Trump falou, mas Wall Street parece ter entendido errado

Embora tenha voltado atrás do tarifaço, presidente parece não ceder aos apelos de Wall Street

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Publicado em 24/04/2025 às 12:44h - Atualizado Agora Publicado em 24/04/2025 às 12:44h Atualizado Agora por Wesley Santana
Donald está em seu segundo mandato nos EUA (Imagem: Shutterstock)
Donald está em seu segundo mandato nos EUA (Imagem: Shutterstock)

A vitória de Donald Trump no fim do ano passado chegou como um alívio para parte do mercado financeiro dos Estados Unidos. O republicano surgia como uma solução no momento em que esse grupo se dizia fiscalizado de forma excessiva pela administração do ex-presidente Joe Biden.

🗣 O primeiro discurso de Trump já como presidente, inclusive, foi como um afago para esses empresários que nem sequer prestaram atenção nas entrelinhas da fala. Em entrevista ao Financial Times, muitos deles destacaram que ninguém comentava sobre recessão econômica, tamanho era o otimismo em relação a este segundo mandato do magnata norte-americano.

No entanto, apenas dois meses foram suficientes para que a maré de otimismo se convertesse em um poça d’água. No “dia da libertação”, quando o presidente anunciou as tarifas de importação, os mercados reagiram de forma negativa, e os principais índices de Wall Street começaram a apitar no vermelho.

As tarifas não foram bem uma novidade, já que Trump falou sobre isso diversas vezes durante a sua campanha presidencial. Era parte do seu plano para “Make America Great Again” (Fazer a América grande outra vez, em português) tão repercutido durante os últimos meses.

"[Na época] não acreditamos nele. Presumimos que alguém no governo com experiência econômica diria a ele que tarifas globais eram uma má ideia", disse um executivo ao jornal norte-americano. "Estamos prestes a entrar em uma montanha-russa”.

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O alerta entre eles só surgiu mesmo quando, no intervalo de dois dias, o índice S&P 500, que reúne as maiores empresas do país, amargou uma queda de US$ 5 trilhões. Enquanto esperavam uma resposta mais concisa do chefe do Executivo, ele deu de ombros e afirmou não ter acompanhado o pregão da bolsa de valores.

Poucos dias depois, por causa do sangramento, já não era mais possível ignorar o tamanho do prejuízo que as ações norte-americanos registravam. “Para qualquer um em Wall Street nesta manhã, eu diria: confie no presidente Trump", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, na época.

Dias depois, Trump até voltou atrás do tarifaço, congelando as aplicações pelo período de 90 anos. Segundo fontes próximas, ele o fez mais porque via o mercado de títulos públicos em pânico, negociando seus papéis em um patamar parecido ao de um mercado emergente.

“O fato de o mercado de bônus estar se movendo em uma direção alarmante, em vez da direção da proteção, foi o grande divisor de águas que deixou todo mundo em Wall Street em um nível muito diferente de preocupação”, disse Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro e ex-presidente da Universidade Harvard, à reportagem.

Apesar disso, o presidente parece estar longe de ceder às pressões do mercado financeiro, e deixou isso bem claro nas últimas semanas: "Esta é uma revolução econômica e nós vamos vencer”, publicou ele nas redes sociais.