Cade acende sinal amarelo para fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi; entenda

A fusão se dá em um contexto de crescimento acelerado do setor pet no Brasil, que movimenta cerca de R$ 57 bilhões por ano.

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Publicado em 27/05/2025 às 18:17h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 27/05/2025 às 18:17h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
O parecer técnico aumentou a pressão sobre a operação anunciada em agosto de 2024 (Imagem: Shutterstock)
O parecer técnico aumentou a pressão sobre a operação anunciada em agosto de 2024 (Imagem: Shutterstock)

🚨 A proposta de fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi, duas das maiores redes de varejo pet do Brasil, entrou na mira do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Em nota técnica divulgada nesta terça-feira (27), o órgão recomendou aprofundar a investigação sobre a operação, diante do risco de concentração excessiva no varejo físico, com possíveis prejuízos à concorrência em centenas de mercados locais.

O parecer técnico aumentou a pressão sobre a operação anunciada em agosto de 2024, na qual a Cobasi incorpora a Petz, com pagamento de R$ 400 milhões aos acionistas da companhia incorporada — R$ 130 milhões já quitados.

A nova empresa nasceria com controle pulverizado: os investidores da Petz ficariam com 52,6% da companhia combinada e os da Cobasi, com 47,4%. A análise do Cade, porém, acende um alerta para a viabilidade do negócio.

Cade alerta para concentração acima de 50% em oito regiões

Para avaliar o impacto da fusão, o Cade utilizou uma metodologia baseada em isócronas — mapeamentos que delimitam a área de influência de uma loja com base no tempo de deslocamento de carro, entre 10 e 15 minutos.

Essa abordagem permite identificar se os consumidores terão opções viáveis de concorrência em seus arredores após a fusão. O resultado preocupa:

  • Em mais de 70% dos mercados locais avaliados (491 ao todo), a nova companhia teria mais de 20% de market share, patamar considerado crítico;
  • Em oito regiões, o índice ultrapassaria 50% de participação, indicando potencial monopólio regional.

A nota técnica ainda aponta que, embora pet shops de pequeno porte consigam se manter no mercado, a entrada de novos players médios e grandes vem diminuindo, o que reduz a pressão competitiva.

➡️ Leia mais: Petrobras (PETR4) quer mais “poder” na Braskem e pressiona por acordo de acionistas

Petlove e rivais temem poder excessivo

Empresas do setor, como a Petlove, já demonstraram oposição à fusão, alegando que a união Petz-Cobasi pode criar um player dominante com força suficiente para ditar preços a fornecedores e limitar a atuação de concorrentes, tanto no varejo físico quanto no e-commerce.

A fusão se dá em um contexto de crescimento acelerado do setor pet no Brasil, que movimenta cerca de R$ 57 bilhões por ano, com expectativa de avanço contínuo devido à mudança de hábitos de consumo e à humanização dos animais de estimação.

BTG mantém cautela com PETZ3 diante da incerteza regulatória

Em relatório divulgado nesta terça-feira (27), o BTG Pactual (BPAC11) manteve recomendação neutra para PETZ3, atualmente cotada a R$ 4,30, com preço-alvo de R$ 5,00.

O banco avalia que, embora a fusão prometa sinergias operacionais e ganhos de escala, o cenário regulatório e competitivo exige prudência.

Segundo o BTG, a empresa está precificada a 25 vezes o lucro projetado para 2025, múltiplo considerado elevado, sobretudo num ambiente dominado por players como Mercado Livre (MELI34) e Amazon (AMZO34), que disputam cada vez mais o consumidor pet.

“Acreditamos que as ações devem continuar sendo influenciadas por notícias sobre o acordo. A aprovação definitiva do Cade só deve ocorrer no segundo semestre de 2025”, destaca o relatório.

O processo segue em rito ordinário, exigindo análise aprofundada e possível imposição de remédios concorrenciais. Entre as medidas que o Cade pode sugerir estão:

  • Venda de lojas em áreas onde há concentração excessiva;
  • Restrição a determinadas práticas comerciais;
  • Limitação de atuação em regiões específicas.

📊 Enquanto isso, as ações PETZ3 recuaram mais de 4% na B3 nesta terça-feira, refletindo a incerteza regulatória.