St Marche entra com pedido de recuperação extrajudicial com dívida de R$ 528 mi

A solicitação foi protocolada na última quarta-feira (16) na Justiça de SP e se baseia em um plano de reestruturação já aprovado.

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Publicado em 17/04/2025 às 18:21h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 17/04/2025 às 18:21h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
Segundo a companhia, o processo extrajudicial foi considerado o “caminho viável”  (Imagem: Shutterstock)
Segundo a companhia, o processo extrajudicial foi considerado o “caminho viável” (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Grupo St Marche, rede de supermercados voltada ao público de alta renda em São Paulo, entrou com pedido de homologação de recuperação extrajudicial para reestruturar uma dívida de aproximadamente R$ 528 milhões, equivalente a US$ 90,2 milhões.

A solicitação foi protocolada na última quarta-feira (16) na Justiça de São Paulo e se baseia em um plano de reestruturação já negociado e aprovado por um credor financeiro que detém mais da metade dos créditos envolvidos, conforme os documentos apresentados.

Segundo a companhia, o processo extrajudicial foi considerado o “caminho viável” para reorganizar o passivo sem impactar negativamente funcionários, fornecedores ou demais credores da cadeia operacional.

Tentativa de proteção judicial começou em fevereiro

O movimento ocorre após um pedido de tutela de urgência apresentado em fevereiro, no qual o grupo buscava suspender temporariamente a execução de dívidas para evitar a decretação de vencimento antecipado dos contratos.

À época, a empresa argumentou que o objetivo era ganhar tempo para negociar com credores e evitar um processo de recuperação judicial tradicional.

Com cerca de 30 lojas no Estado de São Paulo, a rede é controlada pela gestora de private equity L Catterton, ligada ao grupo de investimentos do bilionário francês Bernard Arnault, também controlador da LVMH.

A entrada da L Catterton ocorreu em 2016, e desde então a gestora vinha tentando vender sua participação, segundo fontes do mercado.

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Crise de crédito e caso Americanas afetaram o setor

No pedido judicial, o St Marche argumenta que a tentativa de abrir capital em 2021 foi frustrada pelas mudanças no cenário macroeconômico, incluindo alta dos juros e deterioração das condições de mercado.

Além disso, a companhia cita efeitos colaterais do escândalo contábil da Americanas (AMER3), que teria reduzido drasticamente a oferta de crédito ao varejo alimentar e agravado sua situação financeira.

O caso da Americanas gerou desconfiança generalizada entre financiadores e levou muitas instituições a reavaliarem suas políticas de concessão para o setor, especialmente em empresas com perfil de crescimento acelerado e alta alavancagem.

Próximos passos

A reestruturação extrajudicial permite que a empresa negocie diretamente com os credores financeiros, sem a interferência de um administrador judicial ou necessidade de assembleia geral, desde que os termos sejam homologados judicialmente.

O modelo é mais ágil e menos custoso do que o pedido de recuperação judicial tradicional.

📈 A empresa ainda não se pronunciou oficialmente sobre o pedido. O processo tramita na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJSP.