Ata do Copom: BC prevê juros altos por mais tempo para controlar inflação

Cenário internacional adverso e pressão inflacionária adiam sinal de alívio monetário no curto prazo.

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Publicado em 05/08/2025 às 12:31h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 05/08/2025 às 12:31h Atualizado 1 minuto atrás por Wesley Santana
Banco Central é responsável pelas políticas monetárias (Imagem: Shutterstock)
Banco Central é responsável pelas políticas monetárias (Imagem: Shutterstock)

O Banco Central divulgou, na manhã desta terça-feira (5), a Ata do Copom, que traz detalhes da decisão que manteve os juros básicos em 15% ao ano. O documento revela quais foram os cenários avaliados pelos diretores do BC para decidir pela política monetária aplicada no fim do mês passado.

📃 Segundo a Ata, o ambiente externo continua adverso, sobretudo pela postura dos Estados Unidos na imposição de tarifas de importação. No caso do Brasil, as tarifas podem chegar a 50%, dependendo da categoria do produto.

Com isso, os diretores avaliam que diversas classes de ativos se veem impactadas, o que produz incertezas não só para o Brasil, mas para diversos outros países. O BC diz que a cautela é ainda maior para as economias emergentes, grupo no qual o país está concentrado.

”O cenário externo está mais adverso e incerto. Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”, pontuam.

Além disso, a decisão também considera o foco de manter a inflação dentro da meta, que é de 3% ao ano, com uma margem de 1,5% para mais ou menos. Nas últimas estimativas, o índice permanece fora do limite superior em 2025, mas com recuperação em 2026.

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”O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, destacam.

A última reunião do Copom foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, com participação de todos os diretores da autarquia. A decisão de interromper a alta do ciclo de juros foi tomada em consenso por todos os membros da cúpula monetária, conforme detalha o documento.

Futuro quase certo

🔎 Para as próximas reuniões, o BC informou que deve continuar com a interrupção no ciclo de alta de juros. No entanto, isso só deve acontecer se o cenário desenhado e esperado pelos diretores se confirmar ao longo das semanas que antecedem o evento.

"Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, avaliam.

A Ata ainda destaca que a elevação rápida da Selic feita nas últimas reuniões para controlar a inflação necessita de uma segunda ferramenta que é a manutenção no nível atual.

“Determinada a taxa apropriada de juros, ela deve permanecer em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado devido às expectativas desancoradas. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, finaliza a carta.

Relatório Focus

A última edição do Relatório Focus, publicado nesta segunda (4), mostrou que a expectativa do mercado é que a inflação -medida pelo IPCA- termine o ano em 5,07%. O número representa uma queda em relação ao mês passado, quando os entes financeiros opinavam por um resultado de 5,18%.

Para 2026, as instituições financeiras preveem um resultado de 4,43%, com recuperação em relação aos 4,5% previstos anteriormente. A pesquisa também considera as projeções para 2027, quando a análise é de que os preços subam exatamente 4% ao longo do ano.

O Relatório Focus é divulgado semanalmente pelo BC com um levantamento feito com os principais bancos do país. Os analistas pontuam, por meio do cenário fiscal e econômico, as expectativas para o futuro da economia brasileira.