The Economist diz que estratégia de Trump contra Brasil pode “sair pela culatral”

Publicação destacou aumento de popularidade do governo brasileiro depois do tarifaço

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Publicado em 01/08/2025 às 16:41h - Atualizado 10 horas atrás Publicado em 01/08/2025 às 16:41h Atualizado 10 horas atrás por Wesley Santana
The Economist é uma das revistas mais prestigiadas do mundo (Imagem: Shutterstock)
The Economist é uma das revistas mais prestigiadas do mundo (Imagem: Shutterstock)

Em editorial publicado nesta quinta-feira (31), a revista The Economist reagiu ao tarifaço oficializado pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil. A publicação, conhecida como a cartilha do mercado financeiro, destacou que a estratégia de Trump pode ser “um tiro no pé”.

O texto começa classificando a tarifação adicional de 40% como um “uma ataque sem precedente” ao país latino e ao seu judiciário. A revista ainda destaca as peculiaridades do sistema judicial brasileiro, que dá altos poderes aos membros da Suprema Corte, mas pontua que as ações da instância estão dentro da legalidade judicial.

É importante lembrar que o governo de Trump oficializou uma taxa adicional de 40% para os produtos oriundos do Brasil. A administração já havia declarado um imposto inicial de 10%, conforme uma estratégia que foi imposta para os países com base na balança comercial dos EUA com cada parceiro.

“Ele (Trump) não mencionou os desequilíbrios comerciais, a justificativa usual para as tarifas, talvez porque o Brasil tenha um déficit com os Estados Unidos”.

Em uma parte do texto, a publicação britânica retoma a disputa que a família Bolsonaro tem com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. É dito que as desavenças começaram em 2019, em ocasião do inquérito das fake News, que investigava a circulação de informações falsas na internet.

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Nesta semana, Moraes foi sancionado pelos EUA por meio da Lei Global Magnitsky, que congela bens do magistrado nos EUA. Além disso, ele fica impedido de entrar no país, como forma de tentar parar o que o governo Trump classificou como “caça às bruxas”.

“Ter como alvo um juíz em exercício em uma democracia em funcionamento é algo sem precedente”, diz o texto. “Moraes não fez nada parecido. Seu ato mais notável foi liderar o processo contra Jair Bolsonaro, ex-presidente de extrema direita do Brasil e aliado de Trump. Em breve, ele será julgado sob acusação de planejar um golpe para anular uma eleição que perdeu em 2022, o que ele nega”, destaca a The Economist.

Por fim, o editorial também aponta que a estratégia da família Bolsonaro de usar as relações com os EUA para tentar sair da mira de Moraes pode não dar tão certo.

“Lula agora enquadra o clã Bolsonaro como ‘traidor’. A maioria dos brasileiros concorda. Moraes, acostumado a receber ameaças de morte, é difícil de intimidar”, conclui o texto.

4 grupos de tarifas

Nesta quinta, o governo Trump divulgou uma lista atualizada com todas as tarifas aplicadas aos países. As nações foram separadas em quatro grupos, com diferentes características e tarifas, conforme comunicado divulgado pela Casa Branca.

O Brasil ficou no primeiro grupo, que trata dos países que sofreram a imposição de tarifas. Liderando a tabela com 50% de imposto de importação, o país se junta a nações como Síria, Laos, Suíça, Canadá e África do Sul, que vai até 15%.

Nações como as da União Europeia estão na segunda lista, que engloba aquelas que negociaram a imposição de tarifas. Neste caso, os acordos versam sobre tarifas entre 10% e 15%, conforme as decisões individuais.

Há, ainda, um grupo de países que não negociaram as tarifas junto aos Estados Unidos. É neste que está o México e a China, por exemplo, que recebem 25% e 30%, respectivamente.

Por fim, estão os países que receberam uma tarifa-base, grupo do qual o Brasil faria parte, caso não tivesse sido sancionado. Ele é composto por quase todas as nações da América do Sul, caso da Argentina, Chile e Colômbia.

Além do Brasil, outro país que sofreu uma espécie de sanção foi o Canadá, que teve o imposto aumentado de 25% para 35%. A decisão teria sido tomada como uma “resposta à contínua inação e retaliação” do país vizinho.