CDBs do Banco Master pagando quase 20% ao ano ficam como? Justiça barra compra pelo BRB

Banco Master, que costuma pagar juros compostos na renda fixa bem acima da média de mercado, negocia sua venda à estatal Banco de Brasília (BSLI4)

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Publicado em 07/05/2025 às 17:08h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 07/05/2025 às 17:08h Atualizado 1 dia atrás por Lucas Simões
Desde outubro de 2024, os CDBs do Banco Master vem gerando polêmica entre os investidores (Imagem: Divulgação)
Desde outubro de 2024, os CDBs do Banco Master vem gerando polêmica entre os investidores (Imagem: Divulgação)

⚖️ O Banco Master sofreu um revés em suas negociações de venda para o Banco de Brasília — BRB (BSLI4), que podem colocar ainda mais pressão sobre a sua estratégia agressiva de remuneração na renda fixa, com alguns de seus CDBs chegando a pagar quase 20% ao ano. Já as ações BSLI4 subiam quase +2% nesta quarta-feira (7), negociadas por R$ 8,35 cada.

Isso porque a Justiça do Distrito Federal barrou na noite desta terça-feira (6) a assinatura do contrato definitivo para a compra do Banco Master pelo BRB, uma estatal que pertence ao governo do Distrito Federal.

Em decisão, o juiz Carlos Fernando Fecchio, da 1ª Vara da Fazenda Pública, atendeu ao pedido de liminar feito pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Contudo, o juiz permitiu que a tramitação dos procedimentos necessários para que a compra do Banco Master pelo BRB prossiga, apesar de irregularidades na operação já terem sido apontadas por promotores na semana passada.

Já o Banco de Brasília disse, em nota pública, que tomou conhecimento da decisão judicial, mas reiterando que a compra do Banco Master permanece condicionada ao cumprimento de etapas e aprovações regulatórias.

➡️ Leia mais: Selic a 14,75%: Quanto rendem R$ 10 mil em CDB, LCA, LCI, Tesouro Selic e poupança

CDBs do Banco Master

Ainda em outubro de 2024, o Investidor10 já noticiou que os rendimentos mais que atrativos oferecidos pelos CDBs do Banco Master causavam desconforto e polêmicas nos bastidores do mercado financeiro, além da aumentarem à pressão sobre o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante cobertura de até R$ 250 mil, caso tenha dinheiro suficiente em caixa.

Naquela época, os títulos bancários do Master davam a possibilidade do investidor se travar com uma remuneração de 140% do CDI, em tempos em que a taxa Selic já era especulada a voltar para acima de 13% ao ano, apesar de ainda estar em 10,75%.

🗓️ Coincidentemente, nesta Super Quarta, a taxa básica de juros se prepara para bater o seu maior patamar desde agosto de 2006, com a maioria das apostas do mercado projetando uma remuneração de 14,75% ao ano, o que por si só, deve fazer com que uma taxa de 100% do CDI nos próximos 12 meses retorne 14,60%, conforme os cálculos do planejador financeiro Rafael Haddad, do C6 Bank.

Já a ferramenta do Investidor10, que monitora os investimentos em renda, mostra que tem CDB do Banco Master pagando 18,60% ao ano com vencimento só em janeiro de 2027, transformando uma aplicação de R$ 10 mil no rendimento bruto de R$ 13.478,71.

Uma vez descontado o imposto de renda devido, o investidor embolsaria R$ 12.869,93 nas condições da simulação, um valor consideravelmente superior a um CDB pagando 100% do CDI, que retornaria R$ 11.724,99.

🚨 Embora, do ponto de vista do investidor de renda fixa, tudo pareça apenas um bom negócio, que ainda conta com a cobertura do FGC, as preocupações dos órgãos reguladores, como o Banco Central, vão muito além, questionando sobre a saúde financeira do Banco Master em honrar o dinheiro emprestado.

Atualmente, a instituição financeira tem a 11ª primeira maior carteira de depósitos a prazo do país, com saldo de R$ 45,6 bilhões, contra o montante de apenas R$ 17 bilhões do BRB, que tenta comprar o Banco Master.