STF peitando Lei Magnitsky traz fortes prejuízos no Tesouro Direto

Uma nova narrativa de mercado tomou conta dos investimentos em renda fixa nesta terça-feira (19), revertendo, por ora, a tendência de queda das taxas diante do ciclo de queda da taxa Selic do patamar de 15% ao ano nos próximos meses. Afinal de contas, o que se vê hoje são taxas disparando e prejuízos de quase −3% na marcação a mercado no Tesouro Direto.

Isso porque os títulos públicos, que representam o ato de emprestar dinheiro ao governo brasileiro, também reagiam com intensidade à nova lei do Supremo Tribunal Federal (STF) que entrou em rota de colisão com legislação americana Magnitsky, em mais um capítulo da queda de braço entre Brasil e Estados Unidos.

Enquanto o ministro da Suprema Corte Flávio Dino determinou que leis e atos unilaterais de governos estrangeiros não podem produzir efeitos sobre cidadãos ou empresas brasileiras em território nacional, tanto os juros futuros quanto as taxas negociadas no Tesouro Direto saltaram diante da maior aversão a risco dos investidores.

Na prática, o Tesouro Renda+ 2065, título público voltado para acúmulo de aposentadoria extra e que possui o vencimento mais longo do Tesouro Direto, teve prejuízo na marcação a mercado de quase −3% em apenas um dia, dado que o seu preço unitário recuou de R$ 176,06 na véspera para os atuais R$ 172,28. Em compensação, sua remuneração no período saltou de IPCA+ 7,01% ao ano para IPCA+ 7,06% ao ano.

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Renda fixa chacoalha

Outro investimento em renda fixa também bastante impactado pela disparada das taxas é o Tesouro IPCA+ 2050, título público indexado à inflação e que possui o vencimento mais longo no indexador, cujo preço unitário afundou de R$ 861,66 para R$ 849,93, uma perda de −1,4% nas últimas 24 horas. Por sua vez, a remuneração avançou de IPCA+ 6,92% ao ano para IPCA+ 6,98% ao ano.

Para o analista Rafael Passos, da Ajax Asset, essa decisão monocrática tenta blindar os ministros de punições do governo americano, como as aplicadas a Alexandre de Moraes. Contudo, haverá um impasse a médio e longo prazo às entidades brasileiras, uma vez que não será possível descumprir a Magnitsky.

Ou seja, a volatilidade deve voltar a dar as cartas no Tesouro Direto, podendo interromper, por ora, o ciclo de lucro com marcação a mercado que depende da caída das taxas para destravar a valorização sobre o preço unitário dos títulos públicos. Nesse contexto, apenas o Tesouro Selic garante remuneração atrativa constante, beneficiada pela taxa básica de juros em 15% ao ano.

Acompanhe a seguir os preços e as rentabilidades dos títulos públicos no Tesouro Direto na tarde do dia 19 de agosto de 2025:

Títulos pré-fixados

• Tesouro Prefixado 2028 = Aporte mínimo de R$ 7,43 (Rentabilidade: 13,41% ao ano)
• Tesouro Prefixado 2032 = Aporte mínimo de R$ 4,39 (Rentabilidade: 13,89% ao ano)
• Tesouro Prefixado com juros semestrais 2035 = Aporte mínimo de R$ 8,18 (Rentabilidade: 14,01% ao ano)

Títulos pós-fixados

• Tesouro Selic 2028 = Aporte mínimo de R$ 171,60 (Rentabilidade: Selic + 0,0503% ao ano)
• Tesouro Selic 2031 = Aporte mínimo de R$ 170,83 (Rentabilidade: Selic + 0,1049% ao ano)

Títulos indexados à Inflação

• Tesouro IPCA+ 2029 = Aporte mínimo de R$ 34,36 (Rentabilidade: IPCA + 7,81% ao ano)
• Tesouro IPCA+ 2040 = Aporte mínimo de R$ 16,31 (Rentabilidade: IPCA + 7,11% ao ano)
• Tesouro IPCA+ 2050 = Aporte mínimo de R$ 8,49 (Rentabilidade: IPCA + 6,98% ao ano)
• Tesouro IPCA+ 2035 (com juros semestrais) = Aporte mínimo de R$ 41,83 (Rentabilidade: IPCA + 7,46% ao ano)
• Tesouro IPCA+ 2045 (com juros semestrais) = Aporte mínimo de R$ 40,47 (Rentabilidade: IPCA + 7,26% ao ano)
• Tesouro IPCA+ 2060 (com juros semestrais) = Aporte mínimo de R$ 38,94 (Rentabilidade: IPCA + 7,18% ao ano)

Títulos para aposentadoria extra

• Tesouro Renda+ 2030 = Aporte mínimo de R$ 18,11 (Rentabilidade: IPCA + 7,24% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2035 = Aporte mínimo de R$ 13,06 (Rentabilidade: IPCA + 7,11% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2040 = Aporte mínimo de R$ 9,40 (Rentabilidade: IPCA + 7,05% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2045 = Aporte mínimo de R$ 6,73 (Rentabilidade: IPCA + 7,03% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2050 = Aporte mínimo de R$ 4,82 (Rentabilidade: IPCA + 7,02% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2055 = Aporte mínimo de R$ 3,41 (Rentabilidade: IPCA + 7,04% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2060 = Aporte mínimo de R$ 2,41 (Rentabilidade: IPCA + 7,06% ao ano)
• Tesouro Renda+ 2065 = Aporte mínimo de R$ 1,72 (Rentabilidade: IPCA + 7,06% ao ano)

Títulos para custear estudos

• Tesouro Educa+ 2026 = Aporte mínimo de R$ 36,59 (Rentabilidade: IPCA + 8,12% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2027 = Aporte mínimo de R$ 34,12 (Rentabilidade: IPCA + 7,90% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2028 = Aporte mínimo de R$ 31,82 (Rentabilidade: IPCA + 7,76% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2029 = Aporte mínimo de R$ 29,70 (Rentabilidade: IPCA + 7,66% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2030 = Aporte mínimo de R$ 27,73 (Rentabilidade: IPCA + 7,58% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2031 = Aporte mínimo de R$ 25,91 (Rentabilidade: IPCA + 7,51% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2032 = Aporte mínimo de R$ 24,27 (Rentabilidade: IPCA + 7,43% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2033 = Aporte mínimo de R$ 22,76 (Rentabilidade: IPCA + 7,35% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2034 = Aporte mínimo de R$ 21,34 (Rentabilidade: IPCA + 7,29% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2035 = Aporte mínimo de R$ 20,01 (Rentabilidade: IPCA + 7,24% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2036 = Aporte mínimo de R$ 16,78 (Rentabilidade: IPCA + 7,19% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2037 = Aporte mínimo de R$ 17,59 (Rentabilidade: IPCA + 7,16% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2038 = Aporte mínimo de R$ 16,47 (Rentabilidade: IPCA + 7,14% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2039 = Aporte mínimo de R$ 15,39 (Rentabilidade: IPCA + 7,13% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2040 = Aporte mínimo de R$ 14,37 (Rentabilidade: IPCA + 7,13% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2041 = Aporte mínimo de R$ 13,42 (Rentabilidade: IPCA + 7,13% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2042 = Aporte mínimo de R$ 12,53 (Rentabilidade: IPCA + 7,13% ao ano)
• Tesouro Educa+ 2043 = Aporte mínimo de R$ 11,75 (Rentabilidade: IPCA + 7,11% ao ano)