Coreia do Sul: Oposição pede impeachment e empresas avaliam prejuízos

Membros do governo começaram a renunciar cargos

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Publicado em 04/12/2024 às 11:28h - Atualizado 4 meses atrás Publicado em 04/12/2024 às 11:28h Atualizado 4 meses atrás por Wesley Santana
Samsung é uma fabricante sul-coreana de eletrônicos (Imagem: Shutterstuck)
Samsung é uma fabricante sul-coreana de eletrônicos (Imagem: Shutterstuck)

Um dia depois de o presidente da Coreia do Sul acionar a lei marcial, revogada horas depois pelo Congresso, a oposição entrou com um pedido de impeachment. A proposta deve ser avaliada pelos parlamentares nos próximos dias e receber 200 votos favoráveis dos 300 possíveis.

📄 O pedido vem depois que os próprios congressistas derrubaram a imposição da lei marcial na Coreia, uma espécie de estado de exceção. Além de fechar o congresso, entre outros pontos, a lei coloca a imprensa sob tutela do governo federal.

Ao longo desta quarta (hora local), membros do governo renunciaram seus cargos em decorrência da crise causada. Um deles foi o ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, que pediu desculpas e assumiu a responsabilidade pela decisão.

"Em primeiro lugar, lamento profundamente e assumo total responsabilidade pela confusão e preocupação causadas ao povo e relação à lei marcial emergencial. Assumi total responsabilidade por todos os assuntos relacionados à lei marcial e apresentei minha renúncia ao presidente", afirmou Kim em carta enviada à imprensa.

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Além dele, o chefe de gabinete da presidência e outros dez assessores do primeiro escalão entregaram seus cargos ao presidente. A decisão de acionar a lei não foi bem vista dentro e fora do círculo do atual presidente que passa por um período de impopularidade.

Ativos em recuperação

Depois da queda brusca que registrou na terça, o won sul-coreano se recupera durante esta quarta. O mesmo acontece com a bolsa de valores local, exemplificada pelo índice MSCI South Korea, que chegou a cair mais de 5%, mas caminha para uma reestabilização.

📈 Apesar disso, as cinco principais ações do índice KOSPI -equivalente ao Ibovespa da Coreia- registraram quedas nas horas seguintes. A Samsung Eletronics, por exemplo, viu suas perdas encostarem em 1%, fechando o pregão em 53,1 mil won (cerca de R$227).

O portal The Korea Times revelou que, logo após o pronunciamento do presidente, grandes empresas do país asiático montaram gabinetes de crise para avaliar o cenário político. A Samsung, LG e Hyundai, três das maiores companhias, continuam fazendo reuniões para acompanhar os prejuízos.

A LG, inclusive, liberou seus funcionários para trabalharem em home office, já que os escritórios ficam perto do Congresso Nacional, palco de muitos protestos. Já a Hyundai teria convocado uma reunião de emergência para pedir aos diretores que "se concentrassem na prevenção de riscos cambiais e outros riscos financeiros”.

"A renúncia ou impeachment do presidente é uma questão de política. Para as empresas, no entanto, o foco está em avaliar e discutir como esses grandes eventos políticos podem afetar o sentimento do consumidor, as taxas de câmbio e outros fatores econômicos”, disse uma fonte que não quis ser identificada.