Brasil tem 7ª maior inflação do G20 em 2023

Apesar de o IPCA ter recuado para 4,62%, país subiu no ranking de maiores inflações do G20

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Publicado em 13/01/2024 às 21:16h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 13/01/2024 às 21:16h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa
Real (Shuttersttock)
Real (Shuttersttock)

O Brasil subiu no ranking de maiores inflações do G20 em 2023, mesmo com o recuo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A inflação brasileira fechou o ano passado em 4,62%, no menor nível desde 2020, mas foi a 7ª maior do grupo das maiores economias do mundo. 

📉 A inflação brasileira desacelerou no ano passado com o alívio dos preços dos alimentos e o impacto da alta taxa de juros no consumo da população. Com isso, voltou a ficar dentro da meta perseguida pelo BC (Banco Central), que era de 3,25%, com um intervalo de tolerância de até 4,75%, em 2023.

Em 2022, a inflação brasileira foi de 5,79%. Por isso, estourou a meta de inflação, que era de 3,5% com tolerância de até 5%, naquele ano. O recuo do IPCA, de 5,79% para 4,62%, no entanto, foi pequeno se comparado ao de outros membros do G20, sobretudo países avançados.

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No Reino Unido, por exemplo, a inflação desabou de 10,7% em 2022 para 3,4% em 2023. Na Itália, saiu de 11,6% para 0,6%. E nos Estados Unidos foi de 6,5% para 3,4%. Por isso, o Brasil acabou subindo no ranking de maiores inflações do G20 em 2023, segundo levantamento do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

📈 De acordo com o levantamento, o Brasil ficou na 14% posição do ranking em 2022, com uma inflação menor que a de países como Reino Unido, Itália, Estados Unidos, mas também Alemanha e Canadá. Em 2023, no entanto, o Brasil subiu para a 7ª posição do ranking, mesmo depois de a inflação recuar para 4,62%.

Veja o ranking de maiores inflações do G20 em 2023, segundo o levantamento de Alex Agostini, da Austin Rating:

  1. Argentina: 211,2%;
  2. Turquia: 64,8%;
  3. Rússia: 7,7%;
  4. Índia: 5,7%;
  5. África do Sul: 5,5%;
  6. México: 4,7%;
  7. Brasil: 4,6%;
  8. Canadá: 3,9%;
  9. Alemanha: 3,9%;
  10. França: 3,6%;
  11. Reino Unido: 3,4%;
  12. Estados Unidos: 3,4%;
  13. Coreia do Sul: 3,3%;
  14. União Europeia: 3,2%;
  15. Espanha: 2,9%;
  16. Zona do Euro: 2,8%;
  17. Japão: 2,7%;
  18. Austrália: 2,7%;
  19. Indonésia: 2,6%;
  20. Arábia Saudita: 1,6%;
  21. Itália: 0,6%;
  22. China: 0,2%.

“Os países desenvolvidos têm capacidade de controlar a inflação mais rapidamente do que os emergentes em momentos de desaceleração econômica, porque este cenário gera um fluxo de capital dos emergentes para os desenvolvidos, o que afeta a moeda e a inflação dos emergentes. Além disso, alguns emergentes sofreram crises internas, como Turquia e Rússia”, afirmou Alex Agostini. 

Brasil

No Brasil, por exemplo, o BC poderia ter começado a reduzir a taxa básica de juros brasileira antes do que o que de fato ocorreu não fossem as incertezas fiscais, segundo Agostini. “Quando a situação fiscal é menos preocupante, o Banco Central pode ter uma ação mais rápida. Aqui, a questão fiscal obrigou o BC a ser comedido”, afirmou.

💡 Além disso, o economista-chefe da Austin Rating aponta outro limitador para a queda da inflação no Brasil: os preços administrados, isto é, preços de produtos e serviços que são definidos por contratos ou pelo governo, como os de energia, combustíveis e planos de saúde.

“O que diferencia o Brasil dos demais países são os preços administrados, que representam 26% do IPCA e são praticamente imunes à taxa de juros. Então, para controlar a inflação, o BC tem que subir mais os juros e ainda assim os preços administrados só desaceleram no ano seguinte”, afirmou Alex Agostini.

Ele disse, no entanto, que a subida do Brasil no ranking de maiores inflações do G20 não deve ser interpretada como algo negativo. Afinal, a inflação recuou no país e voltou a ficar dentro da meta perseguida pelo BC, algo que não acontecia desde 2020. 

“Muitos países melhoraram de forma acelerada em 2023, então houve um grande ganho. Mas aqui também houve um ganho, só não foi maior porque os preços administrados são um peso para o Brasil”, afirmou Agostini.

💵 A Austin Rating, por sinal, acredita que a inflação seguirá em queda em 2024 e deve terminar este ano ainda mais perto do centro da meta perseguida pelo BC, que agora é de 3%. A agência de classificação de risco estima um IPCA de 3,45% para 2024 e diz que a Selic deve cair dos atuais 11,75% para 9% até o fim do ano.

O mercado também projeta juros de 9% ao fim de 2024, mas acredita que a inflação deve ser de 3,9% neste ano, segundo o último Boletim Focus

Argentina no topo e China na lanterna

A Argentina lidera o ranking de maiores inflações do G20 em 2023. Afinal, a inflação argentina ultrapassou 211% no ano passado, devido à crise econômica que assola o país. A taxa foi a maior em mais de 30 anos e superou até a da Venezuela, que foi de aproximadamente 193%.

Por outro lado, a lanterna do ranking ficou com a China, que teve uma inflação de 0,2% em 2023 e até alguns meses de inflação negativa. O resultado indica uma economia fraca, alimentando os temores de uma desaceleração do crescimento chinês.