Senadores argentinos aumentam próprios salários em meio à crise econômica

Os parlamentares passarão a receber 6,7 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 40 mil) por mês; atualmente, o valor é 1,9 milhão de pesos argentinos (cerca de R$ 11,5 mil).

Author
Publicado em 19/04/2024 às 17:01h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 19/04/2024 às 17:01h Atualizado 1 mês atrás por Jennifer Neves
Foto - Shutterstock
Foto - Shutterstock

🇦🇷 Senadores argentinos aprovaram um aumento nos próprios salários e incluiram um bônus de Natal, durante uma votação realizada no final da sessão de quinta-feira (18). Isso ocorreu após um acordo prévio que pretendia evitar o escrutínio público.

A partir de maio, os parlamentares passarão a receber 6,7 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 40 mil) por mês, comparado aos atuais 1,9 milhão de pesos argentinos (aproximadamente R$ 11,5 mil). O salário-mínimo no país é de 180 mil pesos argentinos (R$ 1.072), enquanto mais da metade dos 46 milhões de argentinos vive abaixo da linha de pobreza, segundo o jornal El País.

Os senadores do partido governista, que apoiaram a retórica do presidente Javier Milei durante a campanha eleitoral em relação à crítica à "casta" política, também votaram a favor dos aumentos salariais. O jornal Clarín informou que a decisão foi apoiada pela vice-presidente de Milei e presidente do Senado, Victoria Villarruel.

O aumento nos salários dos parlamentares é um tema controverso na Argentina, em meio a uma inflação alta e cortes em correções salariais promovidos pelo governo para seguir com seu plano de austeridade fiscal. No período de um ano até março, a inflação acumulada no país atingiu 287,9%, maior índice desde os anos 1990.

Nas redes sociais, Milei criticou os parlamentares. "É assim que a casta age… Os únicos sete que votaram contra foram os senadores da Liberdade Avança [partido de Milei]. Em 2025, será uma surra histórica", disse, referindo-se às eleições legislativas de meio de mandato que ocorrerão no próximo ano.

O movimento dos senadores acontece um mês depois de o presidente Javier Milei ter reajustado seu próprio salário em 50% e depois recuado em sua decisão.

Milei assinou o decreto que permitiu o aumento, mas se desculpou, culpando a ex-presidente Cristina Kirchner, que, segundo ele, teria criado um mecanismo de atualizações salariais baseado na inflação há 14 anos. "A cada dia descobrimos uma nova regra que beneficiou políticos e prejudicou argentinos", afirmou na época.

Em resposta, Kirchner acusou Milei de desviar a atenção do decreto culpando-a. "Admite que você assinou, foi pago e pegou [o dinheiro]", afirmou ela.