Assaí (ASAI3) sente o peso das bets e vê consumidor migrar para marcas mais baratas
O presidente da companhia, Belmiro Gomes, destacou que o consumidor segue pressionado por juros elevados, endividamento e o avanço das apostas esportivas.

🚨 O Assaí Atacadista (ASAI3) voltou a sentir os reflexos do cenário macroeconômico adverso no comportamento de consumo de seus clientes.
Em teleconferência com analistas realizada nesta sexta-feira (8), o presidente da companhia, Belmiro Gomes, destacou que o consumidor segue pressionado por juros elevados, endividamento e o avanço das apostas esportivas, o que tem provocado uma troca sistemática por produtos mais baratos nas prateleiras da rede.
“Juros, movimento de apostas esportivas, endividamento… Tudo isso forma um cenário em que o consumidor é obrigado a comprar produtos mais baratos”, afirmou Gomes.
O fenômeno, conhecido como “trade down”, tem se intensificado, sobretudo no Nordeste, segundo o executivo.
Para ele, há uma mudança de prioridade no consumo, com parte da renda migrando para atividades como apostas online, ao invés de ser direcionada para itens básicos de alimentação.
“Se entrar dinheiro novo, vai mais para o mercado de apostas do que para alimentos”, completou o CEO.
Vendas fracas e ação em queda
No segundo trimestre de 2025, o Assaí registrou crescimento de 4,6% nas vendas mesmas lojas (SSS), indicador que mede o desempenho de unidades abertas há mais de 12 meses.
Apesar da alta, o próprio Assaí classificou o resultado como fraco, já que a expectativa era de avanço acima da inflação.
O mercado reagiu negativamente aos números. As ações da companhia fecharam o dia com queda de 2,09%, cotadas a R$ 9,85.
Além do cenário macroeconômico, o desempenho foi impactado pela resiliência da “reduflação” — quando as embalagens de produtos são reduzidas, mas os preços seguem os mesmos ou até sobem.
De acordo com Wlamir dos Anjos, vice-presidente comercial e de logística do Assaí, a prática, embora esperada com menor intensidade, permanece forte.
“As alterações nos produtos têm feito com que os preços fiquem estáveis, mas isso diminui a qualidade”, afirmou, citando como exemplos chocolates, sucos e creme de leite.
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Marca própria: a nova aposta do Assaí
Na tentativa de recuperar margens e atrair um novo perfil de cliente, o Assaí pretende lançar produtos de marca própria a partir do segundo semestre de 2025.
Segundo Gomes, o movimento busca melhorar o poder de barganha com fornecedores, oferecer alternativas mais baratas e com maior controle de margem e, ao mesmo tempo, romper com a imagem de que o atacarejo é apenas um “varejão de pobre”.
“Estamos trabalhando para oferecer novos serviços e mudar essa percepção. O atacarejo pode sim ser moderno e atender todos os públicos”, afirmou o CEO.
Ainda sem muitos detalhes sobre a linha de produtos, a expectativa é que os itens da marca própria ganhem espaço relevante nas gôndolas e contribuam para aumento da rentabilidade, especialmente em um cenário onde o consumidor busca por economia sem abrir mão da qualidade.
Venda de medicamentos no radar?
Questionado sobre a possibilidade de o varejo alimentar vender medicamentos — hoje restrito às farmácias —, Gomes sinalizou que há barreiras operacionais, mas acredita que o setor está preparado para essa transição.
“Provavelmente não é mais complexo que um açougue, em que há refrigeração e mão-de-obra especializada. Os custos e despesas disso já estão dentro de casa”, disse, apontando que o Assaí poderia ser competitivo nesse novo segmento caso a regulamentação avance.
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O que esperar para o 2º semestre
O Assaí encerra o segundo trimestre com crescimento tímido e sob forte pressão externa, enfrentando desafios que vão desde a queda do poder de compra, até concorrência inusitada com apostas online.
Em resposta, a companhia foca na diversificação de portfólio, aceleração de marcas próprias e uma possível entrada em novos mercados, como o de medicamentos.
📊 Com o cenário ainda desafiador, a capacidade de adaptação e execução estratégica será crucial para que o Assaí sustente seu plano de expansão e rentabilidade nos próximos trimestres.

ASAI3
ASSAÍR$ 9,73
-3,74 %
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