Selic só deve começar a cair em 2026, avalia mercado

Ao elevar Selic para 15%, Copom disse que juros devem seguir altos por "período bastante prolongado".

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Publicado em 19/06/2025 às 15:00h - Atualizado Agora Publicado em 19/06/2025 às 15:00h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Selic está no maior patamar desde julho de 2006 (Imagem: Shutterstock)
Selic está no maior patamar desde julho de 2006 (Imagem: Shutterstock)

A Selic deve permanecer em 15% até pelo menos o início do próximo ano. Esta é a avaliação do mercado, depois do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) dessa quarta-feira (18).

🏦 O Copom elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, colocando a Selic no maior patamar em quase 20 anos e surpreendendo boa parte do mercado, que apostava na manutenção da taxa em 14,75%.

Não bastasse isso, o comitê adotou um tom duro e avisou que os juros devem continuar em um "patamar significativamente contracionista" por um "período bastante prolongado".

O termo "bastante" é uma das novidades do comunicado do Copom e, na avaliação dos analistas, mostra que o comitê só deve começar a falar em corte de juros no próximo ano.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchéz, "o intuito do BC ficou claro: pesar a mão para afastar cenários de cortes de juros precoces da curva".

"O ciclo de corte de juros é assunto fora da mesa", reforçou o economista do Banco Daycoval, Julio Cesar Barros.

O Itaú BBA ainda observou que, uma vez pausado um ciclo de alta dos juros, o Copom costuma levar de quatro a cinco reuniões antes de se mover na direção oposta.

O comitê tem mais quatro reuniões neste ano. Por isso, se seguir essa tendência, só deve mesmo reduzir a Selic em 2026.

Mas quando em 2026?

🗓️ Os analistas, no entanto, ainda se dividem sobre em que momento do próximo ano a Selic deve começar a cair.

O Itaú BBA, por exemplo, vê espaço para que os cortes comecem já no começo de 2026.

O Citi, por sua vez, avalia que a probabilidade de o Copom cortar os juros no primeiro trimestre de 2026 diminuiu, segundo o "Estado do S. Paulo".

E a Ativa já espera que a Selic continue em 15% até "meados do ano que vem".

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Por que os juros seguirão altos?

O Copom prevê juros altos por um "período bastante prolongado" por entender que "o cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho".

📈 O BC (Banco Central) persegue uma meta de inflação de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Contudo, acredita que a inflação brasileira vai subir 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026. Além disso, vê riscos "mais elevados do que o usual" para a inflação.

Estes são os riscos de alta da inflação observados pelo Copom:

  • desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  • maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
  • conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

E os riscos de baixa:

  • eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação;
  • desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza;
  • redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

A Selic ainda pode subir?

🔎 Diante desse cenário de incertezas, o Copom ainda não descarta totalmente uma nova alta dos juros.

Ao elevar a Selic para 15% nessa quarta-feira (18), o comitê antecipou uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do aperto já realizado.

Ou seja, para "avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta".

Contudo, avisou que "seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado".

Para analistas, a mensagem é de que os juros não devem mudar na próxima reunião do Copom, em julho. Contudo, podem voltar a subir se o cenário econômico piorar.

O economista do Banco Daycoval, Julio Cesar Barros, acredita, contudo, que seria preciso uma "deterioração importante" do cenário para que os juros voltassem a subir.

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