Banco do Brasil (BBAS3) chama atenção dos gringos com desconto e aposta no agro

Atualmente, o banco negocia com um desconto relevante, o que levanta a discussão sobre se o mercado estaria exagerando nos riscos.

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Publicado em 15/12/2025 às 15:48h - Atualizado Agora Publicado em 15/12/2025 às 15:48h Atualizado Agora por Matheus Silva
O principal atrativo, na avaliação dos investidores internacionais, está no preço (Imagem: Shutterstock)
O principal atrativo, na avaliação dos investidores internacionais, está no preço (Imagem: Shutterstock)
🚨 Depois de atravessar boa parte de 2025 fora do radar, pressionado por resultados mais fracos e dúvidas sobre a qualidade da carteira de crédito, o Banco do Brasil (BBAS3) voltou a despertar o interesse de investidores estrangeiros.
Segundo analistas do BTG Pactual, que recentemente participaram de um roadshow nos Estados Unidos para avaliar o humor do mercado em relação ao setor financeiro brasileiro, o papel passou a gerar um “interesse real” entre gestores globais.
O principal atrativo, na avaliação dos investidores internacionais, está no preço. O Banco do Brasil negocia com um desconto relevante em relação ao seu valor patrimonial, o que levanta a discussão sobre se o mercado estaria exagerando nos riscos e subprecificando o potencial de recuperação do banco. Para parte dos estrangeiros, esse descolamento pode abrir espaço para ganhos expressivos caso o cenário se torne mais favorável.
Outro fator que pesa a favor do banco é o agronegócio. Mesmo após um período desafiador, o setor segue como um dos pilares da economia brasileira e tem no Banco do Brasil seu principal financiador. 
A leitura predominante entre os investidores é que o Brasil mantém uma vantagem competitiva estrutural no agro e que, com o tempo, a qualidade dos ativos tende a se normalizar de forma cíclica, permitindo melhora dos resultados e redução das provisões.
O componente político também entra na equação. Com as eleições de 2026 no horizonte, investidores estrangeiros tentam antecipar cenários e questionam até onde as ações do Banco do Brasil poderiam ir caso o próximo governo sinalize uma postura mais alinhada ao mercado. 
Como estatal, o banco é altamente sensível ao chamado risco político, assim como a Petrobras (PETR4), hoje uma das poucas empresas desse perfil ainda com peso relevante na Bolsa.
Na visão do BTG, a combinação entre um valuation depreciado, possível melhora cíclica no agronegócio e um cenário eleitoral mais benigno poderia criar uma assimetria positiva para o papel, especialmente após um ano de desempenho fraco. 
A queda acumulada em 2025, nesse contexto, deixa de ser apenas um problema e passa a ser vista por alguns investidores como parte da oportunidade.
Durante as conversas com gestores no exterior, o Bradesco (BBDC4) também apareceu com frequência. Diferentemente do Banco do Brasil, o Bradesco teve uma forte valorização em 2025, impulsionada pela recuperação do retorno sobre patrimônio e pela melhora dos resultados operacionais. 
Ainda assim, investidores seguem tentando entender se o movimento é apenas tático ou se reflete uma transformação estrutural capaz de recolocar o banco como uma ação de longo prazo.
Entre as principais dúvidas levantadas estão o impacto de um eventual ciclo de queda dos juros sobre os lucros, o nível sustentável de rentabilidade e, no caso do Banco do Brasil, se os problemas recentes na carteira de crédito do agronegócio são essencialmente cíclicos ou indicam algo mais estrutural.
Segundo o BTG, há sinais de que alguns hedge funds internacionais já estão posicionados em Bradesco, em movimento semelhante ao observado entre investidores locais. 
O argumento central é que os ROEs vêm subindo e devem continuar melhorando nos próximos trimestres, enquanto o valuation ainda não reflete plenamente essa recuperação.
📈 Mesmo assim, do ponto de vista mais tático, o banco afirma preferir Bradesco ao Banco do Brasil neste momento, embora destaque que o Itaú (ITUB4) segue sendo sua única recomendação de compra entre os grandes bancos brasileiros.

BBAS3

Banco do Brasil
Cotação

R$ 22,03

Variação (12M)

-6,85 % Logo Banco do Brasil

Margem Líquida

4,19 %

DY

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