Emprego formal cresce e quase 1 milhão deixam Bolsa Família em julho, diz governo

O total de famílias atendidas pelo programa caiu de 20,5 milhões em junho para 19,6 milhões, uma redução de 921 mil lares.

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Publicado em 23/07/2025 às 14:50h - Atualizado Agora Publicado em 23/07/2025 às 14:50h Atualizado Agora por Matheus Silva
O número representa o menor patamar desde a reestruturação do programa (Imagem: Shutterstock)
O número representa o menor patamar desde a reestruturação do programa (Imagem: Shutterstock)

🚨 O programa Bolsa Família registrou, em julho, a maior queda no número de beneficiários desde a sua reformulação em março de 2023, quando foi relançado pelo atual governo federal.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), o total de famílias atendidas caiu de 20,5 milhões em junho para 19,6 milhões, uma redução de 921 mil lares.

Essa marca representa o menor patamar desde a reestruturação do programa, superando inclusive os níveis registrados durante o Auxílio Brasil, e tem como pano de fundo o avanço da renda familiar, impulsionado principalmente pela melhora no mercado de trabalho formal.

Crescimento do emprego contribui para saída do programa

De acordo com o MDS, o encolhimento da base de beneficiários reflete uma tendência positiva na economia, sobretudo na geração de empregos com carteira assinada. “É isso que a gente quer mesmo”, afirmou Eliane Aquino, secretária nacional de Renda de Cidadania.

Segundo ela, o governo tem trabalhado para esclarecer a população de que ter um emprego formal não significa automaticamente perder o direito ao benefício, especialmente durante a chamada “regra de proteção”.

A regra de proteção permite que famílias cuja renda per capita ultrapasse o limite de R$ 218, mas fique abaixo de meio salário-mínimo (R$ 706), continuem recebendo 50% do valor do benefício por um tempo determinado.

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Prazo da regra foi encurtado

Uma mudança importante ocorreu em julho. O governo decidiu reduzir o tempo de permanência na regra de proteção de vinte e quatro para doze meses.

A medida acelerou o desligamento de 536 mil famílias que já estavam no limite do prazo.

Além disso, outras 385 mil famílias deixaram de se enquadrar nas regras do programa por ultrapassarem o novo teto de renda, o que explica o volume de saídas em um único mês.

Participação de beneficiários no mercado formal avança

Um levantamento feito a partir de dados do MDS cruzados com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revela que, entre janeiro e maio de 2025, 2,01 milhões dos 11,7 milhões de admitidos formalmente no país eram beneficiários do Bolsa Família — o equivalente a 17,1% das contratações no período.

No mesmo intervalo, os desligamentos entre esse grupo somaram 1,4 milhão (13,1%), gerando um saldo positivo de 606,4 mil vínculos com carteira assinada.

Isso representa 57,7% do saldo total de empregos formais criados no país, indicando que os participantes do programa têm conseguido se manter mais estáveis no mercado de trabalho do que a média da população.

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Inclusão produtiva e reestruturação orçamentária

Mesmo com a saída de quase um milhão de famílias em julho, o programa mantém seu alcance social, uma vez que o orçamento liberado pode ser redirecionado para novos inscritos que aguardam na fila de entrada.

Além disso, a redução contribui para a gestão fiscal do governo, que já negociou um corte de R$ 7,7 bilhões na reserva do Bolsa Família no Orçamento de 2025.

A medida abriu espaço para o financiamento de outras despesas obrigatórias, sem prejudicar o atendimento às famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza.

📊 Segundo especialistas, o desafio continua sendo ampliar a formalização e promover a inclusão produtiva de forma sustentável, além de garantir que os beneficiários sejam devidamente informados sobre seus direitos e obrigações dentro do programa.