Renda fixa vai pagar menos? Veja rendimentos de R$ 1 mil e R$ 10 mil com novos impostos

LCI e LCA serão os maiores prejudicados, já que passarão a contar com tributação de IR

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Publicado em 13/06/2025 às 07:00h - Atualizado 10 minutos atrás Publicado em 13/06/2025 às 07:00h Atualizado 10 minutos atrás por Wesley Santana
Renda fixa é uma das categorias de investimentos mais seguras para quem quer aumentar patrimônio (Imagem: Shutterstock)
Renda fixa é uma das categorias de investimentos mais seguras para quem quer aumentar patrimônio (Imagem: Shutterstock)

Na última quarta-feira (11), o governo federal anunciou uma série de mudanças no rendimento dos principais títulos de renda fixa do mercado. As Letras de Crédito, por exemplo, deixaram de ser isentas de Imposto de Renda. 

💰 Neste contexto, muitos investidores começam a ter dúvidas sobre os novos rendimentos de suas aplicações. Por isso, o Investidor 10 detalha a seguir quanto deve render as aplicações a partir de janeiro do ano que vem.

A reportagem usou como simulação investimentos de R$ 1 mil e R$ 10 mil. Agora, independente da estratégia -se de curto ou longo prazo- esses investimentos passam a ter as mesmas incidências de Imposto de Renda.

CDB e Tesouro Direto

Quem prefere investir em títulos públicos e privados de curto prazo deve ser beneficiado pela mudança, já que essa estratégia deixa de pagar a alíquota mais alta da tabela, antes fixada em 22,5%. Todos os prazos passarão a arcar com IR de 17,5% direto na fonte, portanto, o ganho no curto prazo será superior.

Os dois exemplos a seguir, que consideram os papéis pré-fixados, valem tanto para os produtos emitidos por bancos quanto pelo Tesouro Direto. Isso porque as duas opções seguem o mesmo regramento de rendimento e tributação.

*Regra atualNova regraDiferença

Valor aplicado

R$ 1.000R$ 1.000-
Taxa de juros14% ao ano14% ao ano-
Prazo (em dias)180180-
Alíquota de IR22,5%17,5%- 5%
Valor finalR$ 1.055R$ 1.051+ R$ 4
GanhoR$ 55R$ 51+ R$ 4

Já para quem tem estratégia de longo prazo, a situação é inversa, considerando que o imposto para investimentos de longo prazo terá sua alíquota expandida. Aplicações que contam com vencimentos para acima de 720 dias, que hoje arcam com 15% de IR, passarão a pagar os mesmos 17,5%.

*Regra atualNova regraDiferença

Valor aplicado

R$ 10.000R$ 10.000-
Taxa de juros14% ao ano14% ao ano-
Prazo (em dias)1800 (5 anos)1800 (5 anos)-
Alíquota de IR15%17,5%+ 2,5%
Valor finalR$ 17.866R$ 17.634- R$ 232
GanhoR$ 7.866R$ 7.634- R$ 232

➡️ Leia mais: Fim do longo prazo? Governo quer tributar mais e mudar a forma como você investe

LCI e LCA 

No caso das LCI e LCAs, o governo retirou a isenção e fixou uma taxa de 5% sobre o rendimento desses títulos. Desta forma, também independente do prazo mantido, os investidores deverão pagar uma taxa adicional pelos seus rendimentos, conforme as opções pré-fixadas do exemplo a seguir.
*Regra atualNova regraDiferença

Valor aplicado

R$ 1.000R$ 1.000-
Taxa de juros12% ao ano12% ao ano-
Prazo (em dias)360 (1 ano)360 (1 ano)-
Alíquota de IR0%5%+ 5%
Valor finalR$ 1.120R$ 1.114- R$ 6
GanhoR$ 120R$ 114-R$ 6
Neste caso, também não há mudanças em relação ao prazo da aplicação, já que o IR de 5% incide sobre todos os investimentos, independentemente do tempo de manutenção. Na situação a seguir, um investidor deixará de ganhar R$ 381 sobre seus rendimentos. 
*Regra atualNova regraDiferença

Valor aplicado

R$ 10.000R$ 10.000-
Taxa de juros12% ao ano12% ao ano-
Prazo (em dias)1800 (5 anos)1800 (5 anos)-
Alíquota de IR0%5%+ 5%
Valor finalR$ 17.623R$ 17.242- R$ 381
GanhoR$ 7.623R$ 7.242- R$ 381

Vale a pena continuar no LCI e LCA?

Como se viu anteriormente, os rendimentos mais prejudicados com as mudanças serão as letras de crédito que passarão a pagar Imposto de Renda. Por isso, é importante avaliar se continua fazendo sentido optar por essas ferramentas de renda fixa que, no geral, pagam menos que os títulos públicos e privados no rendimento bruto.

A resposta para isso vai depender das novas taxas a serem aplicadas pelos bancos que emitem os LCIs e LCAs. E isso só poderá ser visto com claridade no começo do próximo ano, que é quando a nova regra entra em vigor.

A principal dica dos analistas é apostar nestes títulos ainda neste ano, garantindo que eles estejam sujeito ao regramento atual.  Muitos dizem que as instituições financeiras devem aproveitar esses últimos meses para colocar mais opções no mercado e, possivelmente, aumentar a taxa de juro paga.

“Acho que o mercado vai reagir, mas o investidor deve respeitar o seu tempo para investir e não correr”, afirma Patrícia Palomo, planejadora financeira certificada pela Associação Brasileira do Planejamento Financeiro (Planejar), em entrevista ao Valor. “Agora, caso tenha dinheiro disponível para investir e encontre bons emissores oferecendo remunerações atrativas, é uma boa hora para investir e aproveitar as distorções que podem vir”, diz.