BB (BBAS3) sofre novo baque e pode não cumprir meta de lucro, alerta JPMorgan

O JPMorgan prevê novo trimestre desafiador para o Banco do Brasil e cortou as estimativas de lucro da instituição.

Author
Publicado em 23/10/2025 às 19:36h - Atualizado Agora Publicado em 23/10/2025 às 19:36h Atualizado Agora por Matheus Silva
Apesar do cenário mais difícil, o JPMorgan mantém recomendação neutra para as ações (Imagem: Shutterstock)
Apesar do cenário mais difícil, o JPMorgan mantém recomendação neutra para as ações (Imagem: Shutterstock)
🚨 O Banco do Brasil (BBAS3) pode enfrentar mais um trimestre de desafios.
Após uma queda de mais de 50% no lucro nos últimos trimestres, impulsionada por inadimplência no agro, regras mais rígidas do Banco Central e deterioração no crédito para pequenas e médias empresas, o JPMorgan vê agora um novo fator de pressão: o desempenho do Banco Patagônia, subsidiária do BB na Argentina.
Apesar de representar apenas 12% do lucro no primeiro semestre de 2025, o banco americano aponta que o cenário instável na Argentina, agravado pela derrota do partido de Javier Milei nas eleições locais e pela piora dos indicadores econômicos, impacta o resultado consolidado. 
O JPMorgan reduziu sua projeção de lucro recorrente do BB em 16%, para R$ 3,6 bilhões no 3T25, uma queda de 4% ante o 2T25 e 7% abaixo do consenso da Bloomberg.

BB Seguridade pode aliviar pressão

Por outro lado, o banco destaca como possível contrapeso o desempenho da BB Seguridade (BBSE3), que deve apresentar bons resultados conforme dados da Susep, além de uma recuperação da margem financeira líquida (NIM) — seguindo a tendência observada no segundo trimestre.
O JPMorgan ainda reforça que as expectativas dos investidores pioraram desde o Investor Day do BB e da teleconferência com o mercado. 
Um dos principais pontos de tensão é a MP 1.314/2025, que autoriza a renegociação de dívidas do agronegócio. O atraso na tramitação teria provocado "risco moral" entre os produtores, que podem ter adiado os pagamentos à espera da medida.
Além disso, dados do Banco Central referentes a agosto reforçaram o tom pessimista. O lucro contábil do BB foi de R$ 780 milhões no mês, equivalente a R$ 2,3 bilhões anualizados ou R$ 3 bilhões sob base gerencial, considerando os ajustes de planos econômicos (R$ 700 milhões).
“Há alguns meses, esperava-se um trimestre semelhante ao 2T25. Agora, o consenso aponta para um 3T mais desafiador”, afirma o relatório do JPMorgan.
Segundo os analistas, investidores locais estão mais céticos que os estrangeiros. Enquanto os gringos esperam resultados estáveis, o “buy side” brasileiro projeta números abaixo dos registrados entre abril e junho.

Meta de lucro anual em risco?

Outro ponto levantado é a capacidade do BB de entregar o guidance de lucro para 2025, entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões. Para atingir o piso, o quarto trimestre terá de ser excepcional.
“Acreditamos que há risco de não cumprimento da meta, considerando o ritmo atual”, diz o relatório.

Agro continua como calcanhar de Aquiles

O segmento agro ainda representa o maior entrave para a recuperação. O banco estima provisões de crédito (PDD) em R$ 16,2 bilhões no trimestre. 
A incerteza sobre a MP da renegociação de dívidas aumenta o risco de que operações com risco moderado (estágio 2) migrem para o estágio 3 (inadimplência).

Ainda vale a pena investir em Banco do Brasil?

Apesar do cenário mais difícil, o JPMorgan mantém recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 24 até dezembro de 2026. Isso implica que o BB está sendo negociado a 0,7x o valor patrimonial projetado para 2025 e 4,3x o lucro estimado para 2026.
📈 Segundo o banco, a ação pode ter desempenho melhor mais perto das eleições de 2026, dado o peso político da estatal. No entanto, a qualidade do lucro tem se deteriorado, com mais renegociações, dependência da operação argentina e despesas consideradas não recorrentes.

BBAS3

Banco do Brasil
Cotação

R$ 20,67

Variação (12M)

-18,03 % Logo Banco do Brasil

Margem Líquida

5,48 %

DY

8.29%

P/L

7,47

P/VP

0.65