Morre Delfim Netto, ministro da ditadura e conselheiro de Lula
O economista morreu aos 96 anos, em São Paulo, após uma semana internado.

Antônio Delfim Netto, que foi ministro da Fazenda em momentos cruciais da economia brasileira, morreu nesta segunda-feira (12), aos 96 anos.
O ex-ministro estava internado há uma semana no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e morreu por causa de complicações no seu estado de saúde.
Delfim Netto foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de deputado federal e, mais recentemente, conselheiro de políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Superministro da ditadura
Economista e professor emérito da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), Delfim Netto iniciou a sua carreira política na década de 1960. Ele foi nomeado Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo em 1966 e assumiu o Ministério da Fazenda em 1967.
Ele foi ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, nos governos dos generais Artur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Medici, na ditadura militar.
📈 Neste período, focou em reduzir a inflação e aumentar o crescimento econômico do país. Para isso, reduziu juros, aumentou o crédito e os investimentos públicos para incentivar o desenvolvimento da indústria e da infraestrutura nacional. O resultado foi o período conhecido como "o milagre econômico".
Delfim Netto, no entanto, deixou o cargo no governo de Ernesto Geisel, em 1974, e passou a exercer a função de embaixador brasileiro em Paris.
Na volta ao Brasil, em 1978, assumiu o Ministério da Agricultura e posteriormente o do Planejamento, no governo de João Figueiredo. O cenário econômico, no entanto, era diferente, devido ao aumento da inflação, dos preços do petróleo e da dívida externa brasileira.
Carreira política
Essas turbulências econômicas deram início à chamada "década perdida" dos anos 1980. Ainda assim, Delfim Netto foi eleito deputado federal em 1986 pelo PDS (Partido Democrático Social). Ele foi reeleito para a Câmara dos Deputados mais quatro vezes.
Depois disso, virou conselheiro de políticos e presidentes brasileiros. Delfim Netto é apontado, por exemplo, como um dos principais interlocutores de Lula nos dois primeiros mandatos do petista, de 2002 a 2010.
Em 2016, acabou tendo o nome citado na Operação Lava-Jato, mas Lula disse que este havia sido mais um erro da operação. Recentemente, criticou o governo de Jair Bolsonaro (PL), dizendo que havia sido um período de "confusão, preconceito, ideias equivocadas e subdesenvolvimento”. Em 2021, disse ainda que a eleição de Lula era melhor para o mercado do que a reeleição de Bolsonaro.
Governo manifesta pesar
Em nota publicada pelo Palácio do Planalto nesta segunda-feira (12), o presidente Lula disse que Delfim Netto era uma "referência do debate econômico no país" e "participou muito da elaboração das políticas econômicas" dos seus dois primeiros mandatos.
"Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos", afirmou Lula.
E seguiu: "Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes".
O Ministério da Fazenda também manifestou pesar pela morte do ex-ministro. "Delfim Netto foi um referencial em diferentes fases da história do país. Por décadas, fomentou debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira", destacou.

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