Moody’s rebaixa EUA e tira país do seleto grupo AAA após mais de uma década

Segundo a Moody’s, a decisão reflete a deterioração fiscal estrutural dos EUA, marcada pela dívida crescente.

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Publicado em 16/05/2025 às 19:13h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 16/05/2025 às 19:13h Atualizado 1 minuto atrás por Matheus Silva
A agência critica a falta de consenso político entre governo e Congresso (Imagem: Shutterstock)
A agência critica a falta de consenso político entre governo e Congresso (Imagem: Shutterstock)

🚨 A agência de classificação de risco Moody’s Ratings rebaixou, nesta sexta-feira (16), a nota de crédito de longo prazo dos Estados Unidos de ‘Aaa’ para ‘Aa1’, excluindo oficialmente o país do grupo das nações com risco soberano mínimo — o chamado “clube AAA”.

Segundo a Moody’s, a decisão reflete a deterioração fiscal estrutural dos EUA, marcada por dívida crescente e juros cada vez mais altos, sem contrapartida em cortes de gastos ou aumento de receitas.

A agência critica a falta de consenso político entre governo e Congresso, apontando que nenhuma das propostas em discussão hoje é capaz de reverter essa trajetória.

“As sucessivas administrações falharam em implementar medidas plurianuais para reduzir os déficits e controlar os gastos obrigatórios”, diz a Moody’s em relatório.

Dívida americana pode alcançar 134% do PIB em 2035

De acordo com as projeções da Moody’s, a dívida pública dos Estados Unidos pode atingir impressionantes 134% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, frente aos 98% esperados para 2024.

O aumento seria puxado pelo avanço contínuo em gastos obrigatórios — como Previdência e Saúde — ao passo que a arrecadação federal permaneceria praticamente estável no longo prazo.

A agência observa que, apesar de o crescimento econômico de curto prazo mostrar sinais positivos, a trajetória de endividamento se tornou insustentável sem reformas fiscais estruturais.

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Dólar forte e Fed independente sustentam perspectiva estável

Apesar do rebaixamento, a Moody’s manteve a perspectiva estável para os ratings norte-americanos. Segundo a agência, os EUA ainda preservam atributos “excepcionais” de crédito, como:

  • O status do dólar como moeda de reserva global dominante;
  • Um Federal Reserve independente, com histórico de atuação eficaz em política monetária;
  • A confiança internacional nos mercados de dívida soberana americana, que ainda são os mais líquidos e profundos do mundo.

Os tetos de longo prazo em moeda local e estrangeira seguem classificados em ‘Aaa’, sem alterações.

Riscos políticos e fiscais em foco

📊 O rebaixamento da Moody’s ocorre em um momento em que os impasses fiscais se intensificam no Congresso dos EUA, especialmente diante da eleição presidencial de 2026.

O crescimento do déficit e o aumento da taxa básica de juros elevam os custos de financiamento do Tesouro, reduzindo a margem de manobra do governo para lidar com choques econômicos futuros.

Com isso, os EUA se juntam a países como França e Reino Unido, que também perderam a nota máxima nos últimos anos.

Entre as três grandes agências de rating, apenas a Fitch e a S&P já haviam rebaixado os EUA anteriormente. Agora, o rebaixamento da Moody’s representa um consenso entre os maiores avaliadores de risco do planeta.