforça o compromisso do CMN com a transparência e finalidade real das emissões incentivadas, mas também eleva a régua regulatória em um momento de grande uso dessas estruturas por empresas fora do escopo original dos CRIs e CRAs.

FIIs ressuscitam ganhos, enquanto Bitcoin (BTC) é abatido em fevereiro; veja ranking
Saiba quais classes de investimentos são destaques positivos no mês e quais deram dor de cabeça aos investidores

Ações brasileiras: Qual empresa subiu quase 40% e quem evaporou 55% em abril? Veja os destaques do Ibovespa
Uma varejista surfou o mês embalada por troca em seu conselho de administração e uma companhia área tem perdido bastante valor de mercado

Barsi da Faria Lima faz o alerta: Selic em 2025 subirá a 'patamares esquecidos'
Fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, já acumula valorização superior a 26.000% desde 1997 e revela estratégia de investimentos para este ano

Renda fixa isenta de IR: FS Bio recompra CRAs pagando IPCA+ 11% ao ano
Crise no crédito de empresas do agronegócio faz taxas dispararem e preços dos títulos caírem na marcação a mercado

Selic a 10,75%: Quanto rende o seu dinheiro em LCA e LCI
Saiba como está a rentabilidade da renda fixa bancária isenta de imposto de renda

Não foi o Bitcoin (BTC)? Saiba qual classe de investimento mais subiu em janeiro
Maior criptomoeda do mundo se valorizou quase +2% no mês que se encerra, mas soma ganhos de +184% nos últimos 12 meses

Luiz Barsi da Faria Lima: Como gestor do Fundo Verde dribla Trump em 2025 com renda fixa?
Fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, já acumula valorização superior a 26.000% desde 1997 e revela estratégia de investimentos em meio à guerra comercial

Renda fixa isenta de IR está entre as captações favoritas das empresas em 2024
Emissão de debêntures e mercado secundário de renda fixa batem recordes entre janeiro e setembro, diz Anbima