Haddad diz que espera “surpresas positivas” mesmo com inflação em alta

De acordo com Haddad, a colheita prevista para o ano e a valorização do real frente ao dólar podem contribuir para um alívio na inflação.

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Publicado em 06/02/2025 às 08:55h - Atualizado Agora Publicado em 06/02/2025 às 08:55h Atualizado Agora por Matheus Rodrigues
A declaração foi dada durante entrevista à GloboNews na noite da última quarta-feira (5) (Imagem: Shutterstock)
A declaração foi dada durante entrevista à GloboNews na noite da última quarta-feira (5) (Imagem: Shutterstock)

🚨 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, projetou que a inflação acumulada em 12 meses seguirá acima de 4,5% até junho deste ano, mas demonstrou otimismo ao afirmar que o Brasil pode ter "surpresas positivas" com a safra e a estabilidade cambial.

A declaração foi dada durante entrevista à GloboNews na noite da última quarta-feira (5).

De acordo com Haddad, a colheita robusta prevista para o ano e a valorização do real frente ao dólar podem contribuir para um alívio na pressão inflacionária, contrariando algumas previsões do mercado.

“Eu acredito… que nós podemos ter surpresas em relação a expectativas do mercado, como tivemos em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)”, afirmou Haddad.

Inflação acima da meta segue no radar do Banco Central

Apesar do tom otimista, Haddad reconheceu que a inflação permanecerá acima da meta de 3% perseguida pelo Banco Central até pelo menos junho.

O Comitê de Política Monetária (Copom) já havia sinalizado essa expectativa em sua última reunião, destacando que a inflação acumulada deve permanecer fora do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Em dezembro de 2023, o índice oficial de inflação (IPCA) registrou uma alta de 4,83% em 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse patamar reforça a preocupação do mercado com a necessidade de manter a política monetária restritiva por mais tempo.

Atualmente, a taxa Selic está fixada em 13,25% ao ano, mas Haddad defendeu uma abordagem cautelosa na condução dos juros.

Para ele, a taxa de referência precisa ser um "remédio" aplicado na medida certa, evitando efeitos colaterais severos sobre a economia real.

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Reforma do Imposto de Renda entra na agenda do governo

Além das expectativas para a inflação, o ministro também reforçou a intenção do governo de enviar ao Congresso uma proposta para a reforma do Imposto de Renda.

Segundo Haddad, a ideia é isentar da tributação todos os brasileiros que ganham até R$ 5 mil mensais a partir de janeiro de 2026.

Por outro lado, o governo pretende estabelecer um imposto mínimo para contribuintes com renda superior a R$ 50 mil por mês.

Esse novo modelo levaria em consideração não apenas os salários, mas também outras fontes de renda. "Vamos verificar se quem ganha mais de R$ 50 mil está pagando um imposto compatível", explicou Haddad.

Perspectivas para o mercado

📈 A declaração do ministro ocorre em um momento de atenção redobrada por parte dos investidores.

A inflação persistentemente alta pode dificultar a flexibilização da política monetária, reduzindo o espaço para cortes na taxa Selic.

Por outro lado, a expectativa de uma safra forte e a desvalorização do dólar podem contribuir para um melhor equilíbrio dos preços ao longo do ano.