Contratos futuros: saiba como funcionam e como operar

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Publicado em 22/09/2025 às 11:57h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 22/09/2025 às 11:57h Atualizado 1 dia atrás por Carlos Filadelpho
Entenda como funcionam e como operar contratos futuros (Imagem: Shutterstock)
Entenda como funcionam e como operar contratos futuros (Imagem: Shutterstock)

Os contratos futuros são um dos instrumentos mais versáteis do mercado financeiro, pois permitem que investidores, empresas e até produtores rurais negociem a compra ou venda de um ativo para uma data futura, com preço definido no momento da negociação.

Neste artigo, você vai entender em detalhes como funcionam os contratos futuros, seus principais usos, vantagens e riscos, além de ver exemplos práticos de operação na Bolsa de Valores (B3).

O que são contratos futuros

Contratos futuros são acordos padronizados de compra ou venda de um ativo para liquidação em uma data futura, por um preço definido no momento da negociação. 

 Eles fazem parte da categoria dos derivativos, pois derivam seu valor de outro ativo commoditie, moedas, índice de ações ou criptomoedas.

Esses contratos são negociados no mercado futuro da B3 e permitem que o investidor invista na alta ou na queda de um determinado ativo. 

Caso a expectativa se concretize, é possível obter lucro; caso contrário, podem ocorrer perdas. A padronização das condições, como tamanho do contrato, prazos e forma de liquidação, garante transparência e liquidez nas operações.

Qual a finalidade dos contratos futuros?

Os contratos futuros atendem a dois grandes objetivos:

  • Hedge (proteção): Uma companhia aérea, por exemplo, pode comprar contratos futuros de dólar para se proteger de uma eventual alta da moeda e evitar aumento nos custos de combustível importado.

  • Especulação: Investidores que acreditam em uma alta ou queda futura do preço de um ativo operam contratos futuros para tentar lucrar com essa variação. 

Nesse último caso, o objetivo não é se proteger, mas sim aproveitar a volatilidade do mercado para ganhar dinheiro.

Como os contratos futuros funcionam

O funcionamento dos contratos futuros pode ser entendido em 5 etapas:

  1. Negociação do contrato: o investidor envia uma ordem de compra ou venda pela corretora, que registra a operação na B3.

  2. Margem de garantia: para manter a posição aberta, é preciso alocar um valor como garantia, que pode ser dinheiro, títulos públicos ou CDBs. Essa margem protege o sistema caso haja perdas.

  3. Ajuste diário: a cada dia, a B3 calcula o lucro ou prejuízo com base na variação do preço do contrato. Os valores são creditados ou debitados automaticamente na conta do investidor.

  4. Chamada de margem: se o saldo da conta não for suficiente para cobrir as perdas, a corretora solicita um aporte extra para manter a posição ativa.

  5. Encerramento ou liquidação: o investidor pode encerrar a operação a qualquer momento antes do vencimento, fazendo uma operação contrária. Se mantiver até o fim, o contrato é liquidado conforme as regras definidas.

Contratos e minicontratos

Na B3, cada contrato possui um valor nocional padrão. Para facilitar o acesso de pessoas físicas, foram criados os minicontratos, com valor reduzido.

Exemplo:

  • IND (contrato cheio de índice Bovespa) = R$ 1 por ponto.

  • WIN (mini índice) = R$ 0,20 por ponto.

Essa diferença torna os minicontratos mais acessíveis, permitindo que investidores iniciantes participem do mercado futuro com menos capital.

Principais contratos futuros na B3

A B3 oferece uma ampla variedade de contratos, que podem ser agrupados em diferentes categorias:

  • Commodities agrícolas e pecuárias: contratos de boi gordo, café, milho e soja permitem que produtores e indústrias se protejam das variações de preço desses produtos.

  • Moedas: contratos de dólar, euro e mini dólar são muito utilizados por importadores, exportadores e investidores que querem se proteger da volatilidade cambial ou lucrar com ela.

  • Índices de ações:contratos de índice Bovespa (IND) e mini índice (WIN) possibilitam ao investidor apostar na alta ou queda do mercado de ações como um todo, sem precisar comprar cada ação individualmente.

  • Criptomoedas: a B3 também disponibiliza contratos futuros de Bitcoin, permitindo exposição à criptomoeda sem a necessidade de comprá-la diretamente.

Códigos e vencimentos dos contratos

Commodities agrícolas (Imagem: Shutterstock)

Cada contrato futuro possui um código (ticker) formado por:

  • Três letras iniciais, que representam o ativo (ex: IND para índice Bovespa, WDO para mini dólar).

  • Uma letra que indica o mês de vencimento, como F para janeiro, G para fevereiro, H para março e assim por diante.

  • Dois números finais, que representam o ano de vencimento.

Dito isso, veja os principais tickers de contratos futuros disponíveis na B3:

Índices de ações

  • IND – Índice Bovespa (contrato cheio)

  • WIN – Mini Índice Bovespa

  • ISP – Índice S&P 500

  • WSP – Microcontrato S&P 500

Moedas

  • DOL – Dólar americano (contrato cheio)

  • WDO – Mini Dólar

  • EUR – Euro

Commodities agrícolas

  • BGI – Boi Gordo

  • ICF – Café Arábica Tipo 4/5

  • CNL – Café Conilon Robusta

  • CCM – Milho com liquidação financeira

  • SOY – Soja FOB Santos

Energia e outros

  • ETN – Etanol Hidratado

  • OZ1 – Ouro 250 gramas

Criptomoedas

Agora veja as letras que indicam o vencimento do contrato e o seu respectivo mês:

  • Janeiro - F

  • Fevereiro - G

  • Março - H

  • Abril - J

  • Maio - K

  • Junho - M

  • Julho - N

  • Agosto - Q

  • Setembro - U

  • Outubro - V

  • Novembro - X

  • Dezembro - Z

Por exemplo, o código WDOF24 identifica um minicontrato de dólar com vencimento em janeiro de 2024.

As datas de vencimento variam de acordo com o tipo de ativo. Para os contratos de dólar, por exemplo, o vencimento ocorre no último dia útil do mês. Já para o índice Bovespa, é sempre na quarta-feira mais próxima do dia 15 de meses pares.

💡Saiba mais: O que são commodities: guia completo para investir

Como começar a operar contratos futuros

Quem deseja operar contratos futuros deve seguir alguns passos importantes:

  1. Abrir conta em uma corretora habilitada: é essencial escolher uma corretora que ofereça acesso ao mercado futuro e uma plataforma de negociação eficiente.

  2. Verificar o perfil de investidor (suitability): derivativos são indicados para investidores com perfil arrojado, pois envolvem alta volatilidade.

  3. Alocar a margem de garantia: a corretora informará o valor mínimo necessário, que pode variar conforme o contrato e as condições do mercado.

  4. Monitorar o ajuste diário: é fundamental acompanhar os resultados diários e estar preparado para eventuais chamadas de margem.

  5. Encerrar ou manter a posição: o investidor pode reverter a operação antes do vencimento ou deixar que o contrato seja liquidado no prazo.

Vantagens de investir em contratos futuros

Operar contratos futuros é uma decisão que pode oferecer diversos benefícios, dentre os quais, podemos destacar:

  1. Proteção (hedge): permite reduzir riscos de variação de preço de ativos importantes para empresas e investidores.

  2. Liquidez: a grande movimentação diária facilita abrir e encerrar posições rapidamente.

  3. Alavancagem: é possível negociar valores elevados aplicando apenas uma fração como margem de garantia.

  4. Flexibilidade: o investidor pode atuar tanto na alta quanto na queda dos preços.

No entanto, apesar das oportunidades, os contratos futuros exigem atenção redobrada. A alavancagem, que pode potencializar ganhos, também aumenta as perdas. 

Uma oscilação brusca no preço do ativo pode gerar prejuízos significativos e até chamadas de margem inesperadas.

Além disso, é necessário conhecimento técnico para compreender o funcionamento do ajuste diário e dos mecanismos de liquidação. O investidor deve ter um plano bem definido de entrada e saída, além de estratégias de controle de risco.

Contratos futuros valem a pena?

A resposta depende diretamente do perfil, dos objetivos e do nível de conhecimento do investidor.

  1. Empresas e produtores: para companhias expostas a variações de câmbio, juros ou preços de commodities, os contratos futuros são ferramentas estratégicas de proteção (hedge). Eles ajudam a dar previsibilidade ao caixa e aos custos, reduzindo o impacto de oscilações inesperadas.

  2. Investidores que buscam diversificação: incluir derivativos na carteira pode equilibrar riscos e trazer novas possibilidades de retorno, especialmente em cenários de volatilidade nos mercados tradicionais.

  3. Especuladores experientes: para quem tem conhecimento técnico, acompanha o mercado de perto e possui disciplina, os contratos futuros podem oferecer oportunidades de lucros expressivos em prazos curtos, aproveitando movimentos de alta ou queda.

  4. Iniciantes e perfis conservadores: para esses investidores, os riscos podem superar os benefícios. A alavancagem, que multiplica ganhos, também amplia perdas, exigindo preparo emocional e capacidade financeira para lidar com chamadas de margem. Antes de entrar nesse mercado, é essencial investir em educação financeira, simulações e, se possível, começar com minicontratos.

Conclusão: o que você precisa lembrar sobre contratos futuros

Os contratos futuros são um dos pilares do mercado de derivativos, permitindo tanto proteção (hedge) quanto especulação. Na B3, é possível negociar contratos de commodities, moedas, índices e até criptomoedas, com regras claras e ajustes diários.

Apesar das vantagens como liquidez e alavancagem, os riscos também são elevados. Por isso, estudo, preparo e disciplina são indispensáveis para quem deseja usar essa ferramenta de forma estratégica nos investimentos. 

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