Governo amplia crédito imobiliário para a classe média e construtoras agradecem

Plano para facilitar o financiamento da casa própria para quem ganha entre R$ 12 mil e R$ 20 mil será anunciado nesta sexta-feira (10) por Lula.

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Publicado em 10/10/2025 às 07:36h - Atualizado Agora Publicado em 10/10/2025 às 07:36h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Governo também liberou recursos para a reforma de casas (Imagem: Shutterstock)
Governo também liberou recursos para a reforma de casas (Imagem: Shutterstock)

O governo federal lança nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário, que promete facilitar o financiamento da casa própria para a classe média e pode ajudar algumas das construtoras listadas na B3.

🏠 O programa atualiza as regras dos depósitos compulsórios da poupança para ampliar o direcionamento de recursos para o crédito habitacional. E, pelos cálculos do governo, deve permitir o financiamento de mais de 80 mil casas só na Caixa Econômica Federal até 2026.

"Vamos começar isso imediatamente, agora. Então, só na Caixa estão previstos mais 80 mil novas habitações financiadas", disse o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, nessa quinta-feira (9).

💲 Segundo o ministro, o programa deve ajudar as famílias de classe média, que recebem de R$ 12 mil a R$ 20 mil por mês.

Isto é, famílias que não são atendidas pelo MCMV (Minha Casa, Minha Vida) e, por isso, ficam sujeitas às taxas de juros do mercado, que subiram na esteira da alta da Selic.

"Hoje, famílias de classe média encontram juros entre 19% e 22% ao ano, o que torna o financiamento praticamente inviável", disse o ministro, durante audiência pública no Senado, na terça-feira (7).

A medida pode, então, ajudar as construtoras da B3 que focam nesse segmento, a exemplo de Direcional (DIRR3), Cury (CURY3) e Eztec (EZTC3). Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3) e Moura Dubeux (MDNE3) também têm negócios voltados para a classe média.

O que vai mudar?

🏦 Hoje, os bancos precisam direcionar 65% dos recursos captados na poupança para o crédito imobiliário.

Outros 20% ficam retidos no BC (Banco Central), sob a forma de depósitos compulsórios. Logo, só os 15% restantes podem ser usados em outras operações, mais rentáveis.

Com a saída cada vez maior de recursos da poupança e a alta dos juros, a avaliação do mercado é de que o crédito imobiliário tem enfrentado dificuldades e, por isso, deve ser estimulado.

Diante disso, a proposta do governo é reduzir a fatia dos recursos da poupança que viram depósitos compulsórios no BC, com a contrapartida de que os bancos usem esses recursos para o financiamento habitacional.

O plano é reduzir os compulsórios de forma gradual. Por isso, cerca de R$ 20 bilhões a R$ 35 bilhões devem ser liberados em um primeiro momento, mas o volume adicional de recursos no setor imobiliário pode chegar a R$ 150 bilhões no médio prazo.

De acordo com o ministro das Cidades, o plano foi discutido com o Banco Central, o Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica Federal nos últimos meses.

"O que buscamos com essas alterações, que vão ser anunciadas pelo presidente Lula, é dar mais financiamento, mais recursos para que as famílias que queiram realizar o sonho da casa própria, e não só as das classes mais baixas, se elas forem a uma instituição bancária, encontrem uma alternativa e um financiamento que caiba no seu bolso", disse Jader Barbalho Filho.

O programa será detalhado nesta sexta-feira (10) em São Paulo, em um evento que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

MCMV

O Minha Casa, Minha Vida atende famílias que recebem até R$ 12 mil por mês. Esse valor era de até R$ 8,6 mil até abril deste ano, quando a faixa 4 do programa foi criada. E o governo promete continuar fazendo ajustes a essa política, para garantir a contratação de três milhões de casas até o final de 2026.

🔨 Além disso, o Executivo publicou nessa quinta-feira (9) um programa para financiar reformas e ampliações de moradias. A ideia é emprestar de R$ 5 mil a R$ 30 mil para famílias urbanas que ganham até R$ 9,6 mil por mês fazem melhorias em suas casas.

Na avaliação da XP Investimentos, esse conjunto de medidas reforça um “cenário de crescimento contínuo em 2026” para as construtoras voltadas aos segmentos de renda baixa e média/alta.

Já o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, diz que as medidas ainda podem ajudar a acelerar o ritmo da atividade econômica brasileira nesta reta final de 2025.