Brasil não vale o risco? A dura avaliação estrangeira sobre a economia brasileira
Investidores estrangeiros apontam uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que os tem levado a repensar sua exposição ao país.

🚨 A consultoria internacional BCA Research publicou na última segunda-feira (14), um relatório contundente sobre o Brasil.
O documento, intitulado "Brazil: Not Worth The Risk" (“Brasil: não vale o risco”), traz uma análise que aponta sérios desafios fiscais, cambiais e de crescimento para o país nos próximos meses.
A conclusão? O mercado brasileiro deve ser evitado em relação a outros emergentes, segundo a BCA.
A economia brasileira atravessa um momento que inspira atenção redobrada. Análises recentes, como a da BCA Research, apontam uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que ajudam a entender por que tantos investidores estão repensando sua exposição ao país.
Dívida pública em rota insustentável
Um dos principais alertas da BCA é sobre o crescimento constante da dívida pública brasileira em relação ao PIB.
Segundo a consultoria, mesmo com ajustes fiscais modestos, como o contingenciamento anunciado pelo governo (0,26% do PIB) e a tentativa de aumentar a arrecadação em 0,15% do PIB, o déficit primário não será suficiente para conter a elevação da dívida.
Pior: mesmo cenários considerados "otimistas" pelo governo preveem crescimento da relação dívida/PIB até pelo menos 2028.
A razão? Juros reais elevados e crescimento baixo. Segundo a BCA, enquanto os juros reais continuarem acima do crescimento do PIB nominal, a dívida seguirá subindo.
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Crescimento: desaceleração à vista
Apesar de o mercado projetar um crescimento de 2% para 2025, a BCA prevê uma desaceleração abrupta da economia brasileira nos próximos seis a nove meses. Os motivos incluem:
- Efeitos defasados do aperto monetário iniciado em 2024;
- Corte nos gastos públicos primários, que já estão caindo em termos nominais;
- Aumento da inadimplência das famílias, com níveis de inadimplência no consumo chegando aos patamares mais altos da década;
- Queda nos preços das commodities, que afeta diretamente as exportações brasileiras;
- Possível desvalorização do real, que pode pressionar a inflação e manter o Banco Central em postura conservadora por mais tempo.
Câmbio: real entre os mais vulneráveis
A BCA também destaca que o real está entre as moedas emergentes mais vulneráveis devido ao duplo déficit (fiscal e em conta corrente). Outros fatores que pesam contra o real incluem:
- Alta dependência de exportação de commodities primárias;
- Saída de capitais de investidores estrangeiros;
- Elevado passivo externo em ativos de portfólio.
Mesmo com a previsão de enfraquecimento do dólar, a BCA acredita que o real deve se manter lateralizado ou desvalorizar, enquanto outras moedas emergentes com superávits em conta corrente devem se valorizar.
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Sem solução política viável
Tanto o atual governo quanto uma eventual administração de direita em 2027 teriam dificuldade para promover os cortes de gastos necessários para estabilizar a dívida.
A BCA cita que nem mesmo sob governos anteriores mais ortodoxos, como os de Michel Temer e Jair Bolsonaro, houve redução sustentável da dívida.
Com a popularidade de Lula em queda e as eleições se aproximando, a consultoria acredita que haverá mais pressão por gastos populistas.
Mesmo que um governo mais liberal assuma em 2027, o custo político de um ajuste fiscal severo seria alto demais para ser viável.
Atenção na hora de investir
📊 Diante desse cenário, a BCA Research recomendou evitar exposição ao Brasil nos seguintes aspectos:
- Ações: o mercado acionário brasileiro deve ficar para trás em relação a outros emergentes, tanto pelo baixo crescimento quanto pelos riscos fiscais;
- Títulos locais: embora favoráveis ao mercado de dívida local de emergentes, a BCA mantém uma posição abaixo da média para os títulos brasileiros;
- Crédito soberano: também com posição subponderada, devido à fragilidade fiscal;
- Moeda: o real deve seguir pressionado frente ao dólar e outras moedas emergentes mais robustas.
A única aposta favorável mencionada é o recebimento de taxas de swap de dois anos, baseando-se na expectativa de que o Banco Central eventualmente corte juros diante do esfriamento da economia.
O alerta está dado
A análise da BCA Research é uma opinião importante para investidores que acompanham o Brasil. Embora não se trate de uma previsão catastrófica, o estudo mostra que os desafios fiscais e externos do país são reais, persistentes e de solução complexa.
📈 Em um ambiente global cada vez mais seletivo, com investidores exigindo mais dos mercados emergentes, o Brasil parece estar ficando para trás. E, como bem resume o título da publicação da BCA Research: “Brasil: not worth the risk”.

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