CEOs de Wall Street preveem queda de 10% nas bolsas dos EUA; entenda os motivos

Alta recente é vista como insustentável diante da sobrevalorização das ações e da incerteza geopolítica.

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Publicado em 04/11/2025 às 11:13h - Atualizado Agora Publicado em 04/11/2025 às 11:13h Atualizado Agora por Wesley Santana
Wall Street é um dos polos econômicos mais importantes do mundo (Imagem: Shutterstock)
Wall Street é um dos polos econômicos mais importantes do mundo (Imagem: Shutterstock)

As principais bolsas dos Estados Unidos passam pelos seus melhores momentos, conforme mostram os dados diários. No entanto, esse movimento de alta não deve se sustentar por muito tempo.

Pelo menos é isso que indica um grupo de CEOs que comanda algumas das principais empresas e fundos de investimento de Wall Street, centro financeiro do país norte-americano. Uma sondagem feita pela Bloomberg mostra que eles projetam uma queda de 10% no mercado de ações dos EUA entre 12 e 24 meses.

Os executivos destacam que grande parte das ações está sendo negociada acima do preço, o que indicaria uma eventual correção. “Diria que estamos entre o justo e o caro, mas não acho que muitos digam que estamos entre o barato e o justo", comentou Mike Gitlin, presidente e executivo-chefe da gestora de investimentos Capital Group, em entrevista à Bloomberg.

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Sua visão é corroborada por outros presidentes que enxergam um ajuste de rota natural do mercado para o próximo ciclo. O CEO do Morgan Stanley, Ted Pick, por exemplo, enxerga um risco na política dos EUA e no contexto geopolítico global, que se mostra incerto.

"Sim, os mercados parecem caros... Mas a realidade é que o risco sistemático provavelmente foi reduzido", disse ele. "Também devemos dar as boas-vindas à possibilidade de declínios de 10% a 15% que não sejam impulsionados por algum tipo de colapso macroeconômico", acrescentou.

A análise dos executivos se sustenta nos dados dos principais índices de ações dos EUA, que mostram que as companhias estão sendo negociadas acima das expectativas futuras. Isto é, só no S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas do país, o conjunto de ações opera mais de 20 vezes acima da expectativa futura de lucros.

Ibovespa em 170 mil pontos

Enquanto as expectativas para as bolsas estrangeiras não são nada animadoras, para o Ibovespa (IBOV) a situação é bem diferente. Pela primeira vez na história, o indicador alcançou o patamar de 150 mil pontos na última segunda (3).

Mas o movimento de alta não deve parar por aí, pois, segundo análise da XP Investimentos, o índice ainda pode alcançar uma valorização de 20 mil pontos até o final de 2026. Para o Morgan Stanley, que vê os 189 mil pontos no horizonte, os setores de bancos e de petróleo devem ditar o rumo da bolsa brasileira nos próximos trimestres.

“Um dólar americano mais fraco impulsiona o case. No entanto, o menor crescimento global, em função das tarifas americanas mais altas do que o esperado e seus efeitos sobre os preços do petróleo e de outras commodities, continua sendo um risco importante”, avalia.