Letra Financeira: entenda o que é e como investir

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Publicado em 19/06/2025 às 12:14h - Atualizado 16 horas atrás Publicado em 19/06/2025 às 12:14h Atualizado 16 horas atrás por Carlos Filadelpho
Letra Financeira - (Imagem: Shutterstock)
Letra Financeira - (Imagem: Shutterstock)

Os investimentos em renda fixa ganharam notoriedade nos últimos anos devido à busca por segurança e previsibilidade em mercados voláteis.

Dentro desse universo, as Letras Financeiras (LF) se destacam como uma alternativa de alto rendimento para investidores com capital mais robusto e perfil de aplicação de longo prazo.

Ao contrário de títulos mais populares, como CDB ou LCI/LCA, as LF exigem aporte mínimo de R$ 50.000,00 e prazo de carência de, no mínimo, dois anos, mas oferecem remuneração frequentemente superior — normalmente atrelada ao CDI ou mesmo ao IPCA.

No entanto, antes de decidir alocar parte da sua carteira em Letras Financeiras, é muito importante entender suas características, desde o mecanismo de correção até a tributação e a ausência de cobertura pelo Fundo Garantidor de Crédito.

O que é Letra Financeira?

A Letra Financeira (LF) é um título de renda fixa emitido por instituições financeiras para captar recursos de médio a longo prazo, com prazo mínimo de vencimento geralmente superior a dois anos.

Diferentemente de CDBs e LCIs/LCAs, a LF não tem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que significa que o investidor assume diretamente o risco de crédito da instituição emissora.

Em compensação, ele costuma oferecer remunerações mais elevadas, normalmente pós-fixadas atreladas ao CDI, índice de referência que acompanha a taxa básica de juros (Selic) — ou mesmo prefixadas e atreladas à inflação (IPCA).

O valor mínimo de aplicação costuma ser mais alto, em torno de R$ 50.000,00, tornando-a voltada para investidores com maior disponibilidade de recursos e objetivo de alocação de longo prazo.

A LF funciona como um empréstimo que você — investidor — faz ao banco: em troca de deixar o capital aplicado por todo o prazo, para receber juros mais atrativos do que em produtos de liquidez diária ou de vencimentos curtos.

Por ser um título de renda fixa, a rentabilidade é conhecida ou passível de simulação no momento da aplicação, permitindo ao investidor projetar seus ganhos.

No entanto, o prazo de carência e a falta de liquidez antes do vencimento são elementos que exigem planejamento financeiro cuidadoso para evitar dependência do capital antes da data final.

Como funciona a letra financeira

A Letra Financeira opera como um contrato de empréstimo: ao adquiri-la, o investidor concede recursos à instituição emissora por um período pré-determinado — nunca inferior a dois anos — e, ao final, recebe o valor aplicado acrescido dos juros combinados.

Durante a vigência, não é possível resgatar antecipadamente, pois não há liquidez no mercado secundário nem obrigação de recompra por parte do banco.”

A remuneração pode ser pós-fixada (percentual do CDI), prefixada (taxa fixa anual) ou híbrida (IPCA + taxa adicional). Além disso, algumas LFs pagam juros semestrais, mas, nesse caso, o Imposto de Renda incide a cada distribuição.

Investimento e prazo mínimo

Como dito anteriormente, para investir em Letra Financeira, o valor inicial costuma ser elevado, com aporte mínimo de R$ 50.000,00.

Esse patamar torna a LF um produto voltado a investidores com maior disponibilidade de capital, interessados em destinar uma fatia relevante do portfólio a aplicações de longo prazo.

Além do valor alto, a LF tem prazo mínimo de vencimento de dois anos, período durante o qual o dinheiro fica bloqueado, ou seja, não há opção de resgate antecipado ou recompra obrigatória pela instituição emissora.

Esse bloqueio de liquidez implica que o investidor deve planejar cuidadosamente seu fluxo de caixa, certificando-se de manter reservas em aplicações de alta liquidez (Tesouro Selic, Fundos DI, LCIs/LCAs de curto prazo) para atender despesas emergenciais.

Portanto, antes de aplicar em Letras Financeiras, faça um diagnóstico financeiro completo: avalie seu colchão de emergência, as projeções de gastos nos próximos anos e quanto do capital pode ficar imobilizado sem comprometer seu orçamento.

Rentabilidade

A rentabilidade da Letra Financeira geralmente supera a de outros títulos de renda fixa, pois a instituição emissora oferece juros mais atrativos para compensar o risco de crédito e a baixa liquidez. As modalidades mais comuns são:

  • Pós-fixada: Remuneração baseada em um percentual do CDI (por exemplo, 105% do CDI). Quando o CDI está elevado, o ganho acompanha ou ultrapassa a taxa básica de juros, garantindo rendimento competitivo.
  • Prefixada: Taxa fixa anual definida no momento da compra (por exemplo, 12% ao ano). Ideal para quem deseja previsibilidade nos ganhos e acredita na estabilidade ou queda futura da Selic.”
  • Híbrida (IPCA + juros): Combina correção pela variação da inflação (IPCA) com juros adicionais (por exemplo, IPCA + 5% ao ano), protegendo o poder de compra e garantindo ganho real.

Em LFs que pagam juros semestrais, o investidor recebe cupons a cada seis meses, mas deve considerar o desconto de 15% de Imposto de Renda na data de pagamento.

Já na maioria dos títulos, o IR só incide no resgate final, permitindo capitalização total até o vencimento.

Assim, ao simular a rentabilidade, leve em conta modalidade, periodicidade de pagamento e taxas de IR, para comparar efetivamente com CDBs, LCIs e Tesouro Direto.

Para quem é indicado

A Letra Financeira é recomendada para investidores com perfil moderado a arrojado, que:

  1. Possuem capital elevado: Podem investir no mínimo de R$ 50.000,00 e alocar os recursos em uma aplicação de longo prazo.
  2. Buscam rentabilidade superior: Devido a baixa liquidez e falta de cobertura do FGC, as letras financeiras costumam oferecer rentabilidade atrativa.
  3. Toleram menor liquidez: O investidor que não precisa do recurso antes de dois anos e conta com reserva emergencial em aplicações de fácil resgate.
  4. Desejam diversificar: Ao incluir LF no portfólio, equilibram ativos líquidos (Tesouro Selic, fundos DI) e títulos de maior prazo, melhorando o gerenciamento de riscos e retornos.
  5. Têm apetite pelo risco de crédito: Como não há cobertura do FGC,esses investidores estão dispostos a correr mais risco e, por isso, avaliam criteriosamente a solidez e o rating da instituição emissora.

Em resumo, a LF encaixa-se bem em estratégias de alocação de metas de longo prazo — aposentadoria, educação dos filhos ou reserva para grandes projetos — quando o investidor está disposto a “travar” um montante relevante em troca de uma remuneração acima da média de renda fixa.

Vantagens da letra financeira

Vantagens da Letra Financeira - (Imagem: Shutterstock)

A Letra Financeira apresenta uma série de benefícios que a tornam atrativa para investidores com perfil de médio a longo prazo:

Rentabilidade superior: Em razão do maior risco de crédito (sem cobertura do FGC) e da carência obrigatória, as LFs costumam oferecer juros mais altos do que CDBs, LCIs/LCAs e mesmo alguns títulos públicos.

Alíquota reduzida de IR: Como os prazos mínimos superam dois anos, a Letra Financeira se enquadra na alíquota mais baixa da tabela regressiva de Imposto de Renda (15%). Isso significa que, comparada a CDBs de curto prazo, o investidor paga menos tributos sobre o ganho.

  • Planejamento de longo prazo: Sabendo antecipadamente o prazo e a forma de remuneração, o investidor pode projetar com exatidão o retorno até o vencimento, facilitando metas financeiras como aposentadoria ou grandes projetos.
  • Diversificação de portfólio: Inserir LF em uma carteira predominantemente composta por ativos de alta liquidez ou garantidos pelo FGC permite balancear o risco de crédito e a liquidez, ampliando o espectro de retornos sem recorrer exclusivamente à renda variável.
  • Proteção contra inflação: Nas Letras Financeiras híbridas, a correção atrelada ao IPCA preserva o poder de compra, uma característica valiosa em cenários de alta inflacionária.
  • Pagamento semestral de juros: Em alguns títulos, a distribuição periódica de cupons pode gerar fluxo de caixa extra antes do vencimento, útil para investidores que desejam receber rendimentos ao longo do período e não apenas no resgate final.

Essas vantagens fazem da Letra Financeira uma alternativa robusta para quem busca elevar o patamar de retorno de sua carteira de renda fixa, assumindo de forma consciente os riscos inerentes à emissão privada.

Desvantagens da letra financeira

Embora atraente, a Letra Financeira apresenta pontos que podem não se alinhar ao perfil de todos os investidores:

Investimento mínimo elevado: Com aporte inicial usualmente em R$ 50.000,00 esse valor fica fora do alcance de boa parte dos investidores, restringindo a LF a quem já possui patrimônio considerável e pode imobilizar uma fatia significativa do capital.

Baixa liquidez: A LF não pode ser resgatada antes do vencimento, e portanto, não deve ser utilizada como aplicação com foco em reserva de emergência.

  • Risco de crédito: Sem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o investidor fica exposto à possibilidade de calote caso a instituição emissora enfrente problemas financeiros. Por isso, a análise da solidez e do rating do banco se torna imprescindível.
  • Tributação: Apesar da alíquota de 15% de IR ser a mais baixa da tabela regressiva, ela ainda reduz parte do ganho. Em modalidades de pagamento semestral de juros, o IR é descontado duas vezes, o que diminui o efeito de capitalização dos rendimentos.
  • Complexidade operacional: Comparada a aplicações mais populares, a LF exige pesquisa para encontrar boas ofertas, além do acompanhamento do desempenho do CDI, IPCA ou taxa prefixada contratada, demandando mais tempo de gestão e consultoria especializada em renda fixa.
  • Menor flexibilidade no planejamento: O bloqueio dos recursos por pelo menos dois anos dificulta o ajuste rápido da carteira em resposta a mudanças no mercado ou oportunidades de investimento que surjam no curto prazo.

Em síntese, a LF é um produto robusto, mas que requer capacidade financeira significativa, tolerância a prazos longos e disposição para analisar riscos de crédito sem o amparo do FGC.

Tributação da letra financeira

A Letra Financeira segue a tabela regressiva do Imposto de Renda para aplicações de renda fixa, com alíquotas que diminuem conforme o tempo de permanência do recurso investido.

Como o prazo mínimo de vencimento é de dois anos, todas as LFs se enquadram na alíquota mais baixa de 15% sobre os rendimentos auferidos.

Prazo de aplicação

Alíquota de IR

Até 180 dias

22,5%

181 a 360 dias

20%

361 a 720 dias

17,5%

Acima de 720 dias

15%

  • Base de cálculo: O Imposto de Renda incide apenas sobre o ganho (juros), não sobre o valor total aplicado.
  • Retenção: O IR é retido na fonte no momento do pagamento ou no resgate final. Em Letras Financeiras que pagam juros semestrais, o tributo é cobrado a cada distribuição de cupom.
  • Isenção de IOF: Como a LF não permite resgate antes de 30 dias, não há cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
  • Sem outros tributos: Não há incidência de taxas, tarifas bancárias específicas ou tributos adicionais.

A alíquota fixa de 15% confere previsibilidade tributária, mas o investidor deve considerar o impacto no rendimento líquido, especialmente em função da cobrança semestral de IR.

Como investir em Letras Financeiras

Como investir em Letras Financeiras - (Imagem: Shutterstock)

Investir em Letra Financeira é relativamente simples, desde que você escolha uma instituição confiável e conte com assessoria adequada.

Veja o passo a passo:

  1. Escolha a corretora ou banco: Pesquise instituições com boa avaliação de risco: analise ratings de crédito (S&P, Moody’s, Fitch), solidez patrimonial e histórico de emissão de LF.
  2. Abra conta e faça o cadastro: Complete o processo de identificação (KYC) exigido pela CVM, enviando documentos pessoais, comprovante de endereço e assinatura eletrônica.
  3. Verifique ofertas de LF: Na plataforma da corretora, filtre títulos pelo indexador (CDI, IPCA ou prefixado), prazo (mínimo de dois anos), rentabilidade e data de vencimento.
  4. Simule o investimento: Use a calculadora da corretora ou a “Calculadora do Cidadão” do Banco Central para projetar ganhos brutos e líquidos (após IR de 15%).
  5. Realize a aplicação: Informe o valor (mínimo R$ 50.000,00), confira taxas e características, e confirme a compra. O débito acontece em conta no mesmo dia.
  6. Acompanhe o título: Monitore os relatórios periódicos: evolução do CDI ou variação do IPCA, pagamentos de cupons (se houver) e datas de vencimento.
  7. Planeje o resgate: Na data de vencimento, confirme o recebimento do principal mais juros líquidos. Se necessário, decida reinvestir ou realocar os recursos.
  8. Conte com suporte especializado: Para maximizar resultados, tenha um assessor ou contador orientando sobre alocação, tributação e oportunidades de LF em mercados primário e secundário.

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As Letras Financeiras se consolidaram como uma alternativa relevante no universo da renda fixa, especialmente por oferecer rentabilidades superiores a outros títulos, como CDBs, LCIs e até mesmo alguns papéis públicos.

Com estrutura de longo prazo, exigência de capital mínimo elevado e ausência de proteção do FGC, as LFs atendem a estratégias de alocação mais robustas, voltadas à preservação e valorização patrimonial em horizontes estendidos.

Apesar dos atrativos, a LF apresenta limitações como baixa liquidez, risco de crédito direto e necessidade de planejamento financeiro rigoroso. Sua complexidade e estrutura de tributação demandam atenção redobrada na análise das condições oferecidas por cada emissor.

Por isso, o papel da Letra Financeira no portfólio deve ser sempre considerado à luz dos objetivos, tolerância a riscos e perfil de investimento do titular.

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