Brasileiros que escanearam íris relatam dificuldade para sacar dinheiro

Desde o fim do ano passado, a empresa Worldcoin tem pagado uma quantia em criptomoedas em troca da íris de brasileiros. A coleta acontece em vários pontos da cidade de São Paulo e tem atraído milhares de pessoas que buscam por um dinheiro extra.

👀 O problema é que parte destes consumidores relatam dificuldades para sacar o dinheiro pago pela plataforma. O projeto libera 48 criptomoedas Worldcoin ao longo de um ano, em um aplicativo próprio, que deve ser convertido para real e transferido para a conta bancária do usuário.

Acontece que muita gente não consegue realizar todo esse processo, e o valor, que já chegou a R$ 600, fica retido pela plataforma. Um dos problemas apontados pelos usuários é que a plataforma não oferece o português como língua oficial, o que dificulta o manuseio do aplicativo.

Em entrevista ao G1, uma usuária de 48 anos relatou que fez a coleta das íris em novembro do ano passado e que deveria receber 20 moedas em até 24 horas. Ele pontuou, no entanto, que não recebeu os ativos por causa de um problema no aplicativo da Worldcoin.

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"Por causa do erro no saque, eu desinstalei o aplicativo e reinstalei, mas agora ele diz que a senha está errada, mesmo eu digitando corretamente", conta à reportagem, que mostra que esse tem sido um problema frequente.

Em seus termos de uso, a Worldcoin diz que desinstalar o aplicativo pode significar a perda permanente da conta, caso o usuário não tenha os recursos necessários para a recuperação. Para ajudar esses usuários, a empresa fornece um chatbot, mas que muitas vezes não carrega ou diz que não é possível resgatar o dinheiro por falta de backup.

"Eu perdi a minha senha e não consegui mais entrar e sacar. Tentei falar no suporte e não consegui porque não tem opção para recuperar a conta. A atendente aqui informou que não tem como eu resgatar e nem fazer novamente a verificação", afirmou outra usuária, também ao G1.

Por meio de nota, a Worldcoin diz que nao consegue quantificar o montante de pessoas com problemas, pois todo o processo acontece de forma anônima. A empresa também destacou que os funcionários sao treinados apenas para o procedimento de leitura de íris e nao para problemas posteriores.

Suspensão da leitura

⚖️ Em ordem publicada na última terça-feira (11), a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) negou o pedido da Worldcoin e proibiu o serviço em todo o país. Os conselheiros do órgão entenderam que a compensação financeira pelo serviço representa interferência na livre manifestação da vontade dos indivíduos.

“A existência de contrapartida financeira constitui uma intervenção do controlador, que, na prática, implica uma interferência indevida sobre a manifestação de vontade autônoma do titular, razão pela qual o consentimento obtido não pode ser qualificado como livre. O risco decorrente do vício do consentimento no caso em análise é ainda maior considerando-se que o serviço ofertado pela recorrente se baseia em uma tecnologia emergente e inovadora”, destacou a relatora do caso, Miriam Wimmer.