Morre Maria da Conceição Tavares, uma das principais economistas do país
Ex-deputada federal morreu em casa, aos 94 anos
Morreu neste sábado (8), no Rio de Janeiro, aos 94 anos, a economista Maria da Conceição Tavares, considerada uma das principais profissionais do Brasil. Ela foi uma das fundadoras da Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entidade que confirmou seu falecimento.
“Maria da Conceição Tavares faleceu hoje. Foi professora titular e emérita do Instituto de Economia. Por sua retidão moral, dedicação e capacidade intelectual, Conceição foi a voz responsável pela persistência do pensamento latino-americano de esquerda no Brasil, tendo fundado as escolas de Campinas, nossa irmã intelectual, e nós mesmo”, disse a UFRJ, em nota.
Tavares nasceu em Portugal em abril de 1930, mas se naturalizou brasileira em 1957, três anos depois de desembarcar no país. Além da carreira na área acadêmica, onde atuou na UFRJ e na Unicamp (Universidade de Campinas), ela também trabalhou no BNDES.
Devido a sua postura crítica dura, ela foi uma das vítimas da ditadura militar no Brasil, tendo sido presa por dois dias sem saber o motivo. Pouco tempo depois, se exilou no Chile, onde atuou na Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
Foi na década de 1980, porém, que a economista ganhou popularidade, quando passou a escrever artigos que criticavam a política econômica do governo em questão. Logo depois, já no período de estabilização econômico, teve assento nas cadeiras do Plano Real, passando a atuar como consultora do Ministério do Planejamento.
Ela também fez carreira na área política, tendo sido filiada ao PMDB -hoje MDB- e ao PT (Partidos dos Trabalhadores), pelo qual se elegeu deputada estadual na Assembleia Legislativa do Rio. Essa foi a única vez que Maria se candidatou a um cargo eletivo em sua vida, segundo a sua biografia.
A causa da morte não foi divulgada. Conceição deixa dois filhos, dois netos e um bisneto. “Adeus professora. Muito obrigado. Tentaremos tocar adiante como grande homenagem”, finalizou nota da UFRJ.
Repercussão
A morte da economista repercutiu no mundo político e econômico neste sábado, com diversas homenagens à professora.
Em postagem no X (antigo Twittter), o presidente Lula postou uma foto e disse que ela foi “uma das maiores da história”. “Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil”, escreveu.
O presidente do IBGE também se manifestou, dizendo que ela “deixa uma trajetória exemplar de educadora engajada. "Intelectual comprometida com a transformação nacional ousou diuturnamente enfrentar a ditadura civil-militar, constituindo parte integrante do movimento da democratização do país”, afirmou Márcio Porchmann.
A ex-presidente Dilma a classificou como uma mulher brilhante e comprometida com a soberania nacional. "Minha amiga e professora era uma mulher brilhante e profundamente comprometida com a soberania nacional, tendo atuado decisivamente na construção de um Brasil menos desigual”, frisou.
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