Até onde vai a Selic? BC ainda avalia se aperto é suficiente, diz Galípolo

Segundo o presidente do BC, comportamento da economia vai dizer "se a dosagem está adequada".

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Publicado em 27/03/2025 às 13:34h - Atualizado 2 dias atrás Publicado em 27/03/2025 às 13:34h Atualizado 2 dias atrás por Marina Barbosa
Galípolo disse que Copom quer ter "liberdade" nas próximas reuniões (Imagem: Raphael Ribeiro/BC)
Galípolo disse que Copom quer ter "liberdade" nas próximas reuniões (Imagem: Raphael Ribeiro/BC)

O BC (Banco Central) ainda avalia até onde será preciso aumentar os juros para levar a inflação de volta à meta de 3% ao ano. Foi o que indicou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, nesta quinta-feira (27).

💲 Para, Galípolo a taxa básica de juros brasileira, a taxa Selic, já está em um patamar contracionista. Contudo, só será possível saber "se a dosagem está adequada" a partir dos dados e indicadores da economia brasileira.

Em entrevista a jornalistas, o presidente do BC explicou que o aperto monetário leva um tempo para produzir efeitos na economia real. Por isso, afirmou que a autoridade monetária segue monitorando os dados econômicos para tentar entender se o atual nível de juros é "suficientemente contracionista" para garantir o cumprimento da meta de inflação.

A meta de inflação deste ano é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Contudo, o BC projeta um IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1% em 2025 e de 3,7% em 2026.

Em Relatório de Política Monetária publicado nesta quinta-feira (27), o BC admitiu que a chance de descumprimento da meta de inflação já é de 70% em 2025 e de 28% em 2026.

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Copom quer "liberdade" nas próximas reuniões

🏦 Diante desse cenário, Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual na última quarta-feira (19), para 14,25% ao ano. Além disso, indicou que os juros voltarão a subir em maio, só que em menor magnitude.

Galípolo foi questionado sobre o tamanho desse ajuste de "menor magnitude" e também sobre quando o Copom pretende encerrar esse ciclo de juros. Contudo, deixou a porta aberta para as próximas decisões de juros, dizendo que tudo vai depender do desenrolar de indicadores como a inflação e a atividade econômica, além das expectativas de inflação.

Em entrevista a jornalistas, ele alegou que o cenário é de muita incerteza. Por isso, disse que o BC prefere manter certa "liberdade" para as próximas decisões de juros.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, avisou, por sua vez, que é possível que o país tenha que conviver com juros altos por mais tempo do que o esperado.

"Quando você está com expectativas desancoradas, as taxas de juros devem ser mais altas, como a gente está vendo nesse ciclo, e por mais tempo", afirmou Guillen.

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PIB

📉 No Relatório de Política Monetária, o BC também reduziu a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2025, de 2,1% para 1,9%.

Galípolo admitiu que a desaceleração da atividade econômica tem relação com a alta dos juros. Contudo, afirmou que esta é uma parte do processo de controle da inflação.

"O BC tem consciência de um momento mais incômodo do ponto de vista dos indicadores econômicos", afirmou, citando os juros altos, a inflação acima da meta e o impacto no PIB.