Real foi a 13ª moeda que mais se valorizou em 2023; veja ranking

A campeã foi o afegane, que subiu 26,3% em relação ao dólar. Já a lanterna ficou com o peso argentino, que despencou 78,1%

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Publicado em 03/01/2024 às 10:50h - Atualizado 2 meses atrás Publicado em 03/01/2024 às 10:50h Atualizado 2 meses atrás por Marina Barbosa
Real subiu 7,8% em relação ao dólar em 2023 (Shutterstock)
Real subiu 7,8% em relação ao dólar em 2023 (Shutterstock)

O real foi a 13ª moeda que mais se valorizou em relação ao dólar dos Estados Unidos em 2023. A moeda brasileira subiu 7,8% e superou o desempenho de moedas como o euro e a libra. Contudo, países como Afeganistão, Colômbia e México conseguiram valorizar ainda mais as suas moedas no ano passado.

O ranking das moedas que mais se valorizaram perante o dólar em 2023 foi elaborado pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a pedido do Investidor10. E é liderado pelo Afeganistão, já que o governo do Taleban proibiu o uso de moedas estrangeiras no país para tentar revalorizar a moeda local. O resultado foi uma alta de 26,3% do afegane em 2023.

Os pesos da Colômbia e do México completam o pódio, com altas de 25,3% e 15,4%, respectivamente. “São dois países emergentes que sofreram muito na pandemia, mas depois se recuperaram fortemente”, explicou Alex Agostini.

📈 Veja as 10 moedas que mais se valorizaram em relação ao dólar em 2023:

  • Afeganistão - afegane: 26,3%;
  • Colômbia - peso colombiano: 25,3%;
  • México - peso mexicano: 15,4%;
  • Sri Lanka - rupia: 14,8%;
  • Haiti - gourde: 13,9%;
  • Costa Rica - colon: 13,8%;
  • Albânia - lek: 13,1%;
  • Polônia - zloty: 11,8%;
  • Iraque - dinar: 11,5%;
  • Suíça - franco suíço: 10,1%.

O ranking elaborado por Alex Agostini, da Austin Rating, considera o desempenho de 118 moedas em relação ao dólar. Dessas:

  • 48 se valorizaram, como o afegane;
  • 17 tiveram uma variação nula (0%), como o dirham dos Emirados Árabes Unidos;
  • 53 se desvalorizaram, começando pelo dólar australiano (-0,1%).

“Com a questão dos juros nos Estados Unidos mais definida, as moedas voltaram a ter um comportamento mais relacionado para fatores domésticos, como endividamento externo, comércio exterior e investimentos estrangeiros”, comentou Alex Agostini.

Real em 13º lugar

O real fechou o ano aos R$ 4,85. Com isso, apresentou uma valorização de 7,8% em relação ao dólar e ficou no 13º lugar do ranking das moedas que mais se valorizaram em relação à moeda americana.

🪙 Além das 10 moedas listadas acima, só superaram o desempenho do real as moedas da Moldávia (leu) e da Hungria (forint), que subiram 9,6% e 8,5% em 2023, respectivamente.

O desempenho da moeda brasileira superou, portanto, o de moedas como libra esterlina (5,7%), coroa sueca (3,8%), euro (3,6%) e dólar canadense (2,1%).

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Para Alex Agostini, o desempenho do real foi positivo em 2023, mas poderia ter sido ainda melhor. Para ele, a moeda brasileira ainda está desvalorizada, mas não teve um comportamento melhor no ano passado por causa das dúvidas sobre aquestão fiscal, as incertezas em relação ao início do novo governo Lula (PT) e o cenário externo ainda turbulento.

🗨️ “O real poderia ter ficado entre as 10 maiores, porque tem bons fundamentos. O que fez a diferença foi a preocupação ainda muito presente com a questão fiscal brasileira”, comentou o economista-chefe da Austin Rating.

Para este ano de 2024, no entanto, a expectativa é diferente. Alex Agostini projeta uma leve desvalorização do real em relação ao dólar. Ele vê o câmbio subindo dos atuais R$ 4,91 para R$ 5,05 ao final do ano. O mercado projeta um câmbio de R$ 5 ao final de 2024, segundo o Boletim Focus.

“Neste ano, a expectativa é de uma desvalorização pequena do real por causa das dúvidas em relação à capacidade de atingir o equilíbrio fiscal e porque, com a queda dos juros no Brasil e a estabilidade dos juros nos Estados Unidos até meados do ano, o diferencial dos juros vai ser bem menor. Com isso, vai valer mais a pena deixar o dinheiro investido lá”, afirmou Agostini.

Argentina na lanterna

Por outro lado, as moedas que mais se desvalorizaram em relação ao dólar em 2023 são as de países que enfrentamcrises econômicas. Na lanterna, por exemplo, está o peso argentino, que despencou 78,1% em meio à alta da inflação no país.

A Venezuela teve a segunda maior desvalorização: o bolívar caiu 51,9% em relação ao dólar. “As moedas que mais se desvalorizaram foram as dos países em que houve algum problema econômico político ou de guerra civil, como o Sudão do Sul”, acrescentou Alex Agostini.

Também envolvidas em conflitos, Rússia, Ucrânia e Israel viram suas moedas se desvalorizarem perante o dólar em 2023. O rublo russo caiu 18,3%; o hryvnia ucraniano, -3,1%; e o shekel isralense, -2,8%.

A lista de desvalorizações, contudo, também traz surpresas. O renminbi chinês, por exemplo, caiu 2,9% em relação ao dólar em 2023. Outra potência emergente, a Índia também está na lista, com uma queda de 0,7% da rúpia.

📉 Veja as 10 moedas que mais se desvalorizaram em relação ao dólar em 2023:

  • Argentina - peso argentino: -78,1%;
  • Venezuela - bolívar: -51,9%;
  • Nigéria - naira: -50,1%;
  • Angola - kwanza: -39,2%;
  • Malawi - kwacha malauiano: -38,5%;
  • Sudão do Sul - libra sul-sudanesa: -37,3%;
  • Turquia - lira turca: -36,6%;
  • Zâmbia - kwacha zambiano: -29%;
  • Belarus - rublo belarus: -23,5%;
  • Quênia - xelim: -21,6%.

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