Ibovespa em dólar bate em 2025 melhor resultado desde o impeachment de Dilma

Valorização das empresas brasileiras na moeda americana é de +34,45% neste ano, apenas abaixo de +66,46% em 2016.

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Publicado em 07/07/2025 às 16:11h - Atualizado 11 horas atrás Publicado em 07/07/2025 às 16:11h Atualizado 11 horas atrás por Lucas Simões
Entenda se há ou não apetite global pelas ações brasileiras agora (Imagem: Shutterstock)
Entenda se há ou não apetite global pelas ações brasileiras agora (Imagem: Shutterstock)

Quem investe há anos em ações brasileiras finalmente teve uma baita recompensa em 2025, com o Ibovespa perseguindo novos patamares acima de 140 mil pontos, além do dólar se encontrar próximo dos R$ 5,40 e bem distante das máximas ao redor de R$ 6,30. Mas, o que raios o Ibovespa em dólares tem a ver com isso?

Até o último dia 4 de julho, o principal índice da bolsa brasileira acumula uma alta de +34,45% em dólares, o que faz de 2025 o melhor ano para investidores internacionais desde 2016, quando o índice saltou +66,46%.

Para Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, o baita desempenho do Ibovespa em dólar há quase 10 anos teve impulso da valorização das commodities e pela transição política decorrente do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Portanto, tamanha recuperação das ações brasileiras sob a cotação do dólar recoloca o Brasil no radar de alocadores globais. Na divisa americana, o Ibovespa encerrou o dia 4 de julho aos 26.166,39 pontos — um patamar que não era registrado desde 28 de fevereiro de 2024.

"Ainda assim, a marca está 41,5% abaixo da máxima histórica de 44.616,04 pontos, atingida em 19 de maio de 2008, o que indica que ainda há um espaço considerável para recuperação", comenta o especialista.

Leia mais: ETFs de dividendos em dólar: Quais são os maiores e quanto pagam em 2025?

Comparação dos ETFs: EWZ e VOO

Cada vez mais, os investidores brasileiros têm ampliado a diversificação de parte de seu patrimônio no exterior, tendo como o principal destino dos aportes à bolsa americana. Logo, não é por acaso que o Vanguard S&P 500 ETF (VOO) seja um dos primeiros investimentos a atrair o interesse.

Afinal de contas, ao adquirir cotas do ETF VOO, na verdade, o investidor está aplicando de uma só vez nas 500 maiores empresas dos Estados Unidos, índice acionário que historicamente vence o Ibovespa em janelas de tempo maiores, dada a sua exposição às Sete Magníficas, como, por exemplo, a fabricante de chips Nvidia (NVDA), cujos produtos são usados em projetos de inteligência artificial.

Todavia, o Ishares MSCI Brazil ETF (EWZ), que funciona como uma espécie de Ibovespa em dólar, diretamente negociado na bolsa americana, apresenta um desempenho de dar inveja ao S&P 500 em 2025.

Enquanto o ETF brasileiro EWZ teve ganhos de +30% no acumulado até o último dia 4 de julho, o ETF americano VOO teve ligeira alta de +6,76% no mesmo período, uma vez que os investidores globais deram preferência aos mercados emergentes, como forma de amenizar o risco com as tarifas comerciais de Donald Trump.

Outro fator destacado por Einar Rivero para explicar como as ações brasileiras estão se saindo melhor que as ações americanas (stocks) em 2025 é que boa parte dessa valorização em dólares do Ibovespa está associada à desvalorização global da moeda norte-americana. No acumulado do ano até o início de julho, o dólar recuou −12,65%, movimento que potencializa os ganhos do Ibovespa quando expressos em dólares.

"Ou seja, o que parece uma supervalorização da Bolsa brasileira precisa ser relativizado: não se trata apenas da força do mercado de ações local, mas também da fraqueza do dólar no cenário internacional — fruto de mudanças nas expectativas de juros nos EUA e maior apetite por risco nos mercados globais", destaca o CEO da Elos Ayta.

Por que analisar o Ibovespa em dólares?

A resposta é simples: o investidor global enxerga o mercado brasileiro através do dólar, não do real. Embora o índice em moeda local reflita a rentabilidade para investidores domésticos, o que realmente importa para o estrangeiro é o que sobra depois da conversão cambial.

  • Ao observar o Ibovespa em dólares, o investidor consegue tirar as seguintes conclusões:
  • Comparar seu desempenho com bolsas como o S&P 500, Euro Stoxx ou mercados emergentes.
  • Avaliar o retorno real para quem aplica recursos vindos do exterior.

Medir o impacto do câmbio sobre os investimentos — e muitas vezes perceber que uma alta no índice em reais pode se transformar em perda líquida quando o real se desvaloriza.

Em 2020, por exemplo, o Ibovespa recuou −20,18% em dólares, mesmo que tenha fechado praticamente estável em reais — evidência clara de como a moeda pode distorcer a percepção de desempenho.

"Já em 2025, o recado do mercado global é claro: há uma revalorização em curso, ainda que distante dos picos históricos. O que está por vir dependerá da manutenção da estabilidade fiscal, da trajetória da taxa de juros, da evolução do dólar global — e, claro, da confiança do investidor estrangeiro no Brasil", conclui Einar Rivero.

Segundo dados do Investidor10, se você tivesse investido US$ 1 mil no ETF VOO (as 500 maiores empresas americanas) há 10 anos, hoje você teria US$ 3.533,48, já considerando o reinvestimento dos dividendos em dólar. A simulação também mostra que o ETF EWZ (o Ibovespa em dólar) teria retornado US$ 1.379,35 nas mesmas condições.

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