AGU diz que post falso sobre Galípolo impactou dólar e pede investigação de PF e CVM

A AGU alegou que a disseminação de informações falsas pode caracterizar o crime de manipulação do mercado.

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Publicado em 19/12/2024 às 09:12h - Atualizado Agora Publicado em 19/12/2024 às 09:12h Atualizado Agora por Elanny Vlaxio
A moeda norte-americana encerrou a última quarta-feira (18) cotada a R$ 6,267 (Imagem: Shutterstock)
A moeda norte-americana encerrou a última quarta-feira (18) cotada a R$ 6,267 (Imagem: Shutterstock)

📃 A AGU (Advocacia-Geral da União) solicitou, em ofício encaminhado à Polícia Federal e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a instauração de procedimentos investigativos para apurar a ocorrência de possíveis crimes contra o mercado de capitais decorrentes da disseminação de informações falsas atribuídas ao diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Uma publicação falsa, veiculada na plataforma X (antigo Twitter) na manhã de terça-feira (17), atribuiu ao futuro presidente do Banco Central a declaração de que a recente valorização do dólar seria "artificial" e que a meta da autoridade monetária seria reduzir a cotação da divisa para R$ 5,00. No entanto, a moeda norte-americana encerrou a última quarta-feira (18) cotada a R$ 6,267.

"URGENTE - Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC, considera a alta do dólar artificial e não enxerga o cenário com preocupação. ‘A meta é fazer a moeda estadunidense retornar aos R$ 5,00 ainda em 2025’, declarou Galípolo", dizia a postagem.

Galípolo não realizou qualquer manifestação pública sobre a valorização do dólar na terça-feira e sua agenda não previa compromissos que pudessem gerar declarações sobre o tema. Além disso, o Banco Central negou a veracidade da postagem ao Investidor10. No mesmo dia, o perfil foi excluído da rede social.

Leia também: Banco Central nega postagens relacionadas a Gabriel Galípolo

"Crime de manipulação de mercado"

💸 Conforme nota divulgada pela AGU, as informações falsas veiculadas nas redes sociais foram prontamente refutadas pelo Banco Central. No entanto, a desinformação alcançou grande repercussão no mercado financeiro e em veículos de comunicação especializados em economia, o que resultou em um impacto negativo na cotação do dólar.

"No ofício, com base em informações da Secom/PR, a PNDD afirma que a desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial lesivo de boatos neste contexto", diz a nota.

A AGU alegou ainda que a disseminação de informações falsas pode caracterizar o crime de manipulação do mercado. A cotação do dólar já apresentava alta no início da terça-feira, oscilando entre R$ 6,14 e R$ 6,16 por volta das 10h30, quando a publicação falsa foi divulgada.

A moeda norte-americana ampliou sua valorização no início da tarde, atingindo o pico de R$ 6,208 às 12h15, mas desacelerou após intervenções do Banco Central, encerrando o dia praticamente estável, a R$ 6,095.

Sobre a medida

A AGU, por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, acionou a Polícia Federal e a CVM, solicitando a instauração de procedimentos investigativos, respectivamente policial e administrativo. Essa medida foi tomada após a identificação de publicações falsas que impactavam o mercado financeiro, e a consequente solicitação da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

📝 Em ofício encaminhado às autoridades competentes, a PNDD (Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia) argumenta que a disseminação de informações falsas interferiu diretamente na percepção do mercado financeiro, comprometendo a eficácia da política cambial e demonstrando o grave risco que boatos representam nesse contexto.

"Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em Bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais", diz o trecho do documento.