Veja como a Selic a 15% afeta o seu bolso
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é utilizada como referência para todas as outras taxas.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou na última semana a taxa Selic para 15% ao ano, maior patamar em quase 20 anos. No comunicado, o Banco Central afirmou que, caso o cenário esperado se confirme, este será o fim deste ciclo de apertos na Selic.
Lembrando que a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é utilizada como referência para todas as outras taxas, desde as de financiamento e crédito até os retornos das aplicações financeiras, ou seja, quando a Selic sobe os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, o que reduz o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
Isso faz com que haja menos dinheiro em circulação e, consequentemente, uma desaceleração no aumento dos preços, ajudando a conter a inflação. A inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), hoje no Brasil é de 0,26%, com um acumulo de 5,32% nos últimos 12 meses.
Operações de crédito ficam mais caras
Por ser referência para outras taxas de juros, a Selic mais alta acaba encarecendo empréstimos e financiamentos, é o que pontua Adriano Morais, professor de economia da faculdade ESEG.
"Famílias e consumidores que pretendem adquirir bens e serviços — como, por exemplo, uma nova televisão comprada a prazo ou um automóvel financiado — sentirão esse impacto diretamente no valor das parcelas, que se tornam mais altas. Isso torna a aquisição de bens e serviços mais proibitiva para muitas pessoas", explicou.
Setor imobiliário fica mais sensível
Ainda segundo o professor de economia, o setor imobiliário é um dos mais afetados pela alta da Selic, uma vez que a compra de imóveis demanda grandes somas de dinheiro.
"O encarecimento do crédito aumenta o valor das parcelas dos financiamentos habitacionais, o que afeta tanto os consumidores quanto o desempenho do setor como um todo. Ou seja, a atividade econômica de forma geral é impactada negativamente e tende a apresentar um crescimento mais moderado em períodos de alta da Selic", afirmou.
Produtos e serviços mais caros
O encarecimento do crédito também pressiona as margens das empresas, que repassam esse custo ao consumidor final, resultando em produtos e serviços mais caros, aumento da inflação e perda de poder de compra da população, é o que diz Thiago Eik, CEO da fintech Bankme e especialista em soluções de crédito.
Menor consumo
Eik também salienta sobre a retração do consumo com os juros altos. "Com o crédito caro e o custo de vida em alta, as pessoas consomem menos, o que afeta diretamente o varejo e a economia como um todo. Paralelamente, empresas desestimuladas a investir em expansão ou inovação, devido ao custo elevado do capital, comprometem o crescimento econômico do país", analisou.
De acordo com o especialista, em cenários prolongados de juros altos, o valor real da moeda tende a cair, com isso, o dinheiro passa a valer menos na prática, e isso retroalimenta a pressão inflacionária, exigindo novas altas na taxa Selic. "É um ciclo vicioso que impacta sobretudo o cidadão comum e o setor produtivo", diz.
Veja quem pode sair ganhando com a Selic em 15%
Os especialistas consultados pelo Investidor10 afirmam que ainda há setores que se beneficiam de uma taxa de juros elevada. O caso mais claro é o do sistema financeiro tradicional, em que os bancos lucram mais por meio de operações de crédito, cobrando juros elevados em empréstimos, financiamentos e inadimplências. Investidores com recursos para aplicar em renda fixa também estão entre os beneficiados.
A alta da Selic torna mais rentáveis aplicações como CDBs, LCIs, LCAs e o Tesouro Direto, que oferecem baixo risco. "Os títulos públicos, na prática, representam empréstimos feitos ao governo. Grandes instituições financeiras também costumam adquirir esses papéis, uma vez que se tornam mais vantajosos em tempos de juros altos", explicou o professor de economia da ESEG.
Segundo ele, "Quando essas instituições compram títulos, o governo recebe os recursos e retira dinheiro de circulação, reduzindo a liquidez na economia. Com menos liquidez, os bancos têm menos dinheiro disponível para conceder crédito, o que reforça o freio na atividade econômica — exatamente o efeito buscado pelo Banco Central com a elevação da Selic".
Outro segmento que se favorece é o das empresas estruturadas para conceder crédito próprio, como FDIC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), securitizadoras e os chamados minibancos. Elas conseguem captar e emprestar dinheiro com margem de lucro, aproveitando o cenário de juros elevados mesmo fora do sistema bancário tradicional.

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