“Se der para fazer superávit zero, ótimo, se não der, ótimo também”, afirma Lula sobre meta fiscal

Durante entrevista, o presidente deu exemplos de países desenvolvidos também endividados

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Publicado em 08/02/2024 às 14:07h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 08/02/2024 às 14:07h Atualizado 3 meses atrás por Jennifer Neves
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Shutterstock
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Shutterstock

👨🏽‍⚖️ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou descumprimento da meta de zerar o déficit primário em 2024, nesta quinta-feira (8). Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, o mandatário disse que não gosta da discussão e que não há problema se o equilíbrio fiscal não for atingido.

"Essa é uma discussão que às vezes aparece e eu não gosto que ela apareça”, disse. “Você gasta quanto você arrecada. Se aumentar a arrecadação, a gente tem mais dinheiro para gastar. Se diminuir a arrecadação, você vai diminuir o que tem que investir. Essa é a lógica. É uma lógica que vale para a sua casa na família, é uma lógica que vale para a prefeitura e que vale para o governo federal”, justificou.

Em seguida, o chefe do Executivo sinalizou na direção oposta. “Nós temos o orçamento, que foi previsto e que foi dito que vamos fazer investimento. Se der para fazer superávit zero, ótimo, se não der, ótimo também”, pontuou.

Ainda, exemplificou países mais endividados que o Brasil. “Eu lembro que, nos Estados Unidos, a dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) chegou a 120%. No Japão, chegou a 200%, e as economias continuam. Na Itália, chega a 170%, e as coisas continuam”.

Há quatro meses, Lula afirmou que a meta fiscal de 2024 não precisava ser zero e que o objetivo dificilmente será alcançado. “Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal a gente vai fazer. O que eu posso dizer é que ela não precisa ser zero, a gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para este país”, disse a jornalistas.

No mercado financeiro, a avaliação é que as discussões sobre o assunto no governo devem retornar em algum momento ao longo do ano, quando a necessidade de bloqueios se mostrar inadiável, o que pode gerar debates sobre a mudança da meta fiscal durante a execução.

O boletim Focus mostra que a mediana das projeções dos economistas consultados está em um déficit de 0,8% do PIB − marca que supera em 0,55 ponto percentual o limite de tolerância previsto no novo marco fiscal.