Bancos brasileiros sob risco: O que acontece se mantiverem vínculo com Moraes?

O descumprimento das determinações pode resultar no encerramento das operações dos bancos em território americano.

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Publicado em 19/08/2025 às 15:35h - Atualizado Agora Publicado em 19/08/2025 às 15:35h Atualizado Agora por Elanny Vlaxio
A UE (União Europeia) pode ainda acionar seu regime de direitos humanos (Imagem: Shutterstock)
A UE (União Europeia) pode ainda acionar seu regime de direitos humanos (Imagem: Shutterstock)

🏦 Os bancos brasileiros estão em alerta devido a mais um capítulo envolvendo o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e a possibilidade de sanções internacionais. Isso porque o ministro da Justiça, Flávio Dino, reforçou que decisões de tribunais internacionais no Brasil, seguem sem validade imediata sem a aprovação do STF (Supremo Tribunal Federal).

Mas, caso os bancos mantenham vínculo com Moraes mesmo com a restrição dos Estados Unidos, podem enfrentar consequências graves. No pior cenário, os bancos poderiam ser incluídos na lista de sancionados sob a Global Magnitsky, lei de sanções de direitos humanos dos EUA.

Isso significaria o bloqueio de ativos e a proibição de operar com "U.S. persons" (pessoas com presença física nos Estados Unidos para fins tributários), o que poderia levar à perda de correspondentes em dólar. 

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💸 Se houver alinhamento europeu, a UE (União Europeia) pode ainda acionar seu regime de direitos humanos e obrigar o SWIFT, uma sociedade que possibilita a troca de informações entre bancos, a cortar as mensagens da instituição, incluindo os pagamentos, explicou Johnny Mendes, professor de Economia e Finanças da Faculdade ESEG, do grupo Etapa.

"Se o Brasil fosse excluído do sistema financeiro global, os bancos ficariam praticamente fora do comércio internacional: não poderiam fazer transações em dólar nem participar de sistemas como a rede internacional SWIFT. Isso travaria operações de câmbio e afetaria importações e exportações", afirmou Arcênio Rodrigues da Silva, advogado tributarista. 

Além disso, a decisão também pode mexer com a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil. "Em um cenário global onde o respeito às normas internacionais e à segurança jurídica são critérios fundamentais para atração de capital, qualquer desvio pode custar caro, especialmente em um país emergente", avaliou Antonio Pavesi, economista e especialista em investimentos.

Como a decisão pode afetar o seu bolso

O cidadão comum também pode sentir os impactos desse cenário. A desconfiança de investidores estrangeiros tende a diminuir o fluxo de capitais para o país ou até provocar a retirada de recursos do Brasil, pressionando o câmbio e podendo desvalorizar o real. 

💰 O movimento ainda impacta os investimentos diretos e limita o acesso a financiamento externo, tornando o crédito mais caro e escasso para cidadãos e empresas, que enfrentam dificuldades para financiar expansão, capital de giro e atividades essenciais, levando assim, à desaceleração da atividade econômica, aumento da inflação e maior custo de vida, explicaram os especialistas ao Investidor10

Veja o cenário do crédito, câmbio, investimentos e do custo de vida

  • Crédito: Caso os bancos brasileiros tenham dificuldade em captar recursos no exterior, o custo do dinheiro aumenta. Isso torna empréstimos, financiamentos imobiliários, crédito corporativo e parcelamentos no cartão mais caros e menos acessíveis, impactando tanto pequenos empresários quanto consumidores;
  • Câmbio: Sanções que limitem a entrada de dólares no Brasil resultam em desvalorização do real. O dólar mais caro encarece viagens internacionais, produtos importados e insumos estrangeiros, além de combustíveis e medicamentos;
  • Investimentos: Um cenário de sanções pode gerar fuga de capitais da Bolsa, desvalorizando ações e fundos. Aplicações em previdência privada ou fundos multimercado também podem ter retorno reduzido. Empresas brasileiras que dependem de capital estrangeiro podem ver projetos travados ou mais caros, diz o tributarista Arcênio Rodrigues;
  • Custo de vida e inflação: O dólar elevado, combinado ao aumento dos custos de insumos e operações, pressiona preços internos. Alimentos, energia e transporte tendem a ficar mais caros, reduzindo o poder de compra, especialmente das famílias de menor renda.