BNDES amplia desembolsos e lucro líquido no 3º trimestre

Lucro contábil, por outro lado, recuou por causa do menor pagamento de dividendos da Petrobras

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Publicado em 17/11/2023 às 17:30h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 17/11/2023 às 17:30h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Sede do BNDES, no Rio de Janeiro (Shutterstock)
Sede do BNDES, no Rio de Janeiro (Shutterstock)

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou um lucro líquido recorrente de R$ 2,9 bilhões no terceiro trimestre de 2023. O resultado subiu 21,3% em relação ao mesmo período de 2022, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito do banco.

A carteira de crédito expandida teve um acréscimo de R$ 15,7 bilhões entre julho e setembro de 2023, alcançando R$ 495,2 bilhões. É o maior patamar desde o primeiro trimestre de 2019, quando a carteira de crédito do BNDES somava R$ 505,6 bilhões.

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O banco ressaltou que a inadimplência acima de 90 dias é de apenas 0,01%, bem abaixo dos 3,49% do sistema financeiro como um todo. Além disso, afirmou que o aumento da carteira de crédito foi influenciado especialmente por desembolsos, como os investimentos em ofertas públicas de debêntures na área de infraestrutura.

O BNDES desembolsou R$ 34,8 bilhões para investimentos na economia brasileira no terceiro trimestre de 2023, 18,4% a mais que no mesmo período de 2022. No acumulado de 2023, os desembolsos subiram 20%, para R$ 75,4 bilhões. O valor foi distribuído nos seguintes setores:

  • Infraestrutura: R4 28,2 bilhões;
  • Agropecuária: R$ 18,3 bilhões;
  • Indústria: R$ 16,7 bilhões;
  • Comércio e serviços: R$ 12,3 bilhões.

BNDES quer parcelar dívida da União

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse, no entanto, que o banco corre o risco de ter que retardar esses desembolsos nos próximos meses. É que o banco ainda tem uma dívida de R$ 22,6 bilhões com a União, mas pediu para dividir o pagamento em oito parcelas anuais até 2030. O  TCU (Tribunal de Contas da União), no entanto, recomendou a rejeição do pedido de parcelamento.

Caso não consiga fechar um acordo com a Corte, o BNDES pode ter que pagar os R$ 11,6 bilhões até o fim deste mês de novembro, em parcela única. Ao apresentar os resultados do BNDES no terceiro trimestre, Mercadante disse que o pagamento em parcela única ameaça a liquidez do banco. "Nós teríamos que retardar aprovações, desacelerar e cortar desembolsos", afirmou.

Ele disse ainda que os cortes teriam impacto em investimentos estaduais, negociados com governadores, mas também na oferta de crédito para a agricultura, micro, pequenas e médias empresas e projetos de emergência climática. 

"Faz sentido o país parar, metrô, estrada, investimentos estruturantes do governo do Estado para fazer uma antecipação que não tem nenhum impacto no orçamento público?", questionou Mercadante. Para ele, "neste momento, o país precisa de crédito". "Nesse cenário de desaceleração da economia, o Brasil precisa crescer, precisa de emprego e investimento. Essa é a tarefa fundamental do BNDES", afirmou.

Petrobras afeta lucro contábil

Além da ampliação dos desembolsos, o recebimento de dividendos da Petrobras (PETR4) afetou os resultados do BNDES. O banco apresentou um lucro contábil de R$ 4,9 bilhões no terceiro trimestre de 2023 e R$ 1,2 bilhão disso veio dos proventos da Petrobras.

Os dividendos da Petrobras, no entanto, caíram 82,9% em relação ao mesmo período de 2022. Por isso, o resultado de R$ 4,9 bilhões é 48% menor que o lucro contábil de R$ 9,5 bilhões registrado pelo BNDES entre julho e setembro de 2022.