Super Quarta traz decisões de juros no Brasil e nos EUA, veja expectativas

Selic deve continuar em 15%, mas comunicado do Copom deve trazer novas menções às tarifas.

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Publicado em 30/07/2025 às 07:02h - Atualizado 20 horas atrás Publicado em 30/07/2025 às 07:02h Atualizado 20 horas atrás por Marina Barbosa
Copom anuncia a decisão de juros por volta das 18h30 (Imagem: Shutterstock)
Copom anuncia a decisão de juros por volta das 18h30 (Imagem: Shutterstock)

Os Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos definem o rumo das suas taxas básicas de juros nesta Super Quarta.

💲 A expectativa dos analistas é de manutenção dos juros, mas de ajustes nas expectativas de inflação e de recados sobre os próximos movimentos da política monetária, o que pode afetar a curva futura de juros e o retorno dos investimentos em renda fixa.

Veja o que esperar das decisões do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) e do Fed (Federal Reserve):

Copom

🏦 Por aqui, o Copom deve manter a taxa Selic em 15% ao ano e reforçar a mensagem de que os juros devem continuar em patamar elevado por um "período bastante prolongado".

O comitê levou a Selic para 15% em junho. Mas, à época, avisou que, caso o cenário esperado se confirmasse, devia pausar o ciclo de alta dos juros a partir da reunião desta quarta-feira (30) para avaliar os efeitos dos apertos monetários já realizados.

Para analistas, o cenário esperado pelo Copom se confirmou. Afinal, a inflação vem dando sinais de desaceleração e a atividade econômica também, apesar de o mercado de trabalho continuar forte.

O BTG diz que os dados divulgados desde então ficaram abaixo do esperado, mas avalia que não houve "surpresas que justificassem uma recalibração da política monetária".

A XP reforça que "os dados e notícias desde a última reunião devem convencer o Copom de que a política monetária está suficientemente contracionista com a taxa Selic no patamar atual".

Diante disso, o mercado não vê espaço para novos ajustes da Selic neste ano. A expectativa é de que a taxa básica de juros fique nos atuais 15% até o final de 2025 e comece a cair só em 2026.

Tarifa

🔎 Ainda assim, os analistas esperam alguns ajustes no comunicado do Copom, como uma menção às tarifas americanas.

Segundo o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a tarifa de 50% que os Estados Unidos prometem aplicar sobre os produtos brasileiros a partir de sexta-feira (1º) pode trazer alívio para a inflação no Brasil no primeiro momento.

"Os preços da manga e da carne já estão menores no atacado. E há outros itens que não vai ser mais possível enviar para os Estados Unidos e, por isso, serão relocados ou ficarão por aqui, o que deve diminuir o preço interno", explicou.

Ele diz, contudo, que o Copom deve manter um tom de cautela. Afinal, como ressaltou o especialista da Valor Investimentos, Ian Lopes, ainda há muita incertezas em relação ao cenário internacional e a guerra tarifária.

Há o risco, por exemplo, de que o dólar volte a subir caso a grive se agrave, o que representaria uma nova pressão inflacionária, segundo a XP. Além disso, a casa diz que uma eventual retaliação, via o aumento das tarifas cobradas dos produtos americanos, também poderia elevar os preços no Brasil.

Ainda assim, a XP ainda espera um "recuo moderado" nas projeções de inflação do Copom, com a projeção caindo de 4,9% para 4,8% no final de 2025 e de 3,6% para 3,5% no final de 2026.

Renda fixa

💸 A manutenção dos juros em 15% ao ano, no entanto, não significa que o retorno dos investimentos em renda fixa também ficará inalterado.

O Investidor10 apurou que alguns títulos de renda fixa estão pagando mais, mesmo com a perspectiva de que a Selic siga inalterada nos próximos meses. Confira:

Fed

Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas também é de manutenção da taxa de juros, no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Afinal, o Fed já disse que quer mais "clareza" sobre o impacto das tarifas sobre a inflação e a economia americana para poder ajustar a condução da política monetária.

O Fed, contudo, ainda projeta dois cortes de juros em 2025, o que levaria a taxa para o patamar entre 3,75% e 4,00% no final do ano. Por isso, o mercado vê a taxa caindo em setembro e dezembro deste ano e espera que o Banco Central dos Estados Unidos indique nesta quarta-feira (30) se essa avaliação ainda está de pé.

Os cortes são esperados devido, sobretudo, à perspectiva de desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos. Contudo, a inflação americana acelerou ligeiramente nos últimos meses e há um receio de que as tarifas pressionem ainda mais os preços. Por isso, o Fed não deve abandonar a cautela na condução da política monetária.