Milei envia ministra argentina a Brasília para fortalecer laços com governo Lula

A viagem acontece mesmo com as diferenças ideológicas entre os dois presidentes, que ainda não estabeleceram uma relação direta.

Author
Publicado em 11/04/2024 às 21:22h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 11/04/2024 às 21:22h Atualizado 3 meses atrás por Jennifer Neves
Foto - Shutterstock
Foto - Shutterstock

🤝 O presidente argentino, Javier Milei, decidiu enviar a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, a Brasília para sua primeira agenda de trabalho com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira, dia 15. Mondino será recebida pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, no Itamaraty.

A viagem busca estreitar os laços entre os governos, mesmo com as diferenças ideológicas entre os dois presidentes, que ainda não estabeleceram uma relação direta.

A visita de Mondino será a primeira de um alto representante do governo Milei com o objetivo de tratar de temas da agenda bilateral com o governo Lula.

Em fevereiro, Mondino e o ministro da Economia, Luis Caputo, visitaram o Brasil para reuniões com seus homólogos Mauro Vieira e Fernando Haddad (Fazenda), em encontros vinculados ao G-20 de chanceleres, no Rio, e de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais, em São Paulo.

Ela também havia visitado Brasília de forma discreta antes da posse de Milei, no ano passado, para entregar um convite a Lula para comparecer à cerimônia de posse, o que foi recusado devido a tensões entre os presidentes.

A reunião planeja revisar a agenda entre os países, abrangendo questões políticas e econômicas, balança comercial, projetos conjuntos como a oferta de compra de gás de Vaca Muerta, Mercosul, entre outros temas.

Mondino será acompanhada por dois embaixadores: o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Héctor Marcelo Cima, e o subsecretário para Assuntos Americanos, Mariano Vergara.

O Brasil enviou missões técnicas a Buenos Aires para discutir agricultura, compra de gás, cooperação energética e segurança, lideradas pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos.

A secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, foi à capital argentina para conversar com o secretário de Relações Exteriores da chancelaria argentina, embaixador Leopoldo Sahores, em uma reunião do Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina.

A visita de Mondino antecede a chegada do novo embaixador escolhido por Milei para representá-lo em Brasília, Guillermo Daniel Raimondi, que ainda não tem data prevista para assumir o posto.

Em entrevista ao Estadão, o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Bitelli, afirmou que as relações entre as burocracias dos dois países continuam dentro da normalidade, com a diplomacia buscando manter canais de diálogo com os ministros de Milei para evitar conflitos.

Segundo Bitelli, Milei teve um "choque de realidade" ao assumir o cargo e foi advertido por industriais argentinos sobre a dependência do setor no país em relação ao Brasil. Agora, há uma maior disposição do lado argentino em explorar a relação com o Brasil.

Bitelli vê uma decisão do governo argentino de não agravar as divergências com Lula e avalia que os incidentes foram exagerados, refletindo uma tendência nas sociedades de ambos os países.

O embaixador brasileiro destacou gestos recentes do governo Lula em apoio à Argentina, como a aprovação de um empréstimo na CAF e uma declaração em apoio à reivindicação argentina sobre as Ilhas Malvinas.