O que são dividendos? Guia completo para você começar a viver de renda

Author
Publicado em 16/06/2025 às 15:15h - Atualizado 12 horas atrás Publicado em 16/06/2025 às 15:15h Atualizado 12 horas atrás por Kelly

Dividendos são a parte do lucro líquido que uma empresa listada na bolsa distribui aos seus acionistas, conforme sua política de remuneração. Uma carteira com bons pagadores de dividendos é indispensável para o investidor que quer ter renda passiva a longo prazo.

Como funcionam os dividendos?

Em linhas gerais, dividendos fazem o seu dinheiro trabalhar para você, mês após mês, sem precisar vender nenhum ativo. É a estratégia favorita de quem busca construir uma fonte de renda passiva e, quem sabe, até viver dela.

Mas atenção: não basta escolher qualquer ação e esperar o lucro cair na conta. Investir com foco em dividendos exige técnica, conhecimento de mercado e, acima de tudo, consistência.

Por que as empresas distribuem dividendos?

A distribuição dos dividendos acontece como forma de recompensar os acionistas da empresa pelo lucro do período. Afinal, são eles que acreditam e investem no negócio. E quando esses recursos não são reinvestidos em novas operações, projetos ou expansão a empresa pode optar por dividir com os seus sócios.

Empresas pagadoras de dividendos tendem a ser mais sólidas e com uma previsibilidade maior, aspecto muito valorizado no mercado.

De acordo com a legislação brasileira (Lei das Sociedades por Ações - Lei nº 6.404/76), as empresas listadas em bolsa devem, por padrão, distribuir no mínimo 25% do lucro líquido ajustado aos acionistas como dividendos, salvo se o estatuto social da empresa determinar outro percentual.

O pagamento pode ocorrer de duas formas principais:

Dividendos fixos:algumas empresas mantêm um percentual fixo de distribuição, garantindo previsibilidade para os investidores;

Dividendos variáveis: outras companhias distribuem dividendos conforme o lucro obtido no período, podendo haver oscilações nos valores pagos.

Quem tem direito a receber dividendos?

Investidores e acionistas que compraram ações de empresas até a “data de corte” (conhecida como data-com) têm direito a receber os dividendos anunciados. A partir do dia seguinte (data-ex) quem comprar as ações já não terá mais direito à aquele pagamento específico.

Por isso, é importante se atentar a agenda de pagamentos das empresas. Vale ressaltar que o valor é depositado automaticamente na conta vinculada à corretora, sem que o investidor precise fazer qualquer ação.

O que é a agenda de dividendos?

A agenda ou o calendário de dividendos é onde você encontra as datas-chaves de cada pagamento, como a data-com, a data-ex e a data que a empresa realizará os depósitos.

Com essa agenda, o investidor consegue planejar, saber quais empresas vão pagar dividendos, quando e quanto pode receber.

Aqui no Investidor10, você encontra a agenda de dividendos de Ações, FIIs, Stocks, Reits e BDRs. Você pode visualizar através de lista ou calendário e ainda filtrar por data-com e data de pagamento, tudo em uma interface intuitiva e fácil de usar, pensado para organizar o investidor iniciante ou experiente.

Tipos de proventos pagos ao investidor

Proventos nada mais são do que formas das empresas listadas na Bolsa recompensarem seus acionistas. É importante que você saiba disso para poder montar uma estratégia de acordo com o seu objetivo, que pode ser renda passiva, reinvestimento ou acúmulo de capital.

Dividendos

Esse é o tipo de provento mais conhecido e é justo dizer que também é o mais procurado por investidores que buscam renda passiva.

Como já falamos aqui, o dividendo é a distribuição de parte do lucro líquido da empresa com os seus acionistas, conforme sua política e agenda interna. Em outras palavras, se a companhia lucrou, você - como sócio - pode receber uma fatia desse resultado.

O pagamento pode ocorrer mensalmente, trimestralmente, semestralmente ou anualmente, e o valor recebido é proporcional à quantidade de ações que você possui. Esse provendo é isento de imposto de renda para pessoas físicas, o que aumenta ainda mais sua atratividade.

Juros sobre Capital Próprio (JCP)

Outro tipo de provento bastante comum no mercado brasileiro é oJuros sobre Capital Próprio, ou simplesmente JCP. Apesar de, na prática, funcionar como um dividendo, ele tem uma diferença importante: a tributação.

O JCP é uma forma que as empresas encontraram de distribuir lucros e, ao mesmo tempo, obter benefício fiscal, já que esse valor é dedutível do lucro tributável da companhia.

Enquanto os dividendos são pagos a partir do lucro líquido e são isentos de Imposto de Renda para o investidor pessoa física, os JCP são contabilizados como despesa financeira, permitindo que a empresa deduza esse valor da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, reduzindo sua carga tributária.

Para o investidor, os JCP são tributados na fonte a uma alíquota de 15% de Imposto de Renda. Apesar dessa tributação, os JCP ainda representam uma fonte atrativa de renda passiva, especialmente para investidores que buscam diversificar suas estratégias de retorno.

Empresas como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Petrobras e Vale frequentemente utilizam essa forma de distribuição de lucros, evidenciando sua relevância no mercado financeiro brasileiro.

Entenda mais sobre esse tipo de provento aqui: Juros Sobre Capital Próprio (JCP): o que são e como lucrar

Como saber se uma ação paga dividendos?

Insira a legenda aqui

Muitas pessoas que estão começando a entender o mercado de investimento agora podem acreditar erroneamente que todas as empresas listadas na bolsa tem costume de remunerar seus acionistas regularmente, mas isso não é verdade.

Para descobrir se uma ação paga dividendos, você precisa verificar:

  • Histórico de pagamento da empresa;

  • Consultar política de distribuição de proventos;

  • Acompanhar os comunicados ao mercado.

A sua sorte é que o Investidor10, oferece tudo isso a poucos cliques de distância. Mas voltando ao ponto: uma das formas de identificar boas pagadoras é analisando o dividend yield. Alguns investidores utilizam faixas de referência para esse indicador.

Décio Bazin, por exemplo, buscava empresas que tivessem o DY de ao menos 6%. Luiz Barsi vai pela mesma linha, ele busca empresas que pagam de forma consistente, com um dividend yield médio superior a 6% nos últimos cinco ou dez anos.

Warren Buffett, por outro lado, foca menos no yield e mais na qualidade e geração de caixa das empresas. Ou seja, não existe um número certo: o ideal é avaliar o contexto por trás do indicador.

Conheça nosso ranking: Empresas com maiores Dividend Yield

Frequência e previsibilidade na distribuição

Cada empresa tem a sua agenda de pagamentos e compromisso com os acionistas, em geral funciona da seguinte maneira:

  • Pagamentos por trimestre: mais comum no mercado americano, são empresas que distribuem seu lucro 4 vezes ao ano;

  • Pagamentos por semestre: comum em empresas brasileiras mais robustas, geralmente a distribuição é vinculada aos resultados do período;

  • Pagamentos por ano: geralmente acontece após a divulgação do balanço anual.

Aqui é importante dizer que a previsibilidade é tão importante quanto a frequência no longo prazo. Empresas com histórico de pagamentos regulares, mesmo com valores modestos, assumem compromisso com a participação dos acionistas. É uma via de mão dupla.

O que classifica uma empresa como boa pagadora?

No mercado é comum ouvir dizer que X empresa é boa pagadora de dividendos, significa que ela tem um padrão histórico de distribuição contínua. Mesmo em períodos economicamente difíceis, muitas empresas perseveram no pagamento aos seus acionistas.

É sabido que empresas maduras, com geração de caixa e de setores de serviços essenciais como energia elétrica, saneamento e bancos costumam ser boas pagadoras de dividendos no Brasil. Estas empresas geralmente possuem payout ratio (percentual do lucro distribuído) bem definido e previsível.

Como calcular dividendos?

A principal habilidade de um investidor é saber construir uma carteira geradora de renda e calcular os dividendos corretamente é um dos requisitos.

Diferentemente de outras formas de rendimento como juros de renda fixa, os dividendos não são garantidos nem possuem valor predeterminado, eles dependem diretamente do desempenho da empresa e das decisões de seu conselho de administração quanto à distribuição de lucros.

Para isso, é necessário estar por dentro do mercado e nos comunicados das empresas. Nós do Investidor10 facilitamos esse acompanhamento, nossa plataforma oferece dados atualizados sobre o histórico de proventos das companhias atualizadas para que você não precise perder horas procurando as informações de cada ativo.

Fórmula básica para cálculo por ação

O cálculo básico de dividendos segue uma lógica simples. Para saber quanto você receberá em uma distribuição específica, utilize a seguinte fórmula:

Valor a receber = Número de ações × Valor do dividendo por ação

Por exemplo, se você possui 100 ações da empresa XYZ, e ela anunciou um dividendo de R$ 0,75 por ação, você receberá: 100 × R$ 0,75 = R$ 75,00

💡No Investidor10 PRO, esse cálculo é automatizado para toda sua carteira. A plataforma mantém um registro detalhado das suas posições e, quando uma empresa anuncia dividendos, projeta automaticamente quanto você receberá, facilitando seu planejamento financeiro.

Para ações que não divulgam o valor por ação, mas sim o montante total a ser distribuído, a fórmula se adapta:

Dividendo por ação = valor total distribuído ÷ número total de ações

Este caso é comum quando empresas anunciam, por exemplo, "distribuição de R$ 500 milhões em dividendos".

💡No Investidor10 PRO, diferencia automaticamente as classes de ações (ON e PN), que podem receber valores distintos de dividendos, garantindo que você tenha a informação correta para cada tipo de ativo em sua carteira.

O que é Dividend Yield e como interpretar

O Dividend Yield (DY) é um indicador percentual que relaciona o quanto uma empresa paga em dividendos em relação ao preço atual de suas ações. Este é possivelmente o indicador mais utilizado por investidores focados em renda passiva. A fórmula para calculá-lo é:

Dividend Yield = (dividendos pagos por ação em 12 meses ÷ preço atual da ação) × 100

Por exemplo, se uma empresa pagou R$ 2,50 em dividendos nos últimos 12 meses e sua ação está cotada a R$ 50,00, o Dividend Yield será: (2,50 ÷ 50,00) × 100 = 5%

Para interpretar corretamente o Dividend Yield:

  • Comparação setorial: um DY considerado bom para o setor bancário pode ser insuficiente para o setor elétrico. Compare sempre empresas do mesmo segmento;

  • Consistência histórica: um Dividend Yield elevado, porém inconsistente, pode indicar um pagamento extraordinário não sustentável no longo prazo;

  • Relação com taxa de juros: em ambientes de juros altos, ações tendem a oferecer DY mais elevados para se manterem atrativas frente à renda fixa;

  • Armadilha do alto rendimento: um DY excepcionalmente alto (acima de 10%, por exemplo) pode sinalizar que o mercado não acredita na manutenção desses dividendos ou que o preço da ação caiu drasticamente por problemas na empresa.

Lembre-se de que o Dividend Yield é calculado com base em dividendos passados, não havendo garantia de manutenção desse patamar no futuro. Por isso, é importante analisar também as projeções de lucro da empresa para estimar sua capacidade de pagamento futuro.

Diferença entre dividendos brutos e líquidos

A diferença entre dividendos brutos e líquidos impacta diretamente o quanto vai chegar à sua conta. Veja abaixo:

Dividendo bruto é o valor anunciado pela empresa antes da dedução de impostos e taxas. É o valor utilizado para cálculos como o Dividend Yield.

Dividendo líquido é o montante que efetivamente chega à conta do investidor após todas as deduções. A principal diferença no mercado brasileiro está relacionada à tributação:

  • Dividendos tradicionais: isentos de Imposto de Renda, conforme legislação vigente. Portanto, o valor bruto e líquido são idênticos;

  • Juros sobre Capital Próprio (JCP): forma alternativa de distribuição de lucros, sofre retenção de 15% de Imposto de Renda na fonte. Por exemplo, um JCP bruto de R$ 1,00 por ação resultará em um pagamento líquido de R$ 0,85;

  • Taxas de custódia: algumas corretoras cobram taxas para creditar proventos em sua conta, sempre verifique a política da sua instituição financeira.

Para um planejamento financeiro mais próximo da realidade do mercado, é importante projetar seus rendimentos com base nos valores líquidos. No caso específico dos JCPs, a empresa normalmente já informa tanto o valor bruto quanto o líquido em seus comunicados.

Vale ressaltar que, do ponto de vista da empresa, o JCP oferece vantagem fiscal, pois é contabilizado como despesa e reduz a base de cálculo de outros impostos. Isso explica por que muitas companhias optam por essa modalidade, mesmo que represente uma dedução para o acionista.

Tributação e Imposto de Renda

(Imagem: Shutterstock)

Não tem como fugir do leão, quem investe sabe bem disso. A tributação existe e precisamos aprender sobre ela ou se tornará uma pedra no sapato ao longo do caminho.

Como funciona a tributação dos dividendos no Brasil

No Brasil, existe uma política de isenção, criada para fomentar o investimento no mercado de capitais. Sendo assim, os dividendos distribuídos por empresas nacionais com ações negociadas em bolsa são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas. Ou seja, o valor que o investidor recebe cai líquido na conta, sem desconto.

No entanto, isso não significa que você não deva declarar os seus investimentos. É necessário informar todos os valores recebidos na declaração anual de Imposto de Renda, especificamente na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”. Isso ajuda a Receita a acompanhar a origem da sua renda e patrimônio, uma vez que os dividendos são rastreados e o não declaração pode levar seu nome à malha fina.

Juros sobre capital próprio: o que muda na declaração

Diferente dos dividendos, osjuros sobre capital próprio (JCP)são tributáveis na fonte, com alíquota de 15% de Imposto de Renda. A empresa que faz o pagamento já retém esse valor automaticamente, então o investidor recebe o montante líquido, sem precisar pagar nada a mais.

Contudo, na hora da declaração, o JCP precisa ser informado em duas fichas diferentes:

  • Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva, onde entra o valor líquido (após o IR retido na fonte);

  • Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), onde você informa o imposto que já foi pago.

Esse cruzamento de informações é importante, porque permite à Receita identificar que o tributo foi pago corretamente. Mesmo com a retenção automática, o investidor ainda é responsável por declarar tudo corretamente.

⭐ Uma dica: a própria corretora fornece um informe de rendimentos, geralmente no início do ano, com todos os dados separados por ativo, tipo de provento e valor. Esse documento é essencial para não errar na hora de preencher a declaração.

Como declarar dividendos no Imposto de Renda

A declaração de dividendos pode parecer técnica à primeira vista, mas é mais simples do que parece. Veja o passo a passo:

  1. Abra o programa da Receita Federal (IRPF);

  2. Acesse a ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”;

  3. Escolha o código “09 – Lucros e dividendos recebidos”;

  4. Informe:

  • CNPJ da empresa que pagou o dividendo;

  • nome da fonte pagadora (a empresa);

  • valor recebido no ano-calendário;

  • Se você recebeu dividendos de mais de uma empresa, preencha um novo item para cada uma delas.

  • Já no caso de Juros sobre Capital Próprio, o processo é:

    • Vá até a ficha “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”;

    • Use o código “10 – Juros sobre capital próprio”;

    • Informe o CNPJ da empresa, o nome e o valor líquido recebido;

    • Depois, vá até a ficha “Imposto Retido na Fonte” para informar o valor do imposto já pago pela empresa.

    Importante: não some tudo e coloque em um único campo. A Receita exige que as informações sejam detalhadas por empresa e tipo de rendimento.

    💡Se você utiliza plataformas como o Investidor10 PRO, parte desse trabalho pode ser facilitado, a plataforma conta o recurso de IRPF integrado à B3, permitindo a importação automática de dados da carteira do investidor. Além disso, oferece funcionalidades como geração de DARF, suporte a ações, FIIs, investimentos no exterior e criptomoedas. Ainda assim, sempre confirme os números com o informe de rendimentos da corretora, que é o documento oficial.

    Estratégias com foco em dividendos

    Já falamos que investir com foco em dividendos é um dos recursos mais buscado por investidores que tem como objetivo o longo prazo. Veja a seguir como isso funciona na prática.

    O que é uma carteira de dividendos?

    No mercado de investimentos, uma carteira é um conjunto de ativos. Geralmente, cada investidor tem a sua, às vezes, mais de uma, a depender de seus objetivos.

    A carteira de dividendos, por sua vez, consiste em ativos (ações ou fundos imobiliários) cuidadosamente selecionados para gerar renda passiva recorrente. O foco aqui não está na valorização rápida das ações, mas sim no fluxo constante de dividendos e no reinvestimento deles ao longo do tempo.

    Na carteira de dividendos, geralmente se encontram empresas sólidas, com histórico consistente de lucros e políticas claras de remuneração. Entre investidores iniciantes e avançados, as empresas de serviços essenciais costumam ter presença garantida, justamente por apresentarem previsibilidade de receitas e boa gestão de caixa.

    Como montar uma carteira de dividendos consistente

    Se você quer construir uma carteira de dividendos forte e saudável, o caminho começa com critério. Não se trata de escolher apenas pela porcentagem mais alta de retorno. Veja alguns passos para montar sua estratégia:

    1. Analise o histórico de pagamento: prefira empresas que já distribuem dividendos há anos, mesmo em períodos difíceis.

    2. Avalie o payout: o percentual do lucro distribuído importa, mas é importante que esse número seja sustentável.

    3. Diversifique por setor: não coloque todas as ações em um único setor, isso reduz o risco e estabiliza o fluxo de proventos.

    4. Considere o Dividend Yield com cautela: ele mostra o retorno percentual em relação ao preço da ação, mas pode ser distorcido em momentos pontuais. Sempre veja o contexto.

    5. Reinvista os dividendos: para acelerar o crescimento da sua carteira, reinvestir os proventos é uma das estratégias mais eficazes.

    Ferramentas como o Investidor10 PRO ajudam nessa construção, pois permitem acompanhar dividend yield, histórico de distribuição e projeções com mais assertividade.

    É possível viver de dividendos?

    Vamos deixar essa pergunta ser respondida pelo investidor pessoa física mais antigo na Bolsa de Valores no Brasil, Luiz Barsi: “Sem trabalhar, sentado nesta cadeira, a Eletrobrás me dá o equivalente a R$ 300 mil por mês. É um ‘salarinho’ razoável, né?”

    Sim, ele mais que ninguém sabe que é possível viver de renda passiva através dos dividendos, e essa declaração ilustra na prática o quanto é possível ter aumento de capital aportando em empresas sólidas, basta ter consistência e boas ferramentas para acompanhar.

    Vale a pena sair da renda fixa para focar em dividendos?

    A resposta é: depende do seu perfil, dos seus objetivos e do momento do mercado. A renda fixa oferece segurança e previsibilidade, enquanto ações pagadoras de dividendos trazem o benefício do crescimento do capital com geração de renda.

    Para quem busca renda passiva crescente no longo prazo, os dividendos podem ser mais vantajosos, principalmente se considerarmos a valorização das ações ao longo do tempo. Já a renda fixa é indicada para objetivos de curto prazo ou para compor a reserva de emergência.

    Uma boa estratégia é equilibrar os dois mundos: manter parte do patrimônio em renda fixa para segurança e liquidez, e outra parte em ativos de dividendos, pensando no futuro. Assim, você garante estabilidade enquanto faz o seu patrimônio trabalhar.

    Como identificar boas pagadoras de dividendos?

    (Imagem: Shutterstock)

    Existem vários critérios que definem uma empresa ser boa pagadora de dividendos. É preciso olhar além do número do distribuído no último ano. Veja abaixo alguns critérios importantes para identificar as "boas pagadoras"

    Indicadores financeiros úteis (Payout, DY, histórico)

    • Dividend Yield (DY): é a relação entre o valor dos dividendos pagos e o preço atual da ação. Por exemplo, se uma empresa pagou R$ 5 por ação em dividendos e a ação custa R$ 100, o DY é 5%. Um DY alto pode parecer atraente, mas precisa ser analisado com cuidado. Às vezes, ele está alto porque o preço da ação caiu muito — e isso pode ser um sinal de alerta.

    • Payout: mostra qual porcentagem do lucro líquido a empresa distribui aos acionistas. Se o payout for muito baixo, talvez ela esteja reinvestindo para crescer. Se for muito alto, pode não estar deixando margem para manter a saúde do caixa. O ideal? Um equilíbrio. Empresas que mantêm um payout entre 40% e 70%, de forma consistente, costumam ser confiáveis nesse aspecto.

    • Histórico de pagamento: a regularidade importa mais do que o valor pontual. Uma empresa que paga dividendos todos os anos, mesmo em ciclos econômicos desafiadores, demonstra compromisso com o acionista e uma boa gestão financeira.

    Usar esses indicadores em conjunto evita decisões baseadas apenas em números “bonitos” fora de contexto.

    💡Os usuários do Investidor10 PRO têm acesso ao recurso de carteiras recomendadas, elas são desenvolvidas cuidadosamente para otimizar a estratégia do investidor pessoa física, minimizar riscos e potencializar resultados, oferecendo recomendações personalizadas de ativos conforme diferentes perfis e objetivos de investimento

    Exemplos de empresas que pagam bons dividendos no Brasil

    No mercado brasileiro, algumas empresas se destacam pela consistência na distribuição dos lucros, empresas como Petrobras, Itaú Unibanco, Vale, Itaúsa e Banco do Brasil se destacam pela consistência na distribuição de lucros ao longo dos anos.

    Vale lembrar que o cenário muda ao longo do tempo, por isso é essencial acompanhar os relatórios financeiros e atualizações da empresa, e não confiar apenas no passado.

    Leia mais aqui: Dividendos crescem 13% em 2024: Veja as maiores pagadoras da B3

    Erros comuns ao escolher ações para dividendos

    Existem algumas armadilhas no meio do caminho do investidor que decidiu colher os frutos da renda variável. Alguns deles são:

    • Olhar apenas para o DY do momento: como dissemos antes, um Dividend Yield alto pode ser resultado de uma queda abrupta no preço da ação, e não de um bom desempenho da empresa. Sempre investigue o porquê.

    • Ignorar o setor de atuação: setores cíclicos (como commodities) tendem a pagar mais em tempos de alta, mas reduzir ou suspender dividendos quando os ventos mudam. Já setores como energia e saneamento são mais estáveis. Entender isso faz diferença.

    • Focar em dividendos e esquecer o negócio: comprar uma ação só porque paga bem, sem entender a empresa por trás, é como comprar um carro pelo som do motor sem olhar o estado do veículo. Priorize empresas com fundamentos sólidos.

    • Não diversificar: ter uma carteira 100% focada em um único setor ou em poucas empresas aumenta o risco. Diversificação é uma das chaves para a consistência no recebimento de proventos.

    Glossário essencial para investidores em dividendos

    Reunimos os termos fundamentais que todo investidor focado em renda passiva precisa conhecer para tomar decisões mais informadas no mercado de ações.

    Dividendos: parcela do lucro líquido distribuída aos acionistas, proporcional à quantidade de ações que possuem. No Brasil, são isentos de imposto de renda para pessoa física.

    Juros sobre Capital Próprio (JCP): forma alternativa de distribuição de lucros que sofre retenção de 15% de imposto de renda na fonte, mas oferece vantagem fiscal para a empresa emissora.

    Pay-out ratio: percentual do lucro líquido que a empresa destina ao pagamento de dividendos. Um pay-out de 70% significa que 70% do lucro é distribuído aos acionistas.

    Data com: último dia para comprar a ação e ter direito ao dividendo anunciado. Também chamada de "data de corte".

    Data ex: primeiro dia em que a ação é negociada sem direito ao dividendo anunciado. Nesta data, geralmente ocorre um ajuste no preço da ação.

    Dividend yield: relação percentual entre os dividendos pagos por ação nos últimos 12 meses e o preço atual da ação. Indica o retorno em dividendos.

    Yield traps: "armadilhas de rendimento": empresas com dividend yields excepcionalmente altos devido a problemas fundamentais que causaram queda acentuada no preço das ações.

    DGI (Dividend Growth Investing): estratégia focada em empresas que aumentam consistentemente seus dividendos ao longo do tempo, priorizando o crescimento sustentável dos proventos.

    Yield on cost: relação entre o valor dos dividendos recebidos atualmente e o preço originalmente pago pelas ações. Reflete o rendimento considerando o custo de aquisição.

    FCF (Free Cash Flow): fluxo de caixa livre, representa o montante disponível após investimentos em ativos fixos. Importante para avaliar a sustentabilidade dos dividendos no longo prazo.

    EPS (Earnings Per Share): lucro por ação, calculado dividindo-se o lucro líquido pelo número de ações. indicador fundamental para projetar dividendos futuros.