Rede D’Or (RDOR3) corta previsão de novos leitos até 2028; ações caem
A companhia reduziu em 21% a previsão de novos leitos para o período de 2025 a 2028, passando de 4.000 para 3.200 unidades

🚨 A Rede D’Or (RDOR3), maior grupo hospitalar do Brasil, revisou para baixo seu plano de expansão para os próximos anos, gerando forte reação na cotação das suas no pregão desta terça-feira (03).
A companhia reduziu em 21% a previsão de novos leitos para o período de 2025 a 2028, passando de 4.000 para 3.200 unidades. Para 2025, o corte foi ainda mais acentuado, de 45%, com a projeção caindo de 900 para apenas 500 novos leitos.
As ações da Rede D’Or recuaram 3,42%, cotadas a R$ 36,16 por volta das 16h15, liderando as perdas do Ibovespa, que subia 0,36% no mesmo horário.
A queda reflete a frustração de investidores e analistas, que viam no crescimento agressivo da capacidade um dos principais pilares para a valorização da empresa nos próximos anos.
Brownfield e Greenfield: onde a Rede D’Or cortou
A revisão afetou principalmente os projetos brownfield — aqueles realizados em hospitais existentes, onde a companhia amplia a estrutura física.
A nova previsão para esses projetos caiu de 4.600 para 2.600 leitos, uma redução de 45%. Já nos projetos greenfield, que envolvem a construção de novos hospitais do zero, a queda foi de 14%, passando de 740 para 640 leitos.
O capex (investimento) por leito também sofreu leve ajuste, reduzido de R$ 1,45 milhão para R$ 1,4 milhão. Segundo a empresa, a atualização desconsidera três unidades que já foram entregues em 2024.
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O que dizem os analistas
O Bradesco BBI classificou a revisão como amplamente negativa. O banco apontou que a Rede D’Or tem se beneficiado do crescimento das operadoras SulAmérica e Bradesco Saúde, e que a redução nos projetos brownfield é especialmente preocupante, já que esses projetos são mais rentáveis e não exigem credenciamento de novos pagadores.
Apesar da avaliação negativa, o BBI manteve a recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 34, argumentando que, mesmo com o corte, a expansão prevista representa um crescimento de 25% na capacidade instalada — bem acima da média histórica e da expectativa conservadora do próprio banco.
O Morgan Stanley também considerou a revisão negativa para as perspectivas de crescimento de longo prazo.
O banco acredita que o corte é um reflexo de condições econômicas mais desafiadoras e da redução do número de operadoras de saúde com bom desempenho financeiro no Brasil.
Além disso, lembrou que a Rede D’Or encerrou contratos com grandes operadoras como a Amil (3,1 milhões de vidas) e a Unimed FERJ (452 mil vidas), reduzindo a base potencial de clientes em algumas regiões.
Ainda assim, o Morgan manteve a recomendação de compra e elevou o preço-alvo das ações para R$ 37, destacando que a revisão melhora a disciplina de alocação de capital da empresa e pode ser positiva para a geração de caixa no longo prazo.
O Itaú BBA viu o anúncio com certo pessimismo, ressaltando que a nova previsão está 21% abaixo do plano original e 11% inferior às suas próprias projeções de expansão para o período de 2025 a 2029.
O banco também destacou que o mercado esperava surpresas positivas em relação à parceria com a Atlântica D’Or, subsidiária da Bradesco Saúde, mas isso não se concretizou — pelo menos por enquanto.
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Apesar da revisão, o BBA manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 46, apoiando-se em três pilares:
- A existência de mercados com população de alta renda ainda pouco explorados;
- A forte penetração de planos como Bradesco Saúde e SulAmérica;
- A ausência de competidores locais com qualidade similar.
O Citi foi direto ao ponto e avaliou que o corte de projeções, ainda que esperado em parte, não é um bom sinal para quem mira o crescimento de longo prazo da Rede D’Or.
O banco não alterou a recomendação, mas destacou que a confiança no crescimento estrutural da empresa pode ser abalada.
Por fim, o JPMorgan ponderou que o impacto da revisão será limitado no curto prazo. Segundo o banco, o corte nos planos brownfield foi motivado pelo cancelamento de contratos pouco rentáveis, o que libera capacidade nos hospitais já existentes.
Isso, segundo o banco, elimina a necessidade de novos investimentos imediatos em algumas praças.
O JPMorgan manteve sua avaliação overweight para as ações, revisando o preço-alvo para R$ 42 para dezembro de 2026, em comparação com R$ 36 para o final de 2025.
O que está por trás da revisão?
📊 A decisão de reduzir o ritmo de expansão pode estar ligada a um cenário macroeconômico mais desafiador.
A alta persistente dos juros e a desaceleração do consumo têm afetado a renda das famílias, o que pode impactar a demanda por planos de saúde e, consequentemente, por serviços hospitalares.
Além disso, a concorrência no setor de saúde privada vem crescendo, com novos players entrando no mercado e uma reconfiguração das grandes operadoras.
O ambiente mais competitivo exige uma gestão ainda mais eficiente de capital — o que pode ter motivado a Rede D’Or a priorizar a rentabilidade em vez do crescimento acelerado.
Outro fator importante é a própria estrutura financeira da companhia. Em 2024, a Rede D’Or já havia sinalizado que buscaria maior disciplina de capital, focando em projetos com retorno mais previsível e diluindo riscos operacionais e financeiros.
RDOR3 ainda vale a pena?
📈 Apesar da reação negativa inicial, analistas do JPMorgan e Itaú BBA ainda enxergam a Rede D’Or como uma das melhores opções no setor de saúde brasileiro.
A companhia mantém forte presença nos principais mercados, parceria estratégica com a Bradesco Saúde e SulAmérica, e pode se beneficiar de uma eventual melhora nas condições econômicas nos próximos anos.
A aposta agora é que a empresa consiga gerar valor com a otimização da estrutura existente e aproveite a joint venture com a Atlântica D’Or para expandir de forma mais seletiva.

RDOR3
REDE D'ORR$ 36,24
36,85 %
7,95 %
1.92%
20,32
3,32

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