Lula demite a ministra da Saúde, Nísia Trindade

Ela será substituída por Alexandre Padilha, em uma tentativa do governo de impor um perfil mais político ao cargo.

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Publicado em 25/02/2025 às 19:47h - Atualizado 7 horas atrás Publicado em 25/02/2025 às 19:47h Atualizado 7 horas atrás por Marina Barbosa
Lula reuniu-se com Nísia nesta 3ª feira (Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República)
Lula reuniu-se com Nísia nesta 3ª feira (Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu nesta terça-feira (25) a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

🩺 Ela será substituída por Alexandre Padilha, que ocupa o Ministério das Relações Institucionais atualmente e tomará posse no novo posto logo depois do Carnaval, em 6 de março.

A troca no Ministério da Saúde já era esperada, mas só foi confirmada em reunião realizada entre Lula e Nísia na tarde desta terça-feira (25).

Segundo o Planalto, o presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério no encontro.

Lula ainda deve trocar outros ministros nas próximas semanas, para tentar fortalecer a relação com o Congresso Nacional e melhorar a sua popularidade.

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A troca de Nísia, uma ministra de perfil técnico, mostra a busca de ministros com um perfil mais político, bom trânsito entre os parlamentares e capacidade de comunicar bem as ações das suas pastas.

Pesquisadora e professora universitária, Nísia Trindade havia sido indicada para o Ministério da Saúde ainda durante a transição do governo Lula. Foi uma tentativa de adotar uma postura diferente da de Jair Bolsonaro (PL) na área e ainda fazer um aceno à comunidade científica. Afinal, Nísia comandou a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) durante a pandemia de covid-19.

💲 No governo, no entanto, Nísia entrou em atrito com deputados e senadores por causa da liberação das emendas parlamentares. A pasta tem um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios, mas reforçou o uso de critérios técnicos na liberação dos recursos.

Além disso, Lula teria reclamado da demora na entrega de projetos da área de saúde que poderiam melhorar a sua popularidade, como o Mais Acesso a Especialistas, que promete aumentar os atendimentos na rede pública.

O aumento dos casos de dengue, aliado ao ritmo lento de vacinação contra a doença, também pesaram contra a ministra.

O novo ministro

Alexandre Padilha já comandou o Ministério da Saúde no governo de Dilma Rousseff (PT) e ajudou a estruturar o programa Mais Médicos nesse período.

Médico infectologista, professor e pesquisador do SUS (Sistema Único de Saúde), ele disse que fortalecer a rede pública de saúde será sua principal missão nesta nova passagem pelo Ministério da Saúde.

"Fortalecer o SUS continuará sendo a nossa grande causa, com atenção especial para a redução do tempo de espera de quem busca cuidado na rede de saúde. Esse é o comando que recebi do presidente Lula e ao qual vou me dedicar integralmente", afirmou.

Na publicação, Padilha ainda destacou a "profunda admiração e carinho" à "amiga Nísia Trindade".

"Símbolo de compromisso e seriedade à frente da Fiocruz e do Ministério da Saúde, Nísia deixa um legado de reconstrução do SUS, após anos de gestões negacionistas, que nos custaram centenas de milhares de vidas", afirmou.

Veja o que disse o próximo ministro da Saúde:

Evento de despedida

Lula e Nísia já haviam se encontrado nesta terça-feira (25), na cerimônia de assinatura do acordo para produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue.

👏 A ministra foi muito aplaudida ao ser anunciada na solenidade e falou por cerca de 30 minutos, apesar da orientação de Lula de que os ministros devem limitar seus discursos a 5 minutos em eventos oficiais.

No discurso, Nísia fez uma série de agradecimentos à equipe do Ministério da Saúde e também agradeceu o presidente Lula pela iniciativa que permitirá a produção nacional da vacina contra a dengue.

Lula não falou na ocasião. Contudo, logo depois, postou uma foto do evento nas redes sociais, dizendo que o acordo para produção das vacinas era "mais um importante passo para a imunização no nosso país e para a saúde dos brasileiros". Veja o post: