Organização criminosa cogitou usar veneno para matar Lula, diz PF

Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes também seriam alvos

Author
Publicado em 19/11/2024 às 11:30h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 19/11/2024 às 11:30h Atualizado 1 dia atrás por Wesley Santana
(Imagem: Agência Brasil)
(Imagem: Agência Brasil)

Nesta terça-feira (19), a Polícia Federal deflagou uma operação com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado após as eleições de 2022. Os indiciados também teriam feito planos para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, além do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. 

🚔 De acordo com a polícia, os investigados batizaram a operação como “Punhal Verde e Amarelo”, datada para acontecer em 15 de dezembro de 2022. Foram alvos da prisão quatro militares do Exército: general de brigada Mario Fernandes, tenente-coronel Helio Ferreira Lima, major Rodrigo Bezerra Azevedo e major Rafael Martins de Oliveiral.

Por mais de um ano, o general Mario Fernandes atuou no gabinete de Eduardo Pazuello quando este era ministro da Saúde na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois da troca de governo, ele foi trabalhar no Partido Liberal, mas foi demitido em março após ser citado no inquérito que investiga uma trama golpista.

Segundo informações da PF, o plano para assassinar Lula e Alckmin teria sido debatido na casa do general Braga Netto em novembro de 2022, assim que divulgados os resultados das eleições. A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e documentos apreendidos no âmbito das investigações teriam corroborado o encontro.

💣 Leia mais: O que se sabe até agora sobre o ataque em Brasília

A PF descobriu que Cid deletou parte do material que havia em seus celulares, mas conseguiu restaurar os arquivos. Por isso, o ex-militar deve prestar novo depoimento e ter sua delação premiada reavaliada pela Justiça. 

As mensagens foram interceptadas em um grupo denominado “Copa 2022” no aplicativo Signal. Os participantes usavam codinomes relacionados a alguma seleção para dificultar uma eventual identificação. 

Até o fechamento desta reportagem, as defesas dos militares presos não haviam se comunicado com a imprensa. Caso o façam, esse texto será atualizado. 

Envenenamento

🔎 Ainda de acordo com a Polícia, os investigados consideraram várias formas de assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Os planos eram vitimar não só eles, mas também a equipe que estivesse no momento do atentado.

No documento apreendido, Lula era chamado de “Jeca”, Alckimin de “Joca” e Moraes de “professora”. Todos eles eram monitorados pelos chamados “kids pretos, grupo de militares das Forças Especiais do Exército. 

"Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico", pontua a PF.

"Claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado", diz o documento, sobre Moraes.

A organização foi dividida em cinco núcleos, ainda segundo as investigações: ataques virtuais; ataques às instituições; tentativa de Golpe de Estado; ataques às vacinas; uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens. Este último foi subdivido em: uso de cartões corporativos para despesas pessoais, inserção de dados falsos em sistemas públicas, além de desvio de bens de alto valor entregues à Presidência.