Governo anula leilão do arroz e exonera secretário

Há suspeita de irregularidades entre empresas que venceram edital

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Publicado em 11/06/2024 às 14:30h - Atualizado 21 dias atrás Publicado em 11/06/2024 às 14:30h Atualizado 21 dias atrás por Wesley Santana
Brasileiros devem comer 11 toneladas de arroz em 2024. Foto: Shutterstock
Brasileiros devem comer 11 toneladas de arroz em 2024. Foto: Shutterstock

🍚 O governo federal anulou o resultado do leilão do arroz, que visava arrematar 263 mil toneladas do grão para evitar alta nos preços. Por causa de denúncias de irregularidades, o Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão do cargo.

O leilão foi realizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) na semana passada como forma de evitar que as perdas oriundas das enchentes do Rio Grande do Sul afetassem os preços do arroz pelo país. Na análise do governo, cada quilo do grão adquirido na operação não passaria de R$ 4 ao consumidor final.

No entanto, entre as vencedoras do acordão, estavam empresas alheias ao segmento do agronegócio, como foi o caso de uma sorveteria. Conforme destacou o Estadão, apenas a Zafira Trading era do segmento de plantio e colheita de arroz.

Segundo o governo, o leilão foi realizado com Bolsas de Mercadoria, ou seja, o segmento das empresas só poderia ser descoberto depois do resultado. O presidente da Cohab afirma que nenhum repasse financeiro foi feito às empresas e que um novo edital será publicado nos próximos dias.

Outra suspeita levantada foi em relação a FOCO Corretora de Grãos, que pertence a um ex-assessor do mandatário da Política Agrícola. No meio dessas discussões, Geller apresentou sua carta de demissão ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que aceitou o exonerou.

"[Não houve] nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que, de fato, gerou um transtorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, disse Fávaro.

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Oposição comemora

Parlamentares de oposição ao governo comemoraram a anulação do leilão. Segundo o UOL, a notícia foi recebida com aplausos pela Bancada do Agronegócio no Congresso, que fazia uma reunião no momento.

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) já havia entrado com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar a importação do grão, pois isso representaria uma perda para o setor produtivo interno.

Segundo eles, 84% das plantações de arroz no Rio Grande do Sul foram colhidas antes das enchentes no estado. Por isso, não existiria risco de desabastecimento.