Bolsa Família encolhe: 2 milhões de famílias deixam programa após melhora na renda

Crescimento do emprego formal faz número de famílias atendidas cair ao menor nível desde o início do governo Lula

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Publicado em 31/10/2025 às 11:29h - Atualizado Agora Publicado em 31/10/2025 às 11:29h Atualizado Agora por Wesley Santana
Programas sociais servem para transferência de renda (Imagem: Shutterstock)
Programas sociais servem para transferência de renda (Imagem: Shutterstock)

Beneficiária do Bolsa Família há mais de 10 anos, a sergipana Carla Pereira Barros, 39, agora celebra sua saída do programa social. Com a ajuda do benefício, ela conseguiu romper um ciclo de violência doméstica, se formar na universidade e adquirir seus próprios meios de subsistência.

“Foi uma alegria imensa ter participado do programa e fiquei mais alegre ainda quando pude devolver o cartão", comemora a professora formada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Assim como ela, outros 2 milhões de beneficiários deixaram de receber o Bolsa Família neste ano, conforme mostram dados divulgados pelo governo federal. A maioria desses casos se deu porque as famílias passaram a ter uma renda maior do que o permitido pelo programa.

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No final de setembro, 18,9 milhões de lares estavam cadastrados no programa social, que distribui, em média, R$ 600 por mês. Este é o menor patamar desde o início do governo Lula, conforme informações publicadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social.

Para ter acesso ao benefício, a família precisa comprovar que tem renda per capita de até R$ 218. Desta forma, o programa de transferência de renda entra em ação para garantir um auxílio de subsistência para as casas.

Com a saída dos milhões de beneficiários, o governo entende que o objetivo do programa tem sido alcançado. Isso porque o desenquadramento mostra que as famílias já deixaram a faixa inferior de renda necessária para receber o benefício.

A queda no número de beneficiários se conecta com o número recorde de empregados no Brasil, mostrando que muita gente tem deixado o programa porque foi contratada para trabalhar. O programa serve também para dar fôlego às famílias de baixa renda que estão passando por um momento de desemprego.

“É importante dizer que quem entra no Bolsa Família só sai para cima, seja porque conquistou uma renda maior com o trabalho, seja porque abriu o próprio negócio. E, caso perca essa renda, retorna automaticamente ao programa. Esse é um caminho sustentável, e quanto mais avançarmos em educação e oportunidades, mais seguro será o futuro das famílias brasileiras”, disse o ministro Wellington Dias, chefe do Desenvolvimento Social.

O orçamento atual do Bolsa Família é de R$ 159,5 bilhões, sendo que quase 80% desse montante já foi pago às famílias de todo o país. Para o ano que vem, o governo estima um corte de quase R$ 100 milhões, projetando uma queda ainda maior no número de benefícios.

“Queremos, cada vez mais, que o Bolsa Família, que está em todos os municípios, permita que as pessoas mais vulneráveis possam acessar outras políticas públicas, que elevem sua escolaridade, qualificação profissional e empregabilidade, para que tenham maior proteção social e qualidade de vida”, afirma a secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Eliane Aquino.