Chile elege presidente de ultradireita e bolsa bate recorde

Kast promete ajuste fiscal e cortes de impostos, para elevar os investimentos no Chile.

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Publicado em 15/12/2025 às 13:45h - Atualizado Agora Publicado em 15/12/2025 às 13:45h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Kast foi eleito presidente do Chile no segundo turno, com 58% dos votos (Imagem: Shutterstock)
Kast foi eleito presidente do Chile no segundo turno, com 58% dos votos (Imagem: Shutterstock)

O político da ultradireita José Antonio Kast (Republicanos) foi eleito presidente do Chile neste domingo (14), com uma agenda econômica que foi bem recebida pelo mercado e levou a Bolsa de Santiago a patamares recordes.

📈 O IPSA, principal índice da Bolsa de Santiago, já vinha renovando suas máximas históricas nos últimos meses e, nesta segunda-feira (15), tocou nos 10,5 mil pontos pela primeira vez. 

O índice foi puxado sobretudo pelas ações do Banco do Chile, Santander e SQM-B, a Sociedade Química e Mineradora do Chile. Contudo, perdeu força depois desse pico, com os analistas medindo as chances de o governo avançar com reformas econômicas.

O programa de Kast

Kast centrou a sua campanha no discurso de fortalecimento da segurança nacional e combate da imigração ilegal, mas também propôs reformas econômicas que buscam ajustar a situação fiscal e ampliar os investimentos no Chile.

💲 O agora presidente eleito do Chile prometeu cortar os gastos públicos em US$ 6 bilhões nos primeiros 18 meses de governo, por meio da revisão das despesas administrativas de ministérios e órgãos públicos.

Além disso, Kast defende mudanças tributárias para estimular os investimentos no país. Entre eles, a redução do imposto de renda da pessoa jurídica de 27% para 23% e o fim do imposto sobre ganhos de capital obtidos com a venda de ações de baixa liquidez.

Analistas dizem, no entanto, que Kast pode ter dificuldade para avançar com algumas dessas propostas. Isso porque as eleições de domingo (14) terminaram com um Congresso dividido, que revela a polarização política chilena.

"Assim, a atenção inicial do mercado e dos analistas deverá se concentrar na forma como o presidente eleito conduzirá a construção de alianças e a coordenação legislativa em um Congresso fragmentado", disse a XP.

Apesar disso, o BTG Pactual acredita que Kast pode tentar avançar com algumas dessas reformas já nos 100 primeiros dias de governo.

Isso porque os índices de aprovação dos presidentes chilenos costumam deteriorar-se acentuadamente nos primeiros meses de mandato, o que poderia ser mais um entrave para os planos do novo governo.

"Essa dinâmica implica que, apesar da ampla margem eleitoral de Kast, a janela para a implementação de reformas legislativas substanciais será limitada", afirmou o BTG.

As eleições do Chile

Kast derrotou a candidata governista Jeannette Jara (Partido Comunista) no segundo turno, com cerca de 58% dos votos, contra 42%. 

📊 Já as coligações de direita conseguiram 76 dos 155 assentos da Câmara dos Deputados e 25 das 50 cadeiras do Senado do Chile nas eleições de domingo (14). E ainda não está claro se todos os parlamentares de direita vão votar junto com o novo governo.

Ao discursar após o resultado das urnas, Kast pediu um pouco de ajuda a todos para que pudesse "fazer o bem". "Queremos fazer um governo de unidade", afirmou. 

Kast se reuniu nesta segunda-feira (15) com o atual presidente do Chile, Gabriel Boric (Frente Ampla), que se comprometeu a facilitar a transição política e "colaborar com os objetivos da nação".

Já a candidata comunista Jeannette Jara disse que vai continuar "trabalhando para promover uma vida melhor" no país.

Lula cumprimenta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimentou Kast pela vitória nas eleições e desejou "pleno êxito ao presidente eleito no desempenho de seu futuro mandato".

Nas redes sociais, Lula também disse que seguirá trabalhando com o novo governo chileno para o fortalecimento das relações bilaterais e dos laços econômico-comerciais entre Brasil e Chile, assim como "pela integração regional e a manutenção da América do Sul como zona de paz".

Kast, por sua vez, já fez diversas críticas e chamou Lula de "corrupto" antes de ser eleito presidente do Chile neste domingo (14).

Nas últimas eleições brasileiras, o político chileno demonstrou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo que o Brasil havia recuperado "o crescimento econômico, a segurança e a liberdade" no governo Bolsonaro.

Kast também já mostrou alinhamento com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclusive prometendo deportações em massa de imigrantes ilegais e a construção de um muro na fronteira com a Bolívia. Além disso, mostrou admiração ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet.